segunda-feira, 1 de abril de 2013

Auto sabotagem


Ola meus queridos(as)

Eu ainda não apreendi, continuo criando expectativas que sempre levam a frustrações (com um adicto então é batata!). Tivemos uma conversa, no mínimo, esclarecedora pois se até então havia alguma dúvida, as coisas ficaram óbvias. A verdade é que não me sinto mais sua mulher, não há companheirismo, intimidade, carinho, respeito e nada disso esta relacionado com a doença. Engraçado, as coisas que ele fez para mim e o nosso pequeno quando estava na ativa eu, de coração consegui perdoar (pelo menos grande parte delas) mas a forma que ele vem se comportando ultimamente, limpo eu não consigo. Ele continua contra mim, sou eu de um lado e ele mais o resto do mundo do outro. Uma dinâmica esquisita, um clima denso. Fiquei esperando alguma reação dele...nada, anestesiado. 

Porém frequentando as salas sabemos que tal comportamento não é incomum, ver o dependente químico se voltar contra a pessoa que ele mais ama, culpando-a mesmo que inconscientemente. Posso entender o que esta acontecendo mas isso não significa que não machuque, né? Eu também sou gente e já passei do meu limite. Por carência acabei me colocando numa situação péssima, me senti usada, vazia...No fundo é falta de auto conhecimento, esse é o caminho para ter auto controle. Resumindo, eu me auto sabotei! Eu quis tanto que ele fosse esse companheiro, que enxerguei apenas o que queria nele, como disse uma sábia amiga podemos ter melhores escolhas quando vemos o DQ por outro ângulo, sem a paixão, que é como um véu sobre nossos olhos...É caiu o véu!

Deixei o I. com ele por 24 horas! Por dois motivos, primeiro porque achei importante que eles tivessem esse contacto pai filho, e segundo para ele viver na pele o que é cuidar do I.! Até que ele se virou, tirando as inúmeras ligações, entre mortos e feridos salvaram-se todos. Quando fui pega-lo na sexta fomos na praia (como nos velhos tempos), mas a alegria dos velhos tempos não estava presente...os velhos amigos estavam lá, o velho quiosque estava lá, o velho mar estava lá...mas nós, o velho casal não mais. Era um abismo gigante...e confesso que fiquei aliviada em deixá-lo no manicómio e sair correndo, respirar. O resto da sexta e o sábado foram ótimos na companhia da querida D. (muito colo de amiga), seu marido e as crianças. O tempo ajudou bastante, muito sol e calor. O I. se divertiu muito, brincou bastante, deu chilique (é ...eu preciso apreender a ter mais paciência), comeu mau...saiu totalmente da sua rotina. Aqui em Sampa, é da escolinha para casa, de casa para a escollinha...e de repente lá esta ele rolando na areia, entrando no mar, correndo solto pela praia! Preciso fazer mais isso com ele, infelizmente São Paulo não é a melhor cidade para se criar um pequeno mas enfim...por enquanto será assim, e sempre que possível daremos nossas fugidinhas! 

Não nos falamos mais até que lá estou eu na estrada voltando para SP, almoço de Páscoa com a família (já atrasada) e ele liga. Levo o maior susto, afinal de contas teoricamente ele teria voltado para a maravilhosa clínica na sexta para terminar o tratamento. Alo, você ainda esta em Peruibe? Não, estou na estrada. Minha mãe (ela estava internada em Santos) voltou para casa e queria ver o I. (porque não me ligou mais cedo? Eu teria dado uma passadinha lá antes de subir mas ele faz tudo errado)...Olha, eu não vou voltar para trás além de que estam me esperando para o almoço de Páscoa...Silêncio.
Então eu vou pegá-lo a noite em SP e traze-lo para minha mãe ver...O que? Não, estou dirigindo tchau.

Meu Deus, a ficha não caiu mesmo! Mais uma vez ele acha que eu vou parar tudo e fazer o que ele quer porque ligou do nada! Honestamente, se ele tivesse ligado cedo eu teria deixado o I. um pouquinho lá sem problemas mas já eram 11 e pouco da manha, eu na estrada e o pessoal me esperando para o almoço de Páscoa. Pera ai né? Não contente, ele disse que subiria para pegar o I. a noite e descer a serra com ele! O I. não tem nem dois anos, estávamos fora de casa desde quinta, descer e subir a serra cansa o pequeno...Não, ele vai dormir no berço dele hoje e amanhã tem escolinha. Puxa, esta difícil lidar com a insanidade. E certamente a família (dis)funcional deve estar falando até, o quão megera eu sou e blablabla...então utilizarei a famosa teoria do foda-se. Foda-se!




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