segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Meu professor de piano


Ola meus queridos(as)

Todos nós precisamos de novos projetos para nos reciclarmos, nos sentirmos vivos... Hoje, acordei determinada a volta a tocar piano! Faz séculos que não chego perto de um piano, o meu de calda (que ganhei num concurso décadas atrás esta empoeirando na casa da minha mãe; será difícil vendê-lo, vai partir meu coração MAS não tem como colocar um piano de calda aqui no nosso (aper)tamento, só se morar apenas o piano... e com o $ compro um, tão bom quanto, mais o que chamamos de piano de armário, talvez caiba).

Nunca fui uma pessoa muito artística, digamos que minha criatividade sempre foi limitada pela minha racionalidade, minhas piores notas no colégio sempre foram nas aulas de arte e educação física, é sério. Mas piano.... piano foi minha paixão por muitos anos, piano é dedicação, repetição, as partituras como equações, aonde as notas são variáveis, que gradualmente se unem numa melodia, contando uma estória.

Comecei como toda criança, lá pelos meus 8 anos com uma professora de bairro; lembro dela com carinho, seu sobrado cheirando a bolo de laranja (sempre tinha um bolinho para os alunos), as partituras amareladas espalhadas pela sala, o piano antigo, imponente ocupando seu lugar de destaque... e assim apreendi as notas musicais, a "ler" as partituras, as primeiras músicas, o romantismo dos prelúdios de Chopin, a erudição de Bach, a genialidade de Mozart, a chatice de Schubert (até hoje, não tem jeito, não gosto das suas composições), a intensidade de Rachmaninoff e seus concertos, a delicadeza de Debussy...  Minha mãe, percebeu meu genuíno interesse, e alugou um piano; e assim começaram horas e horas de prática diária. Quando eu estava de saco cheio, ia para o piano, quando estava contente, ia para o piano, quando estava com raiva, ia para o piano... ele era meu confidente, meu amigo, minha companhia de todos os momentos. E fui crescendo ao seu lado, as peças cada vez mais elaboradas e tecnicamente mais difíceis, até finalmente chegar na Marcha Turca de Mozart (é quase como escalar o Everest para uma pseudo pianista amadora como eu era)! Todo final de ano, a fofa da professora alugava um salão para o recital de final de ano dos alunos, todo mundo tocava alguma coisa, qualquer coisa (desde dos que não tocavam nada até os mais avançados); e aquele ano fui escolhida para fechar as apresentações com meus prelúdios de Chopin. E assim começou uma nova fase na minha vida, a professora fofa chamada Maria Lúcia me deu o telefone de um outro professor de piano, e disse que ela não tinha mais muito a me ensinar... E com lágrimas nos olhos me despedi dos seus bolos de laranja, e entrei no universo melancólico, dramático e esfumaçado do pianista aposentado A.

A. era velho, solteirão, dedos amarelos (era capaz de fumar 10 cigarros em menos de uma hora), um olhar triste mas INTENSO, tinha sido aluno da mais famosa pianista brasileira na época, Magda Tagliaferro, foi concertista, morou em Paris... E morava num apartamento entulhado de coisas velhas, as poltronas eram de um veludo desbotado, as paredes cobertas de posters antigos de recitais, um tapete que nunca viu a luz do sol, um cheiro de cigarro impregnante, e ocupando toda a sala, seu majestoso piano de calda Steinway! Tínhamos aula três vezes por semana, cada vez que entrava naquele elevador de manivela do seu prédio na Praça Rosevelt parecia que estava entrando numa cápsula do tempo. Ele era extremamente exigente, quando cheguei para uma aula com a mão enfaixada (pois tinha deslocado meu dedo jogando basquete) achei que ele iria me matar, foi categórico, largue o basquete ou o piano. Disse, teremos um concurso para pianistas amadores na biblioteca municipal, o prêmio, um piano de calda novíssimo Steinway e uma bolsa de estudos para ser aluna no conservatório brasileiro de música, já inscrevi você, temos três meses para preparar a peça, será Bach. Ah... para tudo!

Eu tinha 16/17 anos, estava me preparando para o vestibular, não conseguia mais passar 6 horas em cima de um piano, e muito menos me via uma concertista profissional (eu queria ser oceanógrafa)! Acho que ele projetava em mim o sucesso que ele teve no passado, e se alimentava disso; como se eu fosse algum aluno prodígio. Mas abracei o concurso com todo meu coração, foram inúmeras, infindáveis madrugadas praticando, praticando e praticando até meus dedos sangrarem. E durante meses eu apresentava a peça ao A. e ele com seu olhar enigmático repetia, falta alma, falta alma... técnica só não basta.

Chegou o dia da apresentação, entrei na biblioteca municipal tremendo, vestindo minha calça jeans e meu tesouro em baixo do braço, minha partitura Toca e Fuga em Ré menor de Bach que me acompanhou por meses (só por segurança, pois sabia de cor e salteado a peça). Ele me aguardava com duas caixas; são para você, se vista (porque, estou pelada por acaso?) e arrume esse cabelo; estarei na primeira fileira da platéia, boa sorte e não fique nervosa senão as mãos vão suar e escorregar no teclado. E assim ele foi, enquanto eu abria a primeira caixa e um sapato lindo de salto alto estava lá dentro, a segunda um vestido preto clássico, de magas longas, comprido de seda, com um decote bem sexy (para época) nas costas... Fiquei pasma!

Quando chamaram meu nome, subi naquele palco vestida como uma concertista, agradeci a platéia, tentei não olhar em direção nenhuma, sentei naquele piano lindíssimo e simplesmente toquei, quase em transe, mal escutei os aplausos quando enlouquecida, terminei de tocar a última nota. Levantei, e lá estava ele, em pé, aos prantos... Bravo, bravíssimo. E todo o auditório.

Ganhei, ganhamos; e no dia seguinte lá estava meu piano sendo entregue em casa! Toquei nele o dia inteiro, sem parar. Passei no vestibular, decidi ir para a federal no Rio Grande do Sul estudar oceanografia, e chegou o momento de dizer a ele que não aceitaria a bolsa no conservatório, e estaria me mudando para o sul...

Foi a última vez que o vi, não sei se quebrei seu coração, mas uns meses depois minha mãe me avisou que ele tinha infartado e morrido. Fiquei anos sem encostar num piano, mas chegou a hora de voltar a tocar, talvez, até para que ele me escute tocando novamente, sentado na sua poltrona surrada, com  seus olhos fechados, sendo transportando para outro universo enquanto a cinza do cigarro cai no tapete... meu professor, que me ensinou a ter alma!





domingo, 30 de agosto de 2015

Abuso


Ola meus queridos(as)

O Caiçara continua insistindo, querendo MAIS uma chance, sente a nossa falta, me ama, esta sofrendo e blablabla... Olha, daqui a pouco nem mais atendo suas ligações (e a cobrar), pois não tenho mais paciência para escutar a mesma estória e acabo sendo rude. Honestamente, acho que ele ainda não entendeu a dimensão da sua doença, e que EU não faço mais parte da sua vida e ponto final. Mas eu vou lutar por você e blablabla... tudo bem, vai nessa, faça o que você quiser, contando que seja BEM longe de mim neste momento (e se chegar perto eu chamo a polícia)! E só para lembrar, você não me ama, você ama a droga, e só esta falando comigo agora no telefone porque não tem um tostão furado no bolso senão eu saberia exatamente onde você estaria, e você também, na biqueira; então não enche o meu saco. Olha como fui, no mínimo, desagradável... 

Conversei com a única pessoa que eu escuto na minha vida, meu pai, ele sempre soube metade da estória (que ele é DQ, as internações porém nada mais detalhado, nunca achei necessário colocá-lo nesta situação, além da vergonha, né? A filhinha gênio dele metida num absurdo deste... não faz parte do nosso mundo). Ele foi categórico: ligar para nosso advogado amanhã; entrar com um "restraining order" (sei lá como chama isso em português, mas ele não pode chegar perto de mim ou do I.), pedido de guarda do I. sem direito a visitação (já que ele não paga nem nunca pagou pensão mesmo), testes toxicológicos e psicológicos atestando sua incapacidade parental e, finalmente, a longo prazo (pois o processo é complicado) perda dos seus direitos paternais (ou seja, ele deixa de ser pai do I.). Uh... achei meio radical essa última parte, mas as outras medidas judiciais, concordo plenamente e já estão sendo providenciadas... Meus queridos, a insanidade só escala e não diminui, senti medo, muito medo pela minha segurança física (péssimo dizer isso mas é verdade e não tenho o porque esconder nada de vocês). Acredito que ele não tomou nenhuma atitude mais drástica pois sabia que a segurança do prédio não deixaria ele entrar, fizesse chuva ou sol... É o que disse anteriormente, não menospreze uma pessoa desesperada com sei lá eu quantas pedras de crack na cabeça. 

E você, minha querida, se esta vivendo isso agora já, coloque um ponto final nisso. Não se permita sofrer esse abuso, que seja físico ou psicológico; se houver crianças envolvidas então, CORRA! Busque abrigo seguro, acredite, por mais escura que seja a noite, o sol sempre irá nascer amanhã! Mas você tem que se permitir, se dar o direito de ver o amanhecer e sair da eterna escuridão...

Gostaria de poder abraçar cada um de vocês, chacoalhar cada um de vocês e sussurrar gentilmente, se olhe no espelho, talvez o que você veja NÃO é quem você vê, esse trapo humano NÃO é você, esse ser sem esperança, NÃO é você... você é único, lindo, especial, e merece ser abraçado e amado! E de alguma forma muito especial, amo todos vocês que me ajudaram a olhar no espelho e ver além. 







iPad


Ola meus queridos(as)

Domingão tranquilo, encontro do clã no clube, meu pai, irmão (acho que nunca mencionei mas tenho um meio irmão na faculdade, é do segundo casamento do meu pai; um fofo mas não temos muito contato), minha irmã com o marido e os meus dois sobrinhos e o I. literalmente tocando fogo! As vezes é complicado, ele queria porque queria ir na piscina, não dá I. você esta com otite... senão vai piorar, e semana que vem não tem natação... ele entendeu? Claro que não, e quando ele se jogou no chão pela décima vez chamei um taxi, quis cavar um buraco (enquanto meus dois sobrinhos, um de três e outro de sete anos simplesmente sentadinhos, fixados nos seus respectivos iPads, comportados mas em outro mundo) e sai correndo! Deveria ter levado o iPad também? Que meleca... não sei. 

Por algum tempo controlamos a situação, eu e meu super pai revezando os turnos olhando ele no parquinho, enquanto eu terminava meu badejo ao molho de ervas, meu pai balançava o I.; enquanto meu pai devorava a rabada com agrião (não, meu pai não faz o gênero light MESMO) eu segurava o I. no trepa-trepa... e assim conseguimos sobreviver algumas horas, e até tomar umas cerveja.

Mas porque estou escrevendo tudo isso? É apenas uma reflexão, domingo no clube é dia das famílias; 80% das crianças que não estavam na piscina, ou estavam devidamente sentadas com seus iPads ou iPhones no restaurante, ou estavam dormindo num carrinho de bebê. Observei meu sobrinho mais velho, assim que terminou de comer, devidamente assessorado pela minha irmã, ligou o iPad e não soltou mais... não deu mais uma palavra, não interagiu com mais ninguém; poderia estar no sofá de casa ou no Tibet, não faria a mínima diferença. 

Sei que o I. esta fora da curva, senão não pagaríamos uma micro fortuna de psicóloga, né? Mas são nestes momentos que me questiono. Claro que o caminho mais fácil é levar o iPad, colocar num joguinho qualquer e tranquilamente almoçar, sem me preocupar se ele esta sentando ali do nosso lado ou em Marte. É o mais fácil... é o certo? 

Resumindo, o certo é sempre mais difícil... e precisamos estar preparadas para chamar um taxi e sair correndo a qualquer momento quando passar do limite, e você estiver beirando a insanidade pois sua paciência acabou!

P.S: Não tem fórmula mágica, mas ainda prefiro que o I. toque o puteiro, me tirando do sério e ESTAR presente do que ficar sentando como um robô, alienado, simplesmente interessado numa tela touch screen enquanto tanta VIDA acontece ao redor dele.



quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Desfecho


Ola meus queridos(as)

Estou me sentindo mais segura e tranquila, não precisei chamar a polícia e mais uma vez o santo J. subiu a serra para resgatar o Caiçara, e para lá ele voltou (ou seja, posso entrar e sair da minha casa sem me preocupar)... O que posso dizer? Boa viagem. Mas confesso que fiquei com medo, pela primeira vez, que ele realmente fizesse algo contra mim ou o I. (até liguei da escola e retirei o nome dele da lista de pessoas autorizadas a pegar o I. depois da aula). É quase como se fosse um terrorismo, alias não deixa de ser um terrorismo psicológico.

Claro que ele ligou, atendi uma única vez e fui clara, ME ESQUECE! Quando ele começou, me traiu na cara larga e blablabla simplesmente desliguei. Eu não tenho que dar satisfação da minha vida para você, nem ninguém! E assim um enorme peso se levanta das minhas costas, pois hoje eu sei o quanto o carreguei... Também sei que em algum momento teremos que conversar, afinal de contas temos um filho juntos, mas não agora, nem amanhã... algum dia.

Hoje foi dia de faxina, literal e metafórica; a babá/pau para toda obra chegou desmontando a casa bem cedo, eu inspirada, resolvi fazer uma faxina interior; tirei o pó de alguns sonhos esquecidos, abri algumas gavetas que estavam fechadas a anos, joguei algumas caixas pesadas e cheias de sentimentos inúteis fora... e estou pronta para recomeçar!

O que posso dizer à vocês meus queridos? Que acabou, de uma forma, no mínimo desagradável, pouco amigável MAS acabou. Não existem contos de fada, menos ainda quando a droga esta presente. Óbvio que esperamos que as coisas se resolvam e tenham um final feliz, ou que pelo menos elas acabam de uma forma civilizada... dificilmente é o caso. Se você esta passando pelo que eu passei, confesso, não tenho nenhum gigante conselho ou palavras de sabedoria; vocês que acompanham as melecas que escrevo e vivi nesta caminhada, sabem o que é preciso fazer para tomar as rédeas das suas vidas de volta, eu sempre soube, MAS aquela esperança, aquela mais uma chance... acabava nos fazendo refém de um amor que adoeceu faz tempo. Cada um tem sua estória e essa é a minha!

Continuarei por aqui, afinal de contas esse cantinho é nosso, é aonde posso colocar o que sinto e penso de uma forma mais organizada e objetiva; e espero poder continuar contribuindo para dias melhores a todos, com meus acertos, meus erros e minhas estórias!

Amo todos vocês, de coração!

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Carta de alforria


Ola meus queridos(as)

Ele sempre (re)entra minha vida nos momentos mais críticos, quase como divisores de água... (não que em algum momento ele tenha saído da minha vida, somos como o ciclo lunar; a Lua orbita ao redor da Terra, em alguns períodos a Lua se afasta, em outros se aproxima da Terra mas sempre unidos pela Lei Gravitacional). Quem é a Lua e a Terra nesta dança cósmica eu já não sei, acho que invertemos os papéis de tempos em tempos. 

Mais uma vez na minha vida, consigo colocar um ponto final em algo que se estendia (apesar da decisão já ter sido tomada) simplesmente com a sua presença, sem muitas explicações ou palavras. Quase como se ele fosse a última peça do quebra-cabeça que faltava, fortalecendo sua decisão e encorajando sua alma a seguir em frente; assegurando que tudo vai ficar bem. 

Quando me divorciei do meu primeiro marido, foi assim; quando me divorciei do meu segundo marido, foi assim.... e agora o "divórcio" do Caiçara (pelo menos essa insanidade eu não cometi, nunca nos casamos). Ele não é, nem nunca foi a causa de nenhum dos divórcios, simplesmente a "gota" de água que faltava para colocar a decisão em ação, aquele empurrão necessário para movimentar as peças do jogo, a rajada de vento que faltava para a pipa (já pronta) voar, aquele abraço que faltava...

Quando ele chegou (deixei a porta aberta) e escutei sua voz me chamando, eu sabia que não haveria volta, quando ele bateu na porta do banheiro enquanto eu tomava banho, eu sabia que não haveria volta; quando ele me beijou gentilmente e me abraçou como um polvo, eu sabia que não haveria volta; quando ele olhou para dentro de mim e sorriu, eu sabia que não haveria volta; quando ele sentou na mesa do jantar e perguntou como foi meu dia como se fossemos um velho casal, eu sabia que não haveria volta; quando ele me segurou pela cintura e disse que o tempo só me deixa mais bonita (eu já de pijama e descabelada), eu sabia que não haveria volta; quando ele cuidadosamente abriu a porta do quarto do I. para espiar ele dormindo, eu sabia que não haveria volta; quando simplesmente chutei o balde, e me entreguei à ele de corpo e alma madrugada adentro, eu sabia que não haveria volta... quando acordei de manhã em seus braços de urso, eu sabia que já não havia volta... Quando caminhamos juntos essa manhã levando o I. para a escolinha (mesmo ele correndo o risco de perder seu vôo, mas fez questão de nos acompanhar), mãos dadas nós três atravessando a rua, o ar mais doce, risadas, o friozinho aconchegante, abraços, o café quentinho, a intimidade e carinho de décadas (ou séculos)... finalmente eu soube, eu estou alforriada! 

Não sou mais escrava dessa doença... não sou mais refém dele, mas precisei que esse meteorologista doutor em tempestades severas (é o título dele mesmo), me mostra-se a calmaria... e a liberdade de simplesmente SER feliz nas pequenas e tão importantes coisas da vida!

P.S: A palavra "alforria" tem origem no árabe al-furriâ, que significa "liberdade".

P.S.S: Alguns de vocês devem estar se perguntando se eu o amo...eu o amei, o amo, e sempre amarei (ele é aquele espírito que reincarna comigo à décadas...). E vice-versa, mas se ficaremos juntos são outros 500... Alias, isso é irrelevante, pois sempre estivemos juntos e sempre estaremos pela eternidade! 

FUI!!!!!!


Ola meus queridos(as)

E como previsto pelo oráculo, em menos de 24 horas... a famosa caixa postal! Quando você acha que já viu tudo... recaída the flash, deveria entrar no Guinness, o livro dos records, como a recaída mais rápida da estória. 

Na verdade eu acabei ligando apenas para avisá-lo de uma entrevista de trabalho (provavelmente ele deixou meu número como contato), nada mais. Enfim, minha teoria do ciclo esta devidamente comprovada. Porém, não tenho tempo para ficar elucubrando em que buraco ele se meteu desta vez...

Recebi uma visita (relâmpago, infelizmente) de alguém muito especial que me fez lembrar como é bom ser cuidada com carinho, ser tratada com respeito; apenas aproveitar a companhia um do outro, uma noite tranquila, um jantar gostoso... sem dramas. Estou chegando a conclusão, puramente baseada nas minhas experiências, que é impossível ter um relacionamento saudável e "normal" com um dependente químico. Sei que temos exemplos de relacionamentos estáveis com DQ em recuperação e blablabla... Mas queridas, honestamente, eu não conto mais com isso.

Enquando ele se fode fumando pedra, eu fodo gostoso (acho que essa é minha carta de alforria, elaboro melhor depois)!!!! FUI!!!!!!!!

P.S: Atualizando, claro que apareceu a margarida. Pedindo ajuda e blablabla... escutou um sonoro NÃO! E no presente momento encontra-se acampado na porta do meu prédio (claro que avise lá em baixo que ninguém sobe). Assédio total, insanidade max plus advanced (como diz a Kel). Como já sou cliente da PM de São Paulo, talvez dê uma ligadinha para meus novos amigos da lei.

Brincadeiras a parte, o que quero colocar a vocês, não subestimem um pessoa desesperada sob o efeito de drogas, CUIDADO, muita cautela e NUNCA meus queridos, NUNCA se coloquem em situação de risco. Parece coisa meio de filme hollywoodiano paranóico, até ele literalmente esmurrar a porta do meu apartamento e agora estar fazendo tocaia na entrada do meu prédio, também achava que era coisa de novela.

Mas nada vai estragar meu bom humor, acordar do lado de alguém que vê e prevê o melhor em tudo!!! Previsão do tempo: céu ensolarado. Status civil: solteira. Objetivo: paz. Comida favorita: phad thai. Cor: azul. 

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Um café pode mudar tudo


Ola meus queridos(as)

Foi no mínimo complicado, mas chegou a segunda feira... e o momento dele ir. Claro que ele fez todas as caras e bocas da face da terra, tentando me fazer me sentir mal, no fundo comecei a me sentir mal, como se ele estivesse me constrangendo com a sua tristeza (não sei o que é pior). Tivemos uma última conversa, fui categórica, nos vemos no final de semana; e assim ele foi.

No meio da tarde estava meio pensativa, e que surpresa! Meu pai, o indivíduo mais ocupado da face da terra (talvez mais que o Obama, sério!) me liga, onde você está? Em casa pai, acabei de chegar. Então desce, estou na porta da sua casa, vamos tomar um café na esquina (não que eu não goste do seu café mas é a pressa mesmo, disse ele muito gentilmente). Meia hora com meu pai vale mais que uma eternidade com outras pessoas, apenas a sua presença, seu carinho, sua sabedoria foi suficiente para me encher de vontade, de energia, de coragem para lutar e viver mais um pouco, mais um muito!   Acabar com a minha tristeza momentânea, me trazer de volta para o que realmente importa, e iluminar meu dia, até então, cinzento. Quando conversarmos, é tudo tão simples, tão leve... viver fica fácil do lado dele (e não é porque SUA vida seja fácil, mas ele simplesmente não complica; nunca me esqueço do seu maior ensinamento: existem dois tipos de problema, o que você pode resolver e o que você não pode, o que você não pode resolver deixa de ser um problema). 

A casa ficou mais vazia, mais tranquila, menos bagunçada, menos caótica; e voltamos a ser eu e o I.. Eu gosto assim, desculpem as pessoas que não conseguem morar sozinhas, eu vivo muito bem assim (e depois que o I. nasceu eu nunca mais estarei sozinha, nem que eu queira!). Dividir sua vida com alguém requer dedicação, renúncia, confiança; é como dançar tango, o par precisa dedicar horas e horas treinando, senão cada um vai para um lado, descompassado e pisa no pé do outro. E, ao invés de ser um balé, vira uma luta livre.

Eu não estou disposta a viver com ninguém neste momento, pode parecer solitário MAS não é solidão. Precisamos apreender a viver com nós mesmos primeiro antes de vivermos com os outros. 

Ultimato


Ola meus queridos(as)

Estendi minha hospitalidade ao limite, dei um ultimato, pode ficar o final de semana mas segunda quero começar minha semana sem a sua presença aqui. Primeira reação sua (o injustiçado), irritado gritou que se eu quisesse ele iria embora hoje, agora, já. Se você gritar mais uma vez é exatamente isso que vai acontecer! Segunda reação (a vítima), mas eu não tenho para onde ir, fiquei sem emprego e blablabla... problema seu, eu não tenho nada com isso, se vira (pensei comigo, você faz as suas merdas e sobra para mim), você tem até segunda. Terceira reação (caiu a ficha), mexeu sua bunda e ligou para a pensão onde morou anteriormente e conseguiu uma vaga e se muda segunda.

Pombas, tudo isso é um desgaste tremendo para mim, literalmente ter que confrontar desta forma. Acho que um grande problema meu é sempre contar com o bom senso alheio, que nem todo mundo tem. Sabe aquele convidado inconveniente que fica até você indelicadamente mandá-lo ir embora pois a festa já acabou e todo mundo (menos ele) foi embora? Esse é o Caiçara. Eu odeio dar uma de "louca", mas ultimamente a única forma que ele escuta é quando coloco as coisas de uma forma "desagradável"... Se dependesse dele, ele continuaria morando aqui à de eterno!

Acredito que essa minha atual irritação esteja relacionada com tudo isso também, quando entrei no banheiro outro dia e a tampa do vaso sanitário estava levantada quase o joguei pela janela! Quando cheguei em casa e a terceira guerra mundial tinha estourado na minha cozinha, fiquei com vontade de mandar ele lavar a louça com a língua (só não mandei porque o kibe de forno que ele fez para o jantar estava divino)! Quando fui tomar banho e minha toalha estava molhada porque ele usou antes, minha vontade era de enforcá-lo no chuveiro! Quando vejo ele esparramado no meu sofá tomando cerveja, minha vontade é de afogá-lo na pia! Quando ele reclamou que a empregada deixou os panos de chão de molho na máquina de lavar e manchou sua bermuda, minha vontade era estrangulá-lo com minhas próprias mãos! Bom, colocando desta forma, esta mais do que claro o quanto tudo isso esta me irritando, essa invasão de espaço esta realmente me tirando do sério, beirando a um homicídio! No fundo fazem semanas, meses que eu espero que ele tome a iniciativa, respeite minha decisão, e se mude... Poderia ser uma transição tranquila, mas com ele NADA nunca é tranquilo...

Porque me permito ser refém na minha própria casa? Chega de achar que estou ajudando, pois estou me prejudicando. Lembrando um dos jargões: Eu primeiro, eu segundo e na dúvida, eu terceiro! Talvez eu esteja precisando dar uma lapidada na programação e voltar para o grupo...

E assim reconquisto meu território, reivindico meu lar novamente e minha paz... (e espero não matá-lo até segunda feira). 

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Ovo virado e frito


Ola meus queridos(as)

Sabe quando você acorda de ovo virado? Do lado errado da cama? De saco cheio de tudo e todos? Ai você para e pensa, bom, deve ser a boa e velha TPM chegando... mas lembra que menstruou semana passada (logo não pode ser). Calma, vamos racionalizar, nenhuma catástrofe aconteceu, seu filho esta bem e feliz na nova escolinha (até voltou a comer bem, e por BEM digo até chuchu com abobrinha e moela), você conseguiu uma consultoria que vai pagar um bom dinheiro (o que neste momento de crise é muito bem vindo), os dias estão ensolarados (mais muito secos... não dá para ter tudo, né?); ou seja, nada fora da rotina. 

Mas uma gigante irritação toma conta de você, uma insatisfação oceânica, e ao invés de assassinar alguém você prefere hibernar na sua cama?!!! Uns meses atrás procurei minha ginecologista, fizemos uma batelada de exames pois suspeitei que estava chegando na menopausa (um pouco cedo para isso, mas queria descartar essa possibilidade), não é hormonal. Que pena, se fosse, seria mais fácil de resolver... É a cabeça mesmo... Outro dia vi a Bibi Ferreira, com seus 95 anos, estreando um novo show aonde canta Frank Sinatra e fiquei, no mínimo impressionada. Numa entrevista ela disse que tem uma ótima saúde e que sua cabeça é simples, ela não fica minhocando muito e faz o que tem que fazer e ponto final. Uh... simples. Talvez seja a chave, a simplicidade do "ser". Mas como ser simples nesta complexidade neural? Estamos sempre, independentemente de quando ou como, pensando em alguma coisa, parece que não conseguimos desligar da tomada (ou eu pelo menos).

E olha que não sou uma pessoa inquieta ou agitada, os que me conhecem até brincam com minha "falta" de pressa para nada, tudo é para amanhã, ou semana que vêm (ai entra minha procrastinação clássica, mas faz parte de quem eu sou mesmo; resolver eu resolvo, se não precisa ser hoje... então amanhã é um bom dia também!). Pequeno exemplo, tivemos o tal plantão dos uniformes na nova escolinha do I., três dias em horários diferentes para acomodar todos os pais, não fui no primeiro dia, ah...deixa para amanhã, puxa mas o horário é ruim, vou no último dia quando descubro que posso comprar tudo pela internet e eles entregam na escola mesmo, pronto resolvido e nem precisei ir até lá! Eu sei, nem todo mundo vai entender esse "jeito" de ser... mas o resultado final, temos os uniformes comprados, pronto resolvido.

Porém essa postura externa tranquila nem sempre esta em sintonia com o interior, que borbulha, ferve e as vezes acaba até fritando o ovo virado, e ai, sai da frente! Hoje sobrou para Deus e todo mundo (menos o I., ele tem uma arma poderosa que me desarma, seu sincero sorriso e bilhões de beijos de "bebê" gatinho....miau.......). 

domingo, 16 de agosto de 2015

Naufrágio


Ola meus queridos(as)

Vivi uma situação, no mínimo, constrangedora; daquelas que você só vê na periferia ou na novela (olha o preconceito meu, MAS não estou habituada a vivenciar isso por aqui). Fiquei totalmente sem opção, principalmente quando ele começou a literalmente esmurrar a porta do meu apartamento, passando de qualquer limite aceitável... Obrigada eficiente polícia de São Paulo, eles chegaram rapidinho, e quando o Caiçara percebeu mais uma vez que eu não estou brincando, saiu por livre e espontânea vontade do prédio (ou ia escoltado mesmo). Péssimo... ainda bem que o I. estava no décimo sono e não presenciou essa cena lastimável.

Dormiu na rua, deu uma de louco, pediu demissão do trabalho, vou embora para Peruíbe, mudou de idéia MAS já era tarde... Óbvio que o chefe não quis nem saber, honestamente, se eu fosse ele faria a mesma coisa, como manter uma pessoa totalmente instável assim como empregado? E o melhor da estória, agora a culpa é minha pois eu coloquei ele para fora e chamei a polícia! Será que não fiz isso devido ao seu comportamento descontrolado e abusivo? Não, claro que não... a culpa é minha, do mundo MAS nunca dele. Eu gosto de colocar as pessoas para fora da minha casa e chamar a polícia por esporte mesmo, é bem bacana! Adoro um barraco, sabe? Me poupe, né?

Quando o indivíduo vai se responsabilizar pelos seus atos e comportamentos?!!! Do jeito que a banda toca, nunca...  Ele só ligou um bilhão de vezes no dia seguinte (devida ter escutado o conselho da super babá que falou que ele iria infernizar até conseguir e o melhor que eu podia fazer era sair de Sampa por uns dias), até que acabei cedendo (MERDA), no fundo fiquei com pena, é bem isso, pena... E voltei lá atrás na minha programação  (mais uma MERDA), regredi e deixei ele voltar por uns dias até achar um lugar para ficar ou voltar para praia MAS enfim, aqui você não fica mais. 

São nessas situações que me questiono, o quanto faço algo que não queria (pois eu NÃO queria recebê-lo aqui de volta depois disso) porque minha codependência ainda esta dormente e surge nestes momentos, ou genuinamente é aquele amor ao próximo e não deixar o cara na rua sem eira nem beira, sempre justificando que ele é o pai do meu filho? Difícil a distinção... Talvez seja os dois meio misturados, mas de uma coisa eu tenho certeza, se ele NÃO fosse o pai do I. eu já teria mandado ele catar coquinho no asfalto. 

Puxa, como é esclarecedor colocar as idéias no papel (ou no blog); acabei de explicar a mim mesma o que ainda me mantêm junta à ele, o fato dele ser pai do I. e eu querer muito que ele tenha um pai... Maluco, mas faz todo o sentido do mundo! E porque eu quero muito que o I. tenha um pai a qualquer custo (talvez porque eu tenho um MARAVILHOSO, e todo mundo deveria ter um igual)? Uh... talvez no fundo eu me sinta culpada por ter escolhido tão errado... Meu pai mesmo, na época sugeriu, de uma forma extremamente racional, que "comprar" um esperma num banco seria melhor se eu quisesse um filho... Pode parecer cruel MAS certamente hoje, as coisas estariam mais tranquilas e decididas. 

E ai me pergunto, ele realmente é um pai para o I.? Bom, não conto com ele financeiramente para NADA, ou seja, se depender dele meu filho não tem nem roupa para vestir, ou seja, no papel de pai provedor, ele esta reprovado. No papel de pai cuidador, aquele que dá banho, comida, leva na escola, tenho que ser justa, e sim, ele esta aprovado (mas a estrutura já esta montada, então é mais simples dar banho sendo que a toalha esta la, o shampoo, a água, levar na escola porque ela já esta paga também etc...). O papel de pai educador.... tenho minhas dúvidas ai, ele é muito inconsistente nas suas posturas (as vezes pode, as vezes não pode e isso confunde muito a cabecinha de uma criança), as vezes é rígido quando não precisa (alias ele esta proibido de levar a mão para ele, ninguém bate no meu filho), não sabe conversar quando necessário mas é carinho com ele, não posso negar. Estou apenas dissecando algumas facetas do que é ser pai, claro que nenhum pai é perfeito (tirando o meu...) da mesma forma que também não sou uma mãe perfeita... Apenas pontuando algumas coisas importantes do universo paternal que possam me ajudar a entender melhor.

Mas acho que a pergunta é, mesmo que ele fosse um pai maravilhoso para o I. seria isso o suficiente para continuarmos juntos? Meio óbvio meus queridos... até quando eu vou continuar tirando baldes e baldes de água desse barco fadado ao naufrágio (e o pior, esse barco nem é meu)? 





quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Ele que prevê o tempo e o meu coração


Ola meus queridos(as)

Estou pensando seriamente em me mudar, mas não apenas uma pequena mudança MAS uma grande mudança, de estado, de país, de continente. Valorizar quem me valoriza... quem espera por mim a anos, a vários anos. Sempre nos encontramos e nos despedimos por várias décadas, em inúmeras situações e épocas das nossas vidas, aqui em São Paulo num verão abafado e seco quando estudávamos equações diferenciais comendo pizza e tomando cerveja, no Grand Canyon durante o começo do outono, quando os primeiros flocos de neve caíram inesperados e já sabíamos derivar qualquer equação de cor e salteado... e sabíamos um pouco mais que isso, mas não o suficiente! Na Itália, quando as colinas floresciam na primavera e só o que eu queria era comer macarrão e esquecer meu casamento que desmoronava... e talvez nós já soubéssemos demais. 

Ele foi alguém que amei e mais uma vez, deixei num aeroporto qualquer também... mas ele nunca desistiu de mim, de nós até hoje. Em todos os momentos mais difíceis e complicados da minha vida, de uma forma ou de outra ele esteve presente, e mesmo com o passar dos anos, sempre nos escutamos, nos procuramos... nos respeitamos e, acima de tudo, nos consideramos, e nos amamos silenciosamente aguardando o momento de ficarmos juntos (ou não)... 

Ele era tímido, longe do típico carioca malandro, dedicado aluno de mestrado em meteorologia, e nos conhecemos do nada, numa viagem ao litoral organizada por uma ex-professora minha do sul que fazia doutorado no IAG (Instituto de Astronomia e Geofísica) e eu no IO (Instituto Oceanográfico), éramos irmãos, o IAG e o IO. Na divisão dos carros, ele acabou no meu (justo eu que hoje não dirijo nem com reza brava), e fez alguns comentários sobre como eu dirigia bem... Uh... depois entendi, ele adorava(adora) fórmula 1. Reparei nele, guardei para mim, e durante os dias na praia NADA. Confesso que investi, mas ele era reservado, à moda antiga mesmo, e ficamos bons amigos apenas.

Mas a convivência, o amor pela ciência nos uniu, e ninguém no campus da USP via um sem o outro, não por carência, mas por unidade mesmo, éramos uma dupla dinâmica (de fluidos geofísicos) , a oceanógrafa e o meteorologista! Foram tempos preciosos, mas chegou o momento... fui fazer meu doutorado no Hawaii (e casei) e ele em Oklahoma, boa viagem! Ao longo dos anos mantivemos contacto, as vezes constante, as vezes esporádicos... Até um dia em Phoenix, quando nos encontramos, e desta vez, simplesmente esquecemos tudo e todos e nos amamos, sem amarras, sem passado, sem futuro, apenas o presente nos observando a beira daquele canyon gigante, nos lembrando a beleza de ser, o céu estrelado do deserto, a imensidão do horizonte. E fomos, um só, frente aquela formação geológica imensurável, atemporal, única e prometemos nunca mais nos separar! Mas nos separamos novamente... Chorei enquanto embarcava naquele avião, mas minhas lágrimas me deram força para fazer o que precisava. Quando coloquei meus pés no Hawaii a primeira coisa que fiz foi pedir o divórcio. E mais uma vez ele esteve do meu lado, nem que fosse a milhas de distância, mas sua amizade, seu carinho estava lá, nas minhas noites mal dormidas, meus dias tortos, e assim mais uma vez prometemos ficar juntos! 

Ele já tinha voltado ao Brasil e assumido uma posição de docente numa universidade federal, e eu acabei casando novamente nos USA e não voltei como o combinado (pois é, nem tentem entender porque hoje, colocando assim nem eu entendo), ele sofreu muito (sem demonstrar) mas continuamos nos falando. Ele foi para Europa num pós-doc, eu fui para Europa num congresso e mais uma vez nos encontramos... sem querer, e desta vez me perdi na Toscana, com suas vinhas centenárias, campos de trigo extensos dourando as paisagens, castelos medievais embutidos de séculos de história, museus com as coleções de arte renascentista mais impressionantes, e sua sempre objetiva previsão do tempo. Ele me conhece, ele sabe quem eu sou, não existem segredos entre nós, ele não precisa de nenhum modelo número para prever meu coração... ele sabe, sempre soube quem EU sou. 

E depois de tantos anos de tempestades, ele ainda prevê dias ensolarados para nós dois!!!! Ou melhor, nós três, pois ele adora o I.! 


Ciclos


Ola meus queridos(as)

Pegando o gancho de uma querida companheira que postou sobre os famosos "ciclos", resolvi elaborar um pouco sobre eles... O grande ciclo de todos começa quando nascemos e termina quando morremos  (ou desencarnamos, ai cada um acredita no que quiser), é o ciclo da vida, e dentro deste grande ciclo vários outros vão se acrescentando, o ciclo da infância, o ciclo da adolescência, o ciclo da faculdade, o ciclo do namoro, o ciclo do(s) casamentos (no meu caso), o ciclo dos ganhos, o ciclo das perdas, o ciclo de crescer, o ciclo de regredir, o ciclo de apreender, o ciclo de questionar, o ciclo de aceitar, o ciclo de construir, o ciclo de destruir, o ciclo de admirar, o ciclo de decepção, o ciclo de entender, o ciclo de (des)entender, o ciclo de gritar, o ciclo de silenciar... Todos eles são ciclos, ou seja, eles começam e terminam em algum momento, podendo se repetir ou não.

Temos o ciclo menstrual, o ciclo solar, o ciclo de Krebs, o ciclo do carbono (e outros vários elementos, como hidrogênio, enxofre, nitrogênio etc...), o ciclo lunar (e de vários outros satélites ou planetas), o ciclo hídrico e trilhões de outros ciclos que podemos identificar, quantificar e entender; sabendo que eles irão se repetir no próximo mês ou na próxima era glacial.

Alguns ciclos são cíclicos.... eles não começam e terminam, e sim são cíclicos como a dependência química. Cada um destes ciclos são únicos no seu período mas CÍCLICOS, ou seja, eles continuarão ocorrendo... dentro de um período, 6 meses, 1 ano, 5 anos, 10 anos, 15 anos, 20 anos e por ai vai! Bom, agora metade das pessoas que lêem o que escrevo vão jogar pedra, porra o cara esta limpo a 20 anos!!!! Pois é, de alguma forma ele conseguiu extender o período do seu ciclo, e espero que dure mais 20 até ele morrer bem velhinho e "limpo" na sua caminha... 

É ilusão acreditarmos que o ciclo cíclico tem um fim, pois a definição é exatamente o contrário, ele começa aonde termina e termina aonde começa... 

P.S: Para quem se interessar, atualizando, ele continua "limpo" MAS o final do começo do ciclo se aproxima, e olha que eu não tenho bola de cristal!!!! E eu? Eu nada, vivo o MEU ciclo de construção autônoma! 

sábado, 8 de agosto de 2015

População K estrategista?


Ola meus querido(as)

Lá nos primórdios da humanidade, quando ainda morávamos em cavernas, qual era o instinto mais básico e cru, já imprimido em nosso código genético devido ao processo de seleção natural? O da sobrevivência. Não apenas a sobrevivência do indivíduo, mas acima de tudo, da prole. Não faz o mínimo sentido, dentro de uma visão evolucionista, apenas você sobreviver, pois um dia você morre, e com você toda uma espécie. Não é a toa que utilizamos o termo "defender  a cria como uma leoa" (e não defender a cria como um peixe, no próximo parágrafo fica claro), não é a toa que temos todo um metabolismo voltado a reprodução, um sistema hormonal que despeja litros de ocitocina no seu organismo no momento do parto, e a primeira coisa que você faz é abraçar aquele bebê e colocá-lo no peito para alimentá-lo... Resumindo, o que estou dizendo é que milhares de ano de evolução, selecionaram nossas estratégias reprodutivas e parentais. 

Dentro da ecologia temos dois termos de uma equação conhecida como Equação de Verhulst, que propõem um modelo que define o crescimento de uma população (r) em função da capacidade de suporte do meio (K). Com base nestes dois parâmetros do modelo logístico, surgem duas definições: a de populações K e r estrategistas. Sem entrar muito em detalhes (até porque não sou ecologista), uma população K estrategista  investe numa descendência menos prolífica (menos filhos) com cada descendente tendo uma maior probabilidade de sobreviver até a idade adulta. Apresentam comportamentos de cuidados parentais já que investem na sobrevivência e longevidade da pequena prole.

Já as espécies r estrategistas, por outro lado, tendem a não apresentar cuidados parentais com a prole, produzem um elevado número de descendentes a cada ciclo reprodutivo, ainda que cada indivíduo tenha poucas chances de sobreviver até à idade adulta. Os peixes (nem todos) são um ótimo exemplo.

Os mamíferos em geral, e nós especificamente somos um clássico exemplo de população K estrategista, ou éramos até então... Claro que estou apenas utilizando um conceito acadêmico para ilustrar algo que, infelizmente venho observando: cuidado parental. Não estou aqui para colocar o dedo na cara de ninguém, apenas uma reflexão. O que realmente significa "cuidado parental"?  Oferecer casa, comida e roupa lavada? O significado, ao meu entender, é mais amplo que isso. Como assegurar "sobrevivência e longevidade" as nossas proles? Pois é... eu não tenho as respostas, apenas formulo as perguntas.






sexta-feira, 7 de agosto de 2015

A nova escolinha


Ola meus queridos(as)

Primeira semana na nova escolinha do I. e QUE diferença! Ele acorda feliz e animado para ir à nova escolinha, quando o deixo na porta, ele entra como um foguete, e quando vou pegá-lo na saída ele esta com um sorriso enorme de "orelha à orelha"! Meu filho voltou a gostar de ir para escola... chega imundo em casa, cansado de tanto brincar e alegre. Confesso que estava um pouco ansiosa com sua volta a escola, e que as melecas que aconteceram na escola/presídio anterior tivessem deixado algum pseudo trauma, que nada!

Como foi a primeira semana, lá estava eu na escola quase todos os dias de plantão para acompanhar o período de adaptação e observei algo muito importante, todas as pessoas que trabalham lá, desde os professores, auxiliares, pessoal administrativo, da limpeza e até o segurança GOSTAM de trabalhar lá. O astral é muito bom, todo mundo conhece todas as crianças pelo nome, são extremamente carinhosas com elas, e realmente se preocupam e cuidam com amor. Além do espaço ser maravilhoso, a areia é AREIA mesmo, as árvores são árvores mesmo com direito a casinha, balancinho, escorregador e tudo mais, um ateliê de artes (o I. chegou com tinta até no cabelo hoje), uma hortinha que eles mesmos plantam e depois colhem tomates, cenouras, beterrabas, algumas ervas, uma cozinha adaptada para o tamanho deles para as aulas de culinária, uma biblioteca vasta e divertida sempre aberta, uma salinha de música cheia de instrumentos malucos! E crianças com "cara" de crianças e não de robôs! 

Acho que depois das últimas péssimas experiências do semestre passado, fiquei um pouco emocionada com a atenção e carinho com o qual o I. foi acolhido por todos eles! E a preocupação que ele se sinta seguro e confortável nessa transição. Estou com uma boa sensação que achamos a escola certa para ele!!! 

P.S: Entendi porque a escola é tão concorrida, o I. estava na fila de espera desde do final do ano passado e só conseguimos a vaga agora!

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Cala boca


Ola meus queridos(as)

Eu odeio ser chantageada, simplesmente abomino! Ontem o Caiçara tirou o dia para literalmente encher o meu saco de todas as formas possíveis, e no final o que ele conseguiu? Me afastar e acabar dormindo no sofá sozinho. Mais uma vez a "droga" do comportamento... misturada com vodka, combinação bombástica. 

Quantas vezes será necessário eu repetir que não sou responsável por você, quantas vezes vou ter que repetir que não quero morar com você, quantas vezes vou ter que repetir que nem eu muito menos o mundo te devem nada... Olha, cansa! A única coisa que ele consegue nessas "discussões" é consolidar   as minhas decisões, comprovar sua imaturidade e insegurança, diminuir minha vontade de passar 10 minutos do seu lado e atestar sua gigante codependência. 

Dois meses atrás quando ele veio comigo para Sampa, o combinado era ele procurar um emprego (que ele já achou), se estruturar (que talvez não aconteça nunca) e depois procurar um lugar para morar (que ele não achou porque não procurou). Até ai tudo bem, precisa de mais um tempinho aqui em casa, não tem problemas ATÉ ontem... A gente poderia morar juntos. Opa, para tudo, só porque estamos passando por uma fase tranquila não quer dizer que vamos morar juntos. Nós já moramos juntos e NÃO deu certo, além de que eu não quero morar com você. Pronto, o circo estava armado! Ele surtou, gritou, quase acordou o I.; aqui não violão! A casa é minha, MINHA, se você não calar a boca agora vou mandar você embora... então manda, tá bom, VAI EMBORA! Quando ele percebeu que a coisa era séria e ele iria acabar dormindo na rua (e não no sofá), finalmente calou a boca. 

Ele não compreende que eu não querer morar com ele é simplesmente uma consequência de tudo que ele plantou, e precisa culpar Deus e todo mundo, menos se responsabilizar por isso. 




terça-feira, 4 de agosto de 2015

Os "caiçaras"


Ola meus queridos(as)

Férias invernais na praia! E com direito a muito sol, calor humano, madrinha, amados amigos, camarão e milho (são as novas descobertas do I.).... e muita tranquilidade.

Esses dias na praia passaram tão rápidos e ao mesmo tempo num ritmo tão preguiçoso, e revigorante. Recarreguei as baterias para o semestre que começa a todo vapor; I. de escolinha nova, rotina nova, eu com projetos novos! 

Mas independente dos dias ensolarados que passamos, qualquer praia do nordeste ou do Hawaii também é linda e ensolarada, o que faz a diferença são aquelas pessoas maravilhosas que moram nessa praia perdida no litoral e fizeram dela sua casa, que sempre me abraçaram de coração, amam meu filho como se fosse deles, genuinamente sentem saudades e nos acolhem com muito carinho e amor. São pessoas que fui conhecendo ao longo dos anos que morei lá e que nunca nos esqueceram, desde do dono da pizzaria da esquina de casa, a minha confidente e gigante amiga até a pessoa mais única e caridosa que conheci, que hoje é a madrinha do meu filho. Os tios adotados, os avôs emprestados, o "pai preto" do I. (e não tem nada haver com macumba não, é o gerente do Pica Pau), a eterna babá do I. que ainda cuida dele como se fosse um bebê. São pessoas preciosas, como diamantes únicos, mas que não se escondem, e se multiplicam! 

Cada uma destas pessoas tem sua história de vida, algumas nasceram lá, algumas vieram de muito longe, algumas são jovens, outras mais idosas, algumas são instruídas formalmente, outras apreenderam na "lida"mesmo, algumas tiveram grandes perdas, outras tiveram grandes ganhos... Mas todas essas pessoas são a essência do que há de melhor no ser humano, todas essas pessoas são "caiçaras"! 

E sempre que subo a serra, uma lágrima escondida cai por cada uma delas já sentindo saudades!