quinta-feira, 29 de maio de 2014

Criticar é fácil


Ola meus queridos(as)

Como é difícil não mandar tomar no meio do olho do cú, as vezes... e pior, pelo SMS! E pior, uma companheira, que segundo ela, ostenta o título de membro mais antigo do nosso grupo (pois é, tempo de sala e serenidade não andam juntos mesmo). Veio me cobrar que fazia quase um mês que eu não frequentava nosso grupo (uh... será porque meu filho ficou doente, depois eu de livre e espontânea vontade peguei dengue e fiquei de molho algumas semanas? Não, claro que não, eu não fui porque resolvi jogar boliche as terças feiras.), que estava faltando literatura (até ai concordo, mas não acho que seja o caso de comprar um monte de manual de serviço, que fica encalhado, e ela oferecer levar o manual de serviço do CODA!). Minha querida companheira, você com tantos anos de Nar-Anon deveria saber que não utilizamos nenhuma literatura que não seja aprovada pelo comite mundial, começa por ai... claro que pensei, mas não falei nada, também ela disse que faltava transparência nas contas e blabablá. 

Interessante, toda vez que peço uma reunião de serviço, ninguém se interessa a ceder nosso tempo para essas reuniões burocráticas (segundo ela "reuniões burocráticas" não conferem conhecimento e experiência...), sugeri marcarmos fora do dia das reuniões, que ótima idéia, agendei...quem apareceu? Eu e o PS. Olha, sinceramente, muita serenidade nesta hora! Eu abomino tudo isso, só sabe criticar, nunca nestes anos todos de irmandade levantou a mão para nada, NADA e vem falar da segunda tradição para mim?! Estou em Marte ou Plutão (apesar de que Plutão não é mais um planeta).

Mesmo numa irmandade que cultiva os passos, as tradições me deparar com "isso" é no mínimo estranho, MAS gente é gente com 10 anos de programação ou não. E cabe a mim aceitar o outro e suas limitações, e repensar se estou sendo uma boa servidora para o Grupo. Cabe a mim assegurar que o grupo cumpra sua única função, que é ajudar os familiares e amigos de adictos respeitando nossas tradições e conceitos. Se não estou exercendo isso de forma satisfatória, colocarei meu cargo a disposição... e que a consciência de grupo decida. 




sábado, 24 de maio de 2014

Viver com medo é uma M


Ola meus queridos(as)

Algumas companheiras me perguntam como eu consigo... consigo o quê? Viver minha vida... olha, é mais fácil do que parece. Talvez porque eu não seja aquela clássica codependente, na verdade, fazendo o meu quarto passo observamos inúmeros comportamentos, mas a codependência apareceu tardiamente na minha vida (principalmente em função da adicção do Caiçara). Talvez porque eu não tenha nenhuma vocação para ficar sofrendo jogada num canto me sentindo a última das últimas...talvez porque eu simplesmente faço o sugerido por essa programação maravilhosa. Talvez porque, quando meu mundo desabou, eu já tinha conhecido o "mundo" e quis reconstruí-lo, voltar a viver nele... Não sei, não tenho nenhuma fórmula mágica. 

Talvez porque eu me aceito, e hoje, aceito o outro também; um passo muito importante para mim foi simplesmente aceitar o que eu não posso modificar, nossa oração da serenidade é extremamente simples (meia dúzia de palavras) e tão complexa e profunda ao mesmo tempo. Deus, concedei-me a serenidade para aceitar as coisas que eu não posso modificar... Olha, e são tantas! Antigamente eu não aceitava nada nem ninguém, qualquer coisa que saísse do script detonada o pavio de pólvora e eu explodia. Fazendo uma reflexão séria, eu era uma bomba relógio pronta a explodir a qualquer momento por qualquer coisa, vivia no limite entre a sanidade e a insanidade, sempre caminhando na beira do precipício , qualquer ventania me desequilibrava... E hoje? Hoje eu preciso de uma tempestade para me desequilibrar.

E mesmo quando o céu escurece trazendo a tempestade, eu me desequilibro, posso até cair mas essa rede, essa irmandade, esse amor, esse PS amoroso não me deixam quebrar a cara no chão! Essa certeza me tranquiliza, e eu não tenho mais medo.  E assim viver fica gostoso... porque viver com medo é uma merda! 

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Tudo bem


Ola meus queridos(as)

Parabenizo vocês que moram em São Paulo e não mataram ninguém nestes últimos dois dias de caos total devido a greve de ônibus! Mais uma vez fica claro o quão frágil é esse "equilíbrio" ilusório; na verdade essa cidade vive no limite da capacidade de suporte, e até um caminhão quebrado na marginal Tietê pode levar ao colapso do sistema. Fala-se muito em sustentabilidade urbana mas como aplicar esses princípios aqui? As vezes parece que não tem jeito... o melhor mesmo é passar o trator e começar do zero. Talvez eu esteja sendo um pouco pessimista hoje. 

O Caiçara esta na fase homem trabalhador e responsável (espero que não seja apenas uma fase...), dobrando as horas, conseguimos nos ver no seu dia de folga semanal e, as vezes, a noite; para matar um pouco a saudade (mas ele chega tão tarde e tão cansado que acabamos dormindo mesmo)! Não queridos, não estamos morando juntos, ele tem a casa dele e eu a minha; e quando não estou querendo companhia, pois tenho meus dias, eu simplesmente digo "hoje não". A primeira vez que coloquei esse limite, ele não entendeu; mas você não quer me ver? Quero, mas hoje não quero ver nem você nem ninguém, sabe aquele tempinho que você precisa só para você? Eu sou assim, tenho meus momentos reclusos, durante os quais aproveito apenas a minha companhia, uma cerveja, um bom livro, ou se estiver de saco cheio, jogo Candy Crush esvaziando minha cabeça (apesar de que ultimamente esse jogo do satanás esta me estressado mais do que relaxando, olha o vício, eu não consigo parar de jogar essa meleca)! 

O I. começou a se expressar um pouco mais, seu vocabulário aumentando... e eu preciso me policiar melhor! Outro dia, no trânsito, saiu um "vai caralho"(segundo o Caiçara eu sou "o motorista", de uma pacata pedestre me transformo atrás do volante em a motorista maluca); pronto, a esponja absorveu, 5 minutos depois chegamos na escola, e o I. solta o "vai caralho". Agora é só entrar no carro e lá vem ele... As vezes subestimo meu filho, acho que ele ainda é um bebê com a cabeça no mundo da Lua, longe disso, ele esta cada dia mais antenado, com o radar ligado em tudo. Curiosidade a mil! E fazendo trilhões de associações por segundo dentro do seu cérebro explodindo em sinapses. 

E assim vamos vivendo, tudo bem... 

domingo, 18 de maio de 2014

Candidata a pior filha do ano


Ola meus queridos(as)

Preguiçosa tarde de domingo, I. tirando sua tradicional soneca, eu olhando para o caos que esta o meu armário.. e como boa procrastinadora que sou, fui para cozinha preparar um cassoulet (nunca se sabe se teremos visita para o jantar) e pensar na vida! Essa semana eu provavelmente devo ter sido eleita a pior filha do ano... ou certamente sou uma forte candidata ao troféu. 

Eu simplesmente consegui esquecer o aniversário da minha mãe, lembrei dias antes, esqueci, lembrei de novo e no DIA esqueci completamente... Final do dia (do aniversário), ela chega aqui em casa, conversas sobre amenidades, a escola do I.,  empregada e blablabla; até que ela olha para mim e diz: você sabe que hoje é meu aniversário né? Quis morrer.... cavar um buraco gigante, me enfiar lá dentro e não sair nunca mais. Dei um abraço, desejei feliz aniversário e pensei em tomar cicuta depois que ela foi embora. Fiquei pensando como consertar? Liguei para todas as floriculturas do bairro, aquela hora da noite, entrega só para o próximo dia, disse que era um caso de vida ou morte, fiz chantagem,  ofereci propina, implorei, chorei... nada deu certo. Alias esse é um comportamento típico meu que preciso trabalhar melhor, as coisas não vão se adequar as minhas vontades só porque eu quero (ou preciso naquele momento). Culpa minha que esqueci, uma das floriculturas ainda ficou com dó de mim (pois é, aquele papel de vítima que nós sabemos fazer muito bem) mas infelizmente o entregador já tinha ido embora e ela não sabia dirigir, cheguei ao ponto de oferecer pagar um taxi mas ela não poderia deixar a loja (já fechada) antes de terminar os arranjos do dia seguinte... Porque estou escrevendo tudo isso? Para vocês verem o nível de maluquice que eu cheguei.

Remorso, claro que minha mãe percebeu que eu totalmente ignorei seu aniversário e deve ter ficado magoada; claro que eu poderia entrar nas justificativas; minha mãe nunca comemora o seu aniversário, na maioria dos anos sempre cai no dia das mães e comemoramos tudo junto e mais blablabla... mas não posso enganar a mim mesma, eu simplesmente esqueci. E porque? 

Amnésia não é... 

quinta-feira, 15 de maio de 2014

As mães da segunda guerra mundial


Ola meus queridos(as)

Ganhei um livro de dia das mães do I. (claro quem comprou foi o Caiçara), simplesmente não consegui largar mais, e entre uma estação do metro e outra terminei em lágrimas a última página hoje. Provavelmente ele, quando comprou não tinha muita idéia, apenas deveria estar na gondola livros para o dia das mães, e na capa escrito: " Nós, mulheres, fazemos escolhas pelos outros, não por nós mesmas. E quando somos mães suportamos o que for preciso por nossos filhos." 

Não sou muito fã desta palavra, mas acabei "identificando" um pouco da minha própria infância... No livro a mãe, russa, sem conexão com as duas filhas (já adultas), é fria, calada, o pai (americano) morre e elas (as filhas) se vêem nesta missão impossível de quebrar essa gigante muralha que existe entre elas e cuidar da mãe idosa, morando numa réplica do seria uma dasha, comendo piroeski e borscht com o famoso canto sagrado e sua vela acesa eternamente (quem é russo, polonês, ucraniano ou simplesmente cristão ortodoxo sabe... eu sei, pois minha avó tinha o seu cantinho sagrado na sua sala com as poucas fotos em preto e branco de familiares que ela conseguiu trazer junto com o jogo de xícaras de chá e o Samovar quando vieram fugidos da guerra). 

O livro descreve a luta de sobrevivência, e as escolhas que essa mãe precisou fazer durante o cerco a Leningrado (minha avó e mãe não estiveram no cerco, mas na época nos guetos em Varsóvia), ver uma das suas crianças morrer de escorbuto, escavar o chão no gélido inverno em busca de grama para fazer uma sopa, assistir sua linda e bela cidade transformar-se num cemitério... Não sou muito emotiva, já li vários livros e documentários sobre a segunda guerra, visitei o memorial em Washington com os trilhões de sapatos de judeus e por ai vai. Mas essa estória da guerra assemelha-se muito a da minha família, nós (ou eles) não eram judeus... minha avó era polonesa, meu avô russo. E como no livro, a "mãe" cozinhava para um batalhão, assim era minha avó, estocava latas de comida em baixo da cama, sempre muita fartura... porque? Porque eles passaram fome. FOME, e não é essa que a gente sente não... valorizar uma micro gota de mel para colocar na água quente do chá num inverno de menos 25 graus! Fome ao ponto de cortar seu próprio dedo para que seu bebê sugue o sangue e amenize o choro... misturar água com fermento para simplesmente conseguir ficar de pé mais um dia.

O que foi o cerco de Leningrado? Sem entrar em nenhum mérito estrategista (segundo alguns historiadores, a União Soviética jamais abria mão da cidade e deixaria a população inteira morrer ao se render aos exércitos alemães), do ponto de vista prático: por 900 dias os habitantes viveram cercados por tropas nazistas. Um milhão de russos morreram na ocasião, sendo 800 mil em consequência da fome. 

Minha mãe, até hoje, nunca falou da guerra... sempre diz que era pequena demais e pouco lembra; minha avó, acho que com o tempo foi fazendo as pazes; não que falar da guerra fosse seu assunto preferido mas também nenhum tabu... Existem várias estórias e algumas meio "lendas" como diz minha mãe sobre esse momento (fica para outro post).

Mas o que eu sei hoje, minha avó quando começou a raspar o papel de parede e cozinhar na panela não era só Alzheimer, depois de ler esse trecho do livro: As sopas eram preparadas com cola de carpinteiro, obtida raspando-se os móveis, depois de desmanchá-los, ou raspando-se as paredes, depois de arrancados os papéis que as cobriam. 



sexta-feira, 9 de maio de 2014

A arte de cozinhar


Ola meus queridos(as)

Recuperada da dengue (ainda uma dorzinha de cabeça chatinha) , semana véspera do dia das mães (programações mil, desde da escolinha do I. até o velho e bom tradicional almoço de dia das mães, que eu me prontifiquei a fazer, ainda não decidi o menu; vou esperar a inspiração chegar!). Eu gosto de cozinhar, reunir as pessoas em volta de uma mesa, vê-las felizes saboreando algo que EU fiz... é uma sensação muito boa! Procuro receitas novas, converso muito com o Caiçara (difícil concorrer, né o cara é cozinheiro profissional), comida é uma grande parte da minha vida e não porque eu coma muito, ao contrário, depois da cirurgia bariátrica passei por um processo de re-educação alimentar além de que não cabe (o tamanho do meu estômago é um terço do seu)! Eu odeio ir em shopping center, agora me convida para ir no empório Santa Luzia; nirvana! Cozinhar é uma arte!

Já passei várias situações "chatas", lembro uma vez a muitos anos atrás quando a mãe do Caiçara nos convidou para almoçar (alguma ocasião especial), estava tudo muito gostoso mas, como sempre, comi um pouquinho e todo mundo notou, come mais minha filha... não gostou da comida? Vai explicar que não é nada disso... Oi desculpe mas a uns 8 anos atrás eu pesava 110 kg e fui submetida a uma gastrectomia vertical reduzindo o tamanho do meu estômago e diminuindo a produção de grelina, logo eu não sinto muita fome e como bem pouco e não tem nada haver com o seu tempero. Outra clássica foi com a sogra da minha irmã, ela é simplesmente a "matriarca" da Calábria, ela FAZ as massas em casa com todo seu aparato diretamente importado da Itália; provavelmente passa a semana inteira se preparando para o almoço de domingo, sua cozinha é um santuário da culinária italiana (molho de tomate comprado é pecado)... Depois do terceiro almoço, quando ela com lágrimas nos olhos disse não entender porque eu não comia mais um pedaço da sua lasanha abri o jogo.

Ultimamente andamos cozinhando bastante juntos, preparando o jantar conversamos sobre os eventos do dia, um espaço acolhedor, neutro, tranquilo e assim, com carinho e respeito o cação ao molho, o talharim ao pesto, o purê de mandioca, o suflê de alho-poró entre tantos outros pratos ficam prontos com o tempero mais importante, amor. 


sexta-feira, 2 de maio de 2014

É gripe? Não...


Ola meus queridos(as)

Semana complicadíssima, o I. evoluiu para um quadro infeccioso, acabamos parando na pediatra e dá-lhe antibiótico! Ele está uma manteiga, derretendo de tanta carência... e eu com uma dor no corpo absurda à alguns dias, dor de cabeça, mal estar generalizado quando descubro que a vizinha (é da casa do lado da minha, mais a empregada da vizinha e o motorista da vizinha estam com dengue). Pronto, o que era uma mega gripe virou dengue, segundo a sorologia que deu positivo (fiz o exame hoje).

Olha, já morei em várias áreas endêmicas (principalmente o litoral) mas NUNCA imaginei pegar dengue em plena Vila Madalena! Perdi a contas de quantas vezes estive no sudoeste asiático (outro foco de dengue) e NADA... A sensação é que fui atropelada por um caminhão, só isso. Dói tudo! 

Momento caça ao mosquito; multirão revirando metade da reserva ecológica (isso aqui não é um jardim e sim uma APA - área de proteção ambiental), vaso, grama, árvore... liga para o jardineiro, socorro! E nada (veio do vizinho mesmo)... Segundo momento, comprar todos os SBPs e colocar em TODAS as tomadas da casa, é sério, se você quiser ligar a TV vai ter que tirar o SBP da tomada... Eita! E na maluquice entra a minha mãe para ajudar que acabou de chegar com um mosquiteiro para colocar na cama do I., como que eu vou pendurar esse negócio no teto (e pior, ele vai se enrolar nesse treco)? E assim meus planos de um final de semana na praia vão por água a baixo... e o tempo estará bom (segundo meus amigos meteorologistas, 28 graus). 

Então meus queridos, não é gripe... é dengue!