terça-feira, 2 de junho de 2015

Birra


Ola meus queridos(as)

Não sou uma pessoa impulsiva, emotiva, romântica... e mesmo assim, percebo uma certa dualidade entre razão e emoção, entre cabeça e coração. Um certo conflito "interno"digamos assim; MAS quando comecei a agir com a cabeça (pelo menos para mim) as coisas ficaram mais tranquilas. Percebam que utilizei a palavra mais tranquila, e não mais fácil; pois o coração sonhador fala, grita, almeja porque ele quer; mas nem sempre o que você quer é o que você precisa. 

Um exemplo bem simplório, outro dia o I. queria tomar sorvete antes do almoço, fez de tudo, beijou, abraçou, amaciou, implorou, chorou... meu coração de mãe gritava, é só um sorvete ninguém vai morrer por causa disso dá logo esse sorvete e acabe com isso, minha cabeça, também de mãe sabia que o almoço estaria arruinado se ele tomasse o sorvete naquele momento, que é muito mais importante ele almoçar direito primeiro, e depois, se ele ainda quiser o sorvete, esta liberado. O que eu queria? Dar o maldito sorvete. O que eu precisava? Ser firme, e esperar a hora do almoço. Simples... Quase tudo na vida é assim.

O que é a birra? Nada mais do que a criança expressando o seu "querer" da forma mais primitiva quando você não faz ou dá o que ela quer e SIM o que ela precisa. As crianças (e de certa forma os adictos em geral) simplesmente querem que sua vontade seja feita e ponto final. Cabe a nós adultos discernirmos o "querer" do "precisar" e ensinar as crianças essa diferença fundamental, criando assim um alicerce fundamental na sua futura vida adulta; saber lidar com o NÃO e suas frustrações. Nem sempre (ou quase nunca) você vai ter tudo que quer, mas você terá tudo que precisa da mamãe. Existem inúmeros estudos que fazem analogias entre a " idade mental" do adicto e a "idade real" de uma criança; é como se o adicto fosse uma criança que teve seu desenvolvimento interrompido em certo momento e vive uma eterna infância. Resumindo, eles não fazem a transição para a vida adulta, com suas responsabilidades, obrigações; eles não apreenderam a lidar com o NÃO e suas frustrações. Claro que coloco as coisas de uma forma muito simples até porque não tenho nenhum embasamento acadêmico teórico nesta área, e sabemos o quão complexo é; mas ajuda a entendermos um pouquinho.

Quando falamos NÃO para o adicto, o que ele faz? Birra! Talvez ele não se jogue no chão no meio do supermercado, nem tente morder a babá MAS ele faz birra sim, fecha a cara, chantageia ou corre para biqueira mesmo.

Com a criança, vamos ensinando com carinho, compreensão, respeitando seus limites e ela vai se desenvolvendo, apreendendo até que um dia as birras acabam... e com o adicto? Não tenho a menor idéia de como educar um adulto.