segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

O último minuto do ano


Ola meus queridos(as)

"A noite de Ano Novo é como qualquer outra noite. O universo não para; não existe nenhum momento de silêncio que marque a passagem entre as coisas para os próximos doze meses. Mesmo assim, nesta noite, nenhuma pessoa tem os mesmos pensamentos que teria em qualquer outra noite." (Hamilton Wright Mabie)

E assim começo meu último post do ano de 2013, refletindo sobre essas palavras escritas pelo grande ensaísta norte americano do século passado e bem lembradas no CEFE (pag. 366). Realmente o universo não para, simplesmente depois e um minuto das 23:59 de 31 de dezembro de 2013, serão 00:00 de 1 de janeiro de 2014. Um minuto... mas um minuto diferente dos outros tantos que vivemos, um minuto que paramos e contamos os segundos, um minuto no qual depositamos toda a nossa esperança, um minuto que nos une em prece (seja lá qual for seu credo), um minuto no qual apenas desejamos um ano novo melhor do que o velho que se despede... Um minuto no qual a humanidade esta unidade em um só pensamento, um minuto mágico aonde todos são um só, e nos fundimos na mesma busca! Um minuto solidário, um minuto amoroso, um minuto de fé e esperança, um minuto fraterno, um minuto de acolhimento e abraços... Aonde você estiver neste último minuto do ano, saiba que não estará sozinho! 

Desejo que esse último minuto do ano se estenda a todos os outros minutos do novo ano!

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Episódio 2


Ola meus queridos(as)

O segundo episódio, mais do que desagradável, foi algo que inconscientemente, esperava acontecer... mas distante de mim, até conversei com o Caiçara a esse respeito, se ele quisesse "visitar" a irmã, tudo bem, mas que fosse sozinho (sem minha presença física muito menos do I., que não frequenta manicómio), e que ele estivesse preparado para o que der e vier (pois a mulher é louca mesmo), receber um abraço ou um tapa na cara tinham as mesmas probabilidades. E deixei bem claro que não quero mais ter a mínima relação com essa dinâmica toda, sem "sobrar" nenhum respingo desse dilúvio em mim (menos ainda no meu pequeno)! Ele optou por não ir... por mais que eu sentisse que ele queria re-visitar a casa que um dia foi da mãe, dele, as lembranças e até, uma certa curiosidade de saber como andam as coisas no manicómio. Mas decidiu não ir... ok. 

Mas o PS, as vezes joga as coisas na nossa cara mesmo! Algum curto tempo depois do episódio 1, quem surge na calçada? A bruxa evangélica, com a mão na cintura, gritando aos quatro ventos: Caiçara!!!!!!!!!!!!! Você não estava internado???????!!!!!!!!!!!!! Metade da cidade parou para escutar a gralha.... Momento dona barriga, o que fazer? Ele tomou a decisão, levantou da mesa, foi cumprimentá-la e rapidamente disse, dois minutos e arrastou ela uma meia dúzia de metros e foram conversar (ele ainda perde seu tempo). Eu? Não teve ação nenhuma desta vez...simplesmente minha vontade era de levantar da mesa e falar o quanto eu simplesmente abomino sua existência, o quanto tóxica ela é, o quanto ela faria um gigante favor em simplesmente sumir da face da terra... Serenidade zero, mas não levantei da mesa, eles conversaram um tempinho e para mim DEU! Levantei, acenei e disse estou indo embora! Simplesmente a presença dela ali causou um turbilhão de sentimentos não muito bons, e queria sair correndo... sufocada (hoje, com a clareza, por mim mesma e meus sentimentos que ainda carrego, eu me permiti ser sufocada por mim mesma!). Três segundos depois, ele voltou para mesa e ela foi embora... Mas ficou o clima, ficou o peso, ficou as mágoas, ficou algumas feridas já cicatrizadas que abriram. Ficou minha compreensão do quanto ainda sou gente e, neste requisito bruxa evangélica, não tem oração da serenidade, não tem passos, não tem nada que segure... eu simplesmente quero que ela fique o mais longe de mim possível. Acabamos discutindo, por causa da bruxa evangélica... entendo que é sua irmã, mas ninguém escolhe a irmã que tem né? Mas escolhe se relacionar ou não. 

Com o passar do dia fui voltando ao meu centro, mas fiquei pasma comigo e minha reação. No fundo, existem algumas coisas que estando em recuperação ou não talvez, nunca mudem... e essa é uma delas. Se amanhã ela sumir da face da terra não faria a mínima diferença para mim. Então, Jesus, sinto muito mas sou cheia de defeitos, e não consigo amar todos como a mim mesma. 

Deveria sentir compaixão, afinal de contas é uma coitada, sem instrução, fudida e mau paga que nunca vai evoluir... mas não cheguei lá. E opto por não conviver com isso, alias fiz essa escolha a muito tempo, quem não percebeu isso ainda é ela (que estava cogitando ligar para a minha mãe quando não teve notícias do Caiçara). Só digo uma coisa, se essa bruxa se meter com a minha família de novo, não pensarei duas vezes (vou fazer um curso de como ser barraqueira e socar alguém) e desço a serra no mesmo minuto! 

Qual a dificuldade em entender isso? O quanto mais explícito terei que deixar? Me esquece sua bruxa... e não, não tem passos, não tem programação, só desaparece! E que 2014 seja o ano que você tenha esse despertar espiritual...senão vai se fuder!!! 


Três reações e uma única ação


Ola meus queridos(as)

Como nem tudo são flores, resolvi escrever sobre dois acontecimentos, quase simultâneos, no mínimo desagradáveis que aconteceram enquanto estávamos na praia. Mais especificamente, como foi a minha reação, pois é, reagi instintivamente, perdi o foco, me permiti sentir mágoa e revolta. 

Episódio 1; estávamos eu, o Caiçara e o I. sentados numa lanchonete no centro (não tem como ir a Peruibe e não dar uma passada por lá, afinal de contas é aonde nos conhecemos, coisa meio boba) na calçada quando passa o S. de bicicleta (recapitulando, ele é muito amigo do Caiçara, e ficamos muito próximos esses últimos tempos, mas foi ele que acabou dando a língua nos dentes e falou para a bruxa evangélica que o Caiçara estava internado, acabamos tendo uma discussão muito desagradável e deste então liguei, mandei mensagens etc... sem retorno seu). Resumindo, num momento de fragilidade minha, buscando um colinho liguei para ele, desabafei sobre a internação do Caiçara, estava tudo muito recente e depositei nele minha confiança como amigo. Qual a minha surpresa quando ele liga um tempo depois perguntando se a irmã do Caiçara sabia que ele estava internado, digo que não, e o lembrei que essa tinha sido uma decisão do Caiçara não querer envolver nenhum "deles" (família manicómio)... ai ele solta a pérola, mas eles tinham o direito de saber e eu contei. Opa, para tudo! Quem é você para delegar direitos agora, passando em cima de uma decisão que nem era minha, quebrando a confiança que depositei na nossa amizade?! Não fui muito serena, digamos assim... Com o tempo, percebi que seria inevitável (uma hora ela saberia), minha serenidade voltou e o procurei no intuito de me desculpar e resgatar nossa amizade, várias tentativas sem sucesso... E descobri o porque nesse episódio. Ele simplesmente não quer falar comigo e continua puto! Primeira reação (dona barriga a prepotente); como ele não quer falar comigo? Tá maluco, quem é ele para não querer falar comigo, faz a merda e ainda quer dar uma de gostoso? Segunda reação (dona barriga a vítima); porque ele não quer falar comigo? Porque ele não vai me desculpar? Porque ele não gosta de mim? Terceira reação (dona barriga a revoltada buscando um culpado); a culpa é sua Caiçara, não me meto mais nas suas estórias, sempre sobra para mim, vão se fuder todo mundo!!!!!!!!!! 

Primeira e única ação (dona barriga em recuperação); cada um tem seu tempo, espero de coração que ele possa me perdoar e voltarmos a ser amigos como sempre fomos, mas respeito sua decisão e entendo que esteja magoado MAS só posso modificar a mim mesma, aos outros apenas amá-los...  Infelizmente até chegar na "primeira e única ação" passei pelos três estágios de "reação", o que não foi nada legal e mais uma vez me colocou no meu humilde lugar. 

Episódio 2 merece um post só seu (já imaginaram né?).


quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Abrir as cortinas


Ola meus queridos(as)

Neste final de ano, neste Natal apenas tenho que agradecer, a MIM, ao PS, ao filho pilhado e maluco junto com essa família que tenho, ao Caiçara e a lista vai longe! Vamos abraçar o que vale a pena e deixar para trás o que é pesado demais para carregar... Meu pai fantasiado de Papai Noel hoje distribuindo os presentes para o neto foi lindo, mas o calor era gigante, então lá foram os dois para um momento piscina. São essas pequenas coisas que tanto significam que me mantem aqui, próximo a todos e não do outro lado do mundo... já fui e voltei tantas vezes, que simplesmente ir novamente não seria novidade; mas por mais maluco que seja toda essa dinâmica gente/família, a gente se ama e vai fazer o que? Nada, só continuar amando... 

Um dos irmãos da mulher do meu pai (que não tenho contato nenhum) estava presente e não conhecia o I., falou para o meu pai; como seu neto é bonito... pronto, meu pai virou um pombo inflado quase batendo as asas e respondeu, tudo que minha filha faz é bonito, até seu filho! Ai quem inflou o balão e saiu voando fui eu, eita! Meu pai, meu alicerce, meu maior fã, sempre do meu lado em todos os momentos (bons e ruins)! Pai, boa viagem e curta Paris nesta virada do ano pois você mais do que merece, só não esqueça da minha encomendazinha básica Lancôme... Fofo! 

As vezes neste universo "dependência química/codependência" deixamos passar momentos simplesmente "humanos" como esse, e hoje, não deixo nada escorrer pelos meus dedos e valorizo tudo!  Não tapo o sol com a peneira mas também não fecho as cortinas da janela, quero que o SOL entre e ilumine a minha vida com seu calor. E abrir as cortinas só depende de mim (ou da empregada)...rsrsrs...Quando percebi isso, muita coisa mudou. Sim, alguns podem achar que é fácil tomar essa postura pois ele esta limpo e em recuperação, mas quem abre a cortina sou eu, não ele! 

Então meus queridos, vamos abrir as cortinas, e se estiver chovendo tudo bem também!!!! 


terça-feira, 24 de dezembro de 2013

A praia


Ola meus queridos(as)

Praia!!!!! Muita praia, muito sol, muitos abraços, muito carinho e já muitas saudades... Mas voltei né? Amanhã é Natal, e não posso privar o I. de passar com seu avô (que esse ano disse que vai se fantasiar de Papai Noel, hilário, não consigo imaginar meu pai fantasiado de Papai Noel, ele nunca fez isso na vida! Deve ser a idade somada aos netos, são três agora... amoleceu o coração de pudim do meu pai). 

Esses dias na praia foram maravilhosos, o problema é que, de novo, me acostumei com seu calor perto de mim na cama, seu sorriso de manhã, seu esforço em fazer o I. comer, sua energia correndo atrás do I. pelado na praia, seu corpo salgado... Eita! Como é difícil subir a serra... que vontade de simplesmente ficar por lá, acolhida pelos amigos queridos, pelo mar, pelo vento, pelo sol, até pela areia (que invade todos os poros e começa a fazer parte de você). Engraçado como semanas depois ainda encontro um grão perdido no cabelo, ou no chinelo...

Sempre bom demais lembrar do que realmente vale a pena, as verdadeiras amizades que não tem tempo que diminua, o amor de um pai pelo filho, um por do sol pintado a dedo pelo PS, a felicidade pura e simples do meu filho entrando no mar... nenhuma destas coisas tem preço ou se compra. E cada um destes momentos, hoje fazem parte da minha caixinha de lembranças guardadas a sete chaves! A praia é minha casa (adotada), a praia é meu refúgio, a praia é aonde sou o que eu sou na minha essência, sem máscaras, sem sapatos, sem proteção, sem medo... o passado escrito na areia levado pelas ondas, o futuro enchendo de esperanças como a maré, apenas eu, despida e feliz! Neste eterno ciclo. 

Aproveito e deixou um feliz natal a todos vocês meus queridos, de coração! Muito fraterno e sereno! 

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Beijo grupo


Ola meus queridos(as)

Ontem tivemos nossa última reunião do ano, beijos grupo amado e até ano que vêm! Um ano de muito serviço, um ano de muito crescimento, um ano que vejo claramente o fortalecimento do grupo... um ano que vi o grupo unido crescer, uma ano que, companheiras do Káritas, estamos de parabéns!!!!!  E nos aguardem, pois no próximo ano faremos nossa comemoração, 12 anos de vida com as portas abertas ajudando os familiares de dependentes químicos.  E que mais muito 12 anos venham se somar a essa idade! Su apenas grata, por ter encontrado essa porta, que foi aberta a 12 anos atrás, quando mais precisei e hoje poder ajudar a mantê-la aberta, por mais 12 anos! 

Estou meio de férias, Iago totalmente de férias, Caiçara de "férias" e malas prontas para descer para praia! Eita, que saudade dos amigos queridos, do cheiro de maresia, do barulho das ondas quebrando na praia, do I. correndo pelado, de aposentar o sapato e eleger o chinelo como calçado oficial...  Do bolinho de bacalhau do Português, do abraço/amaço da minha mainhã Dona N., das risadas e chulapadas da minha irmã/amiga pau para toda obra D., do vovô adotado E. entupiando o I. de Coca-Cola (alias segundo o I., é "Coki" mistura de Coca com Coke... isso que dá só falar inglês com ele, no final sai tudo assim, junto e misturado)!

Descobri mais algumas coisas importantes sobre mim, preciso quebrar algumas amarras, e não tem absolutamente nada haver com o Caiçara, e sim comigo mesmo. Família pode ajudar muito mas pode atrapalhar muito também... no meu caso específico, porque deixo, porque permito. No fundo talvez seja eu sempre buscando aquela aceitação que nem sempre existe, pois somos diferentes, cade a mim aceitar a diferença, se o outro não vê desta forma... fazer o quê? Mas ainda carrego uns resquícios codependentes sim, querendo agradar a Deus e todo mundo (menos eu). A dinâmica agora é minha mãe...  que vira e mexe não perde uma oportunidade de questionar meu comportamento. Lembro da oração da serenidade, mas no fundo ainda sinto aquela "culpa" ridícula, que atrapalha demais... Algo a ser trabalho e MUITO em 2014, desligamento com amor dela! Já passou da hora de cortar o cordão umbilical e simplesmente não me abalar com seus julgamentos (sempre entre linhas, ela é educada demais para jogar na cara, mas pesa sabe?). Porque, eu estando tranquila com minhas escolhas, acabo me afetando tanto com o que ela acha? Preciso voltar a exercitar a teoria do foda-se. 







sábado, 14 de dezembro de 2013

O ódio é o amor que adoeceu...


Ola meus queridos(as)

Sábado a tarde, no mínimo, interessante... consegui deixar o I. com minha mãe e fui numa temática sobre espiritualidade num grupo aqui do nosso distrito com o Caiçara a tira colo. Já tinha assistido  temáticas dele, outro monstro do NA, que foram muito proveitosas; principalmente quando ele fala sobre suas experiências pessoais, muita esperança e luta mesmo. Mas hoje era sobre espiritualidade e amor. Não sei se era eu meio desconectada, ou se criei alguma expectativa (pois a última temática dele que fui simplesmente fiquei hipnotizada do começo ao fim), e hoje foi "mais ou menos"digamos assim. Independente, sempre apreendemos algo novo! E a mensagem que ficou para mim:

"Tudo é amor. Até o ódio, o qual julgas ser a antítese do amor, nada mais é senão o próprio amor que adoeceu gravemente." (Francisco Cândido Xavier)

Mais uma das "coincidências" bem entre aspas, depois de vários anos não lendo nem gibi, o Caiçara quando estava internado achou perdido numa estante empoeirada do sítio alguns livros doados (alias, anota, fazer a limpa por aqui e mandar uns livros para o sítio), e do nada, começou a ler uma biografia do Chico Xavier. Devorou cada página, se interessou tanto ao ponto de ter ido no centro espírita (aonde temos nosso grupo) conversar com a super luz, que coordena o centro; pessoa maravilhosa, elevada, iluminada mesmo (e olha que vocês me conhecem, eu não sou religiosa). 

O ódio é o amor que adoeceu... quantas vezes não visitamos esses extremos, amor e ódio? Quantas vezes eu não disse a mim mesma, eu o odeio simplesmente porque meu amor estava na UTI, precisando ser cuidado, precisando ser acolhido, precisando ser abraçado?! Quantas vezes eu não disse a mim mesma, eu o odeio porque o amava demais, um amor doente, um amor obsessivo, um amor que não dá frutos, um amor estéril? Quantas vezes eu odiei a mim mesma, porque o meu amor estava carente, sozinho, abandonado as traças? O ódio não é a ausência do amor, é um amor que adoeceu...e precisa ser cuidado! Só quem ama odeia, maluco né? 




sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

And so it is Christmas and what have you done?


Ola meus queridos(as)

No mínimo contraditórios meus sentimentos com relação a esse momento  final de ano/Natal...  Por um lado adoro esse "clima" Papai Noel, um novo ano chegando cheio de novas possibilidades, sempre um recomeço; mas também tenho aquele momento retrospectiva, colocar na balança o ano que se vai. E quando entro num shopping e escuto aquela musiquinha, And so it is Christmas and what have you done (tradução livre, então é Natal e o que você fez...) parece que o John Lennon está me dando um tapa na cara!!!! E ai dona barriga? O Natal esta chegando, o ano acabando e o que você andou fazendo nestes últimos tempos... 

E começo o processo inventário "anual" o que nos deixa um pouco introspectiva, pensativa, interiorizando a jornada 2013. Ainda não completei o balanço, mas tenho plena certeza que a dona barriga que começou esse ano não é a mesma que termina. Mudanças, algumas drásticas, outras tímidas mas mudanças. 

Alguns fatos, um ano que o Caiçara passou uma boa parte dele internado, um ano que eu ME achei no Nar-Anon, um ano de divisórias profissionais, um ano que o I. deixou de ser aquela extensão minha e começou a ser ele, um ano de novas amizades, um ano de aceitação, um ano de dor mas muito amor também! Um ano de conflitos, um ano de tréguas, um ano de paz e de guerras... um ano de altos e baixos, um ano de sol e de chuvas, um ano de flores e de espinhos, um ano de perdas e ganhos, enfim, um ano vivido! 

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

O Caiçara na sala!


Ola meus queridos(as)

Ontem foi uma noite muito especial para mim na nossa sala, o Caiçara estava lá como companheiro do NA nos visitando. Levei para a consciência de grupo e fizemos uma reunião aberta para que ele pudesse estar presente. Ele nunca tinha ido numa reunião do Nar-Anon até então era virgem... sua mente estava aberta, escutou atentamente as partilhas e no final, uma das companheiras perguntou se ele gostaria de dar um depoimento (fiquei surpresa)! Ele foi breve, mas disse ver seus pais sentados naquelas cadeiras, o sofrimento que a dependencia química causa e como foi importante, para ele, ter essa oportunidade de "ver" o outro lado da moeda. Confesso que fiquei um pouco emocionada... também não esperava ele ter sido tão bem recebido pelas companheiras! Viu povo do NA, a gente não morde não! Alias só temos o que apreender um com os outros!

Claro que não partilhei nada muito pessoal, não que a presença dele me incomodasse, mas não era esse o propósito ontem, apenas agradecer a essa irmandade e ao PS por esse momento maravilhoso. O Caiçara ficou muito feliz por ter nos visitado, saímos para comer um lanche depois e ele só falava da sala e o quanto ele gostaria de partilhar no NA a experiência que teve. Que bom, espero que ele consiga "desmistificar" um pouco, pois infelizmente, existem muitos dependentes químicos que acham que no Nar-Anon a gente julga e fala "mal" deles... longe disso, claro que dói, mas escolhemos não sofrer e cultivar o amor a nós mesmos e aos nossos entes queridos. É um discurso de amorosidade, aceitação e MUITA esperança! Temos nossas recaídas, mas sempre podemos contar com essa rede de apóio que existe por uma única razão, o amor...

E hoje, escrevendo essas palavras me pego pensando... quem diria que um dia eu estaria coordenando um grupo e o Caiçara estaria presente?!!! Esse mundo dá muitas voltas mesmo, e que continue dando muitas mas muitas mais voltas! A mudança. 

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Para valorizar tem que faltar?


Ola meus queridos(as)

Contagem regressiva, última semana de aula do I. e que venham as férias (meio curtas mas melhor que nada)! Decidi sair antes do auê Natal/Ano Novo, quem sabe um pouco antes das aulas voltarem ano que vem, damos uma escapadinha novamente. 

Alguém postou isso por ai, para valorizar tem que faltar... para não ficar fora de contexto, abrangia a discussão sobre a qualidade da alimentação (em geral não das melhores) nos CTs por ai. A argumentação era a reeducação, o dependente químico internado apreenderia a dar valor a comida, uma vez que esta estivesse escassa ou ruim... Bom, o pouco que entendo é exatamente o contrário, principalmente passando pela desintoxicação, pois o organismo esta debilitado e carente de uma alimentação balanceada e saudável (segundo os nutricionistas que trabalham nos CTs que eu reconheço como profissionais). Mas a pergunta é, será? Para valorizar tem que faltar? Faltar comida, faltar compaixão, faltar amor, faltar carinho, faltar amizade, faltar cumplicidade...faltar?!!! Nós realmente só damos o devido valor as coisas quando elas faltam? Minha resposta, não. 

Você precisa ser privado de tudo que lhe é querido, humano para se tornar um ser humano, ou a reação é ao contrário, e você vira um bicho? Quando falta tudo, inclusive sua dignidade como pessoas você vai valorizar exatamente o que? Mais nada, talvez o seu cobertor imundo e aquela marquise que o abriga da chuva... 

Para você valorizar cada dia, não precisa faltar dias... para você valorizar o amor, não precisa faltar amor e, no meu humilde ponto de vista o contrário, transbordar esse amor, abundância de amor! Cultivá-lo e fazê-lo crescer, multiplicar SIM é valorizar! 


domingo, 8 de dezembro de 2013

Caminhada no centro


Ola meus queridos(as)

Domingo traquilo, I. tirando sua soneca da tarde depois de ter brincado na piscina a manhã inteira, eu aqui tentando colocar a pós graduação em dia (tudo atrasado)! Ontem estive no Vale do Anhangabaú, as irmandades estavam presentes prestigiando a caminhada "por uma vida sem drogas", levei o I. comigo e encontrei com o Caiçara lá! Até o I. ajudou a distribuir os panfletos do Nar-Anon, além de se divertir até correndo de um lado para o outro, e eu só dando risada do Caiçara levando um olé dele! Por duas horinhas até que ele deu conta, e agradeço por isso; assim pude ajudar e me ajudar como Nar-Anon neste evento. Sempre bom demais abraçar as companheiras, uma em especial... que só conhecia de "fama" e uns bate papos internéticos. Ela é uma das fundadoras do grupo que eu frequento e presto serviço, um dinossauro, um "monstro" do Nar-Anon (não é só o NA que tem monstros não!). Coordenou nosso grupo por muitos anos, andou meio "aposentada" da irmandade mas sempre vivendo a programação, sua estória cheia de muita luta e esperança! Uma honra! Que abraço gostoso, sereno, amoroso... quero mais!!!!! 

Entre tanta alegria e confraternização, fiquei meio chocada como o centro da cidade esta degradado... pessoas largadas nas esquinas, nas praças, enroladas nos seus cobertores imundos, sujeira, usando drogas em plena luz do dia. Espectros, fantasmas que incomodam as pessoas que simplesmente estam andando num domingo de manhã fazendo de conta que "eles" não existem, você acelera o passo, olha para o outro lado e pede para não ser assaltado nem sentir aquele cheiro de lixo. Muito triste... e me pergunto, o que fazer com esses fantasmas escravizados pela droga que assombram as ruas da nossa cidade?! 

Enfim, vamos cultivar as coisas boas! Fui muito legal mesmo, uma maneira diferente de se passar o sábado de manhã, e o Caiçara prestativo, ajudando com o I. e todo orgulhoso da sua mulher. Não tinha um companheiro do NA que chegasse, e lá vinha ele apontando para mim, dizendo, aquela é minha mulher, ela é do Nar-Anon. Jesus... chegou a encher o saco! Quando deu a hora do I. , me despedi com muito carinho das companheiras, e fomos almoçar depois de uns 500 panfletos. Alias fiquei imaginando, quantas daquelas pessoas que pegaram o panfleto realmente nos procurarão, quantos são familiares que ainda sofrem com a dependência química... inúmeras caras perdidas na multidão. E fiquei imaginando qual seria a estória de cada um; no fundo, sabendo que todas são muito parecidas infelizmente. 

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

É a única forma que eu sei amar


Ola meus queridos(as)

Atropelou tudo e não consegui sentar e escrever esses dias (não por falta de vontade)! Então vamos dissecando por partes... no começo da semana estive no press release que a UNIAD fez divulgando os dados da tão esperada pesquisa com os familiares de dependentes químicos. São números, no mínimos a se pensar, porém, aqui vou eu e meu lado pesquisadora, totalmente bias... começando pelo grupo amostral. Não vou entrar no mérito, pelo menos temos números, e a partir dai algumas políticas de prevenção possam ser elaboradas...porém, simplesmente achei um absurdo como as famílias foram vitimizadas! Quem assistiu minhas entrevistas na mídia percebeu minha indignação, não adianta fazer ninguém de coitadinho, nem o dependente químico nem a família (pois é, agora até isso meus queridos... confesso que tremi nas bases, mas se for colocar a cara para bater que seja por uma boa causa)! Alias se essas 3 mil e não sei quantas famílias que fizeram parte da amostragem fossem famílias que frequentassem grupos de apoio aos familiares de dependentes químicos, como o Nar-Anon, os números seriam muito diferentes!  

Mas independente, tive a oportunidade de conversar com algumas pessoas e é sempre um prazer estar com o Ale. Só ele mesmo para me convencer a almoçar num restaurante vegetariano, tendo uma churrascaria do lado cheirando a picanha...  O cara esta em recuperação a 20 e cacetadas anos mas manipula como ninguém (eu sou carnívora ao extremo, culpa do tempo que morei no Rio Grande do Sul)! Cada vez me envolvo mais com a ONG, e vamos ver como esse casamento vai funcionar... 

Na terça também recebo a notícia que o Caiçara estava sendo transferido para a moradia assistida de VEZ (eu sabia de ante mão que eles deixariam ele passar meu aniversário comigo, mas ele veio para ficar...). O sítio já cumpriu sua função. Eu já previa tal possibilidade depois de conversar com a Dani esses dias e até, me despedindo do sítio na última visita. E eu? Mais uma vez nada... fico feliz em saber que ele estará voltando a sociedade, que poderemos almoçar, nos ver quando quisermos MAS sem paranóia. Entendo a ansiedade de algumas de nós quando os entes queridos estam prestes a saírem da internação, confesso que desta vez, ansiedade zero, expectativa zero... pois o plano de prevenção a recaída, e sua rede de apóio esta sendo montada de uma forma muito eficaz; cabe a ele abraçar essa rede (que até então, ele nunca teve). A viagem começa agora, aqui fora! E como respondi a uma jornalista, depois de um cenário tão devastador colocado pela pesquisa, se havia luz no fim do tunel, pois as famílias (segundo a pesquisa) esperam pelo pior; eu apenas disse: Eu acredito PIAMENTE na recuperação de qualquer ser humano! 

E ontem, depois de um jantar escolhido a dedo num restaurante maravilhoso, entre trilhões de travesseiros e lençois de algodão egípcio (dou o nome do motel para quem se interessar....) ele olhou dentro de mim, e perguntou; Como você pode me amar tanto assim? Eu simplesmente respondi: É a única forma que eu sei amar... e as lágrimas escorreram no seu rosto. E esse foi o melhor presente de aniversário que eu já ganhei!

domingo, 1 de dezembro de 2013

Última visita?


Ola meus queridos(as)

Cada vez que vou visitá-lo no sítio dá uma vontade tão grande de simplesmente ficar por lá... e nem é por ele (claro que gosto da sua presença e sinto saudades) mas o sítio exala uma paz imensa! Uma beleza exuberante, uma natureza integrada aquele antigo casarão de fazenda rodeado por colinas contemplando o lago que reflete, como um espelho, o azul do céu. É quase como se, por algumas horas, eu esquecesse do resto do mundo e estivesse de férias no campo! Engraçado que senti me despedindo daquele lugar, talvez mais uma visita (ou nem isso) e o Caiçara estará de volta a civilização.  O sítio já cumpriu seu propósito. Mas lá no fundinho, aguardo a decisão da equipe terapéutica que ele fique internado, pelo menos, até a próxima visita pois não me despedi da cachoeira ainda!!!! 

Terça feira ele vem para SP, quarta é meu aniversário, e depois de 2 anos seguidos sem a sua presença neste dia (ano passado estava internado naquela meleca de clínica, e ano retrasado trabalhando num restaurante), se nenhuma catástrofe acontecer, finalmente passaremos juntos meu aniversário. Tudo no esquema, jantar reservado, motel reservado (a noite toda.......), babá reservada! Fui!!!! Na quinta ele tem um horário com a terapeuta, dependendo de como for, talvez só volte para o sítio pegar suas coisas. O que eu acho disso tudo? Simplesmente nada, confio plenamente na equipe terapéutica e essa decisão não cabe a mim e sim à eles, se eles acham que o Caiçara já está pronto para ser transferido para a moradia assistida e ficar no sítio até Janeiro não é necessário... quem sou eu. E sempre podemos voltar para nos despedir da cachoeira num dia de visita!

Hoje, voltei do sítio com mais três mulheres no carro (dei carona), três namoradas de três internos, três estórias aonde nenhum grupo de apoio aos familiares faz parte (orfãos de Nar-Anon, ou AE, ou Pastoral ou Cura-te ou o que seja...). Uma, já conhecia do ambulatório (a dependente química/codependente inconveniente que chegou no sítio vestindo uma camiseta do NA e na hora de ir embora trocou por outra (?), que dormiu  durante a viagem, a noitada deve ter sido boa), uma menina mais nova que trabalhou em outras clínicas (na parte administrativa) namorada de um novo interno, 23 anos de adicção batendo umas 18 internações que parecia uma múmia anoréxica e uma mulher, mais velha que eu, muito gente fina, namorado batendo umas 20 internações, terapeuta certificado, depois de 7 anos limpo trabalhando em clínicas só recai nos últimos anos, morando na rua de tempos em tempos. Gostei muito dela, conversamos bastante sobre o Nar-Anon e ela seria a candidata ideal a nossa irmandade, a abracei quando nos despedimos, e espero de coração que ela procure uma salinha (me ofereci a ir com ela) pois senti que realmente ela esta pronta para nos conhecer e ficar! Trocamos umas figurinhas durante a viagem e ela perguntou daonde eu tirava esse amor (suas palavras); simplesmente respondi, do amor que me é dado e cultivado!

Durante a visita, conversando com o Roberto (o coordenador so sítio), mencionei isso quando ele disse que recuperação é se contrariar (ele entrou em recuperação pela dor mesmo, puxou cadeia e sei lá mais o que), mais uma vez puxei aquela da manga, a recuperação é um processo muito individual MAS para mim recuperação é recuperar o seu amor próprio, seu amor pela vida... Se você se ama, se você ama viver você não vai se matar usando drogas ou perdendo noites de sono perambulando por biqueiras a procura do outro e esquecer de amar a sua vida.