terça-feira, 30 de abril de 2013

Voltar para casa


Ola meus queridos(as)

Momentos difíceis, muito difíceis que sei que ele esta passando. Decidiu (sabiamente) não ficar na clínica como monitor (todos nós sabemos que isso é muleta, mas ele resolveu por ele mesmo - eu não interferi, devido a assuntos outros mas resolveu voltar para casa). Mas a casa a qual ele retorna não é a mesma que ele deixou meses atrás...esta mais vazia, perdeu seu alicerce; provavelmente não é mais o seu porto seguro. E me questiono, aonde ancorar sem um porto seguro?

Hoje consigo me colocar no seu lugar, não exatamente sentir a sua dor (pois somos únicos) mas sentir compaixão, solidariedade e uma vontade incontrolável de abraça-lo, acolhe-lo e até mentir um pouquinho dizendo que tudo vai ficar bem (quem sou eu para saber, não tenho bola de cristal... mas desejo que tudo fique bem, serve?).

Depois da sala hoje conversamos no telefone e senti ele exausto, não só fisicamente. Porém, sei muito bem que o poder superior esta lá segurando suas duas mãos agora, e fico serena, tranquila...Engraçado como confio nele plenamente, até minha madrinha, depois das chulapadas que levei ficou surpresa como estou centrada. Honestamente, simplesmente uso as ferramentas que lentamente fui apreendendo, e quando digo que me preparei todos esses meses é porque eu realmente pratiquei. 

A única coisa que me deixa triste e não estar lá, ao seu lado num momento que um abraço poderia fazer toda a diferença. Mas para estarmos lá, um ao lado do outro, teremos que trabalhar um dia de cada vez. Só me dói (um pouquinho) saber que a pessoa que eu tanto amo esta vivenciando tudo isso sozinha. Ele é forte, e vai superar, essa primeira noite na casa vazia! 

Construiremos nossa casa, aos poucos!

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Limpo sim, em recuperação SUPER SIM!!!!!!


Ola meus queridos(as)

Não pude deixar de escrever sobre algo extremamente importante nesse momento, e mais ainda o que impulsionou minha decisão de abraçar essa causa... suas atitudes, seu comportamento, sua postura quanto a vida (erros e acertos) finalmente é de um dependente químico em recuperação! Super sim, em recuperação. Não que ele mereça uma medalha por isso (como diz um sábio amigo do NA, não faz nada mais que sua obrigação), mas merece meu reconhecimento. Super sim, ele se superou num momento de provação enorme...Super sim, ele não é mais um bicho perdido no meio do mangue a deriva... Super sim, ele é o pai do meu filho (e tenho orgulho disso)....Super sim, ele é a pessoa que eu amo!

Então, hoje, só por hoje, mas amanhã e depois e depois (sem nenhuma dúvida) SUPER sim, sou sua mulher, enquanto ele estiver em recuperação SUPER sim!!!!!!

Lua de Mel


Ola meus queridos(as)

Ele me pediu por favor, eu disse sim eu vou descer...e sexta feira a tarde depois de longos meses, com o mar o sol e o I. como testemunhas um abraço apertado, o beijo tão esperado. O tempo parou e a lua de mel começou. Estou pronta, sei que ela pode durar ou não durar mas optei por viver o hoje, o agora e ser feliz. E por um final de semana, fomos uma família com sonhos de sermos uma família todos os finais de semana, todas as semanas...

Começamos a desfazer as malas e planejar uma nova viagem, aos poucos, sem muita pressa (preciso trabalhar melhor minha ansiedade imediatista - ele tem razão quando a isso, alias escutando-o ele tem razão quanto a várias coisas). Eu também manipulei, controlei (ou quis controlar - insanidade minha), não respeitei suas escolhas (inclusive as certas!), atropelei! Ainda temos muita roupa suja para lavar, mas ao longo desses dias pude sentir uma vontade sincera (de ambos) em trabalhar as mágoas transformando-as em compaixão, recomeçar nossa estória (honestamente só não sei se do zero, do cinco ou do cinquenta...nem todas as páginas podem ser viradas - acho eu, algumas coisas vão ficar na mala mas apenas aquelas que forem úteis para a nova jornada).

Na sexta a noite deixamos o I. com a ex-babá dele (ela foi babá dele quando moramos em Peruíbe, alias eu sempre tive sorte com babás); confesso que não houve muito espaço para longas e profundas conversas...estava me sentindo uma virgem tremendo dos pés a cabeça, mas ele carinhosamente me acalmou e a química estava lá (como sempre), finalmente depois de infindáveis solitárias noites adormecemos um nos braços do outro. Bom meus queridos, isso aqui não é roteiro de filme porno, ne'? Então sem maiores detalhes...ai que vontade de contar! Mas não vamos fugir do propósito aqui.

Ao longo dos outros dias juntos, conversamos, eu preciso apreender a escutar (mais) principalmente nesta fase pós clínica; é muita mas MUITA coisa que aconteceu com ele, que ele viveu e eu não participei, não tenho a mínima idéia; e se ele falou e falou e falou é porque quer dividir comigo e eu devo dar o devido valor a isso. Pórem, teve alguns momentos que precisei frear um pouco, no fundo, nem tudo me interessa (como os "casos"dos seus companheiros adictos da clínica e por ai vai). Sei que é muito recente, mas as vezes, por algumas horinhas é bom esquecer que existe DQ, NA, Nar-Anon etc...e apenas falar dos nossos sentimentos, ou apenas ficarmos ali, abraçados, serenos...sem estress.  E curtir nosso pequeno Caiçara correndo enlouquecido na praia, com um sorriso que tudo apaga, tudo resgata...que nos faz lembrar do que realmente vale a pena, o amor!

Para você: "Poucas coisas ajudam mais um indivíduo do que colocar a responsabilidade nele e deixar que saiba que você confia nele" Booke Washington (CEFE, pag. 120)

E eu confio, sempre confiei!

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Disque SOS


Ola meus queridos(as)

Momentos insanos...eu realmente estou exercitando toda a minha paciência mas esta complicado. Oração da Serenidade....10 vezes, 20 vezes,100 vezes! Poder superior a little help here!

Pronto, agora ele acha que eu tenho outra pessoa, ou fiquei com outra pessoa. É muita insegurança. Depois de todos esses meses, ele mesmo me tratando como lixo, cada vez mais distante; sempre estive do seu lado, nunca deixei de amá-lo um segundo e deixar de acreditar nele, em mim...em nós. E agora isso? Num momento de comunhão, de união...será sempre assim? Não haverá serenidade, paz para nós nunca? Estou exausta.

O que eu fiz? Disque ajuda sanidade SOS, liguei para minha madrinha. Entre uma chulapada e outra (ela me ama mesmo), entendi melhor a dinâmica e o que esta acontecendo na sua cabeça de adicto recém saído do tratamento; realmente, ele ficou isolado do mundo por 5 meses, não sabe o que aconteceu, apenas viveu centrado na sua doença e apreendendo (espero eu) as ferramentas para enfrentar o mundão aqui fora. Perdido neste primeiro momento, como uma criança insegura descobrindo a vida novamente. E de repente uma simples lagartixa, aos seus olhos, é um gigante crocodilo. Uma gota de água vira um oceano com direito a tsunami e tudo mais! 

Honestamente, quase cheguei a achar que estava preparada para esse momento (longe disso), preciso entender que não é nada direcionado a mim (apesar de continuar sendo seu saco de pancada, sua válvula de escape - vamos precisar trabalhar isso também, mas num segundo momento); apenas sua insegurança gritando. Olha queridos, eu sabia que não seria fácil mas não achei que ficaria tão difícil tão rápido. Esperava pelo menos uma lua de mel primeiro...

Todo mundo deveria ter um disque SOS! Amo você madrinha!!!!!! Sábado estarei na oficina do Nar-Anon (não se preocupe, minha codependencia não vai falar mais alto e me fazer descer a serra correndo... vontade não falta, mas não é a hora, como você sugeriu, mentira você mandou mesmo, por isso te amo mais e dá-lhe chulapada!).

Levantar âncora


Ola meus queridos(as)

"O ser humano não descobre novos oceanos, se não tiver a coragem de perder o litoral de vista."
                                                                                                   André Gide (CEFE, pag.85)

Caiu como uma luva para mim hoje. Terei a coragem de deixar meu porto seguro e navegar por águas desconhecidas? Terei a coragem de sair da minha casinha e embarcar com ele nesta jornada? Terei a coragem de me permitir simplesmente amá-lo e voltar a viver ao seu lado? Não há garantias, não tem seguro...e as vezes, não tem volta.

Preciso me libertar desse "medinho" que ainda mora dentro de mim, o amanhã ainda não aconteceu e se plantarmos bem hoje, colheremos um amanhã farto! Mas nem tudo são flores, infelizmente plantamos muita erva daninha no ontem, e hoje precisamos capinar o jardim e recomeçar! E como disse um sábio amigo do NA, não tenha medo de começar de novo, tenha medo de ter o mesmo resultado. Vixiiii...esse jardim tem tanto mato, vai dar um trabalhão mas se cooperarmos, fizermos um multirão, nós dois juntos comprometidos ele vai voltar a florir.

Além de que estou cansada deste litoral que já conheço de cor...quero descobrir novos oceanos! No fundo, venho me preparando para essa viagem a meses... Então vamos levantar âncora e partir! 

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Coração


Outra ligação...será que nos escutamos? Eu escutei meu coração batendo, meu amor por ele...sempre. Escutei um Caiçara lutando, buscando, querendo...e muito! Escutei finalmente a pessoa que amo!!!!! Depois de tanto tempo. Sinto tanto sua falta que dói (mas sem sofrimento)!

Porém lembro do nosso lema: Vá com calma! E hoje, depois de noites e noites em claro, deito com a certeza que seremos uma família novamente, com os altos e baixos que virão!

Beijos queridos, vou dormir amando a pessoa que eu sempre amei! Isso inclue vocês também...

Parabéns!


Ola meus queridos(as)

Assim que acabei a última postagem recebo sua ligação. Ele "terminou" o tratamento (bem entre aspas mesmo), continua com o mesmo discurso vestido na sua armadura bordada de mágoas e inseguranças. Questionei a mim mesma, será que ele veste essa roupa só comigo ou é isso ai? As vezes é um mecanismo natural usarmos fantasias (roupagens), por exemplo, quando tenho uma reunião importante coloco meu salto alto (discreto), na praia vou de shorts e biquini, no dia a dia é calça jeans mesmo...enfim, utilizamos nossa roupagem de acordo com a situação. E fiquei pensando, será que ele utiliza essa armadura comigo porque? Qual a situação de conflito interno que ele enfrenta quando fala comigo? 

Enfim, pelo menos fiquei mais tranquila em saber que ele continuará na clínica (trabalho escravo como "monitor", todos nós sabemos como funciona, é para tapar o burraco mesmo - não resolve nada, só para o dono da clínica né?) por mais um tempinho. Honestamente, nunca pensei que diria isso (principalmente porque não suporto a incompetência daquela clínica, quem sabe um dia eu ainda faço algo mais produtivo para que ninguém mais caia naquele burraco, mas agora não tenho tempo nem para ir no banheiro...muito menos me preocupar com isso). Resumindo, no presente momento frente ao que escutei dele, melhor ficar por lá mais um pouco (e não no manicómio). Talvez eu esteja me enganando, ou adiando mas, só por hoje, ficarei tranquila com a minha serenidade centrada e pedirei ao poder superior que me guie mais um dia. Sem stress...

Infelizmente algo dentro de mim me entristece, quando ele se internou meses atrás; sonhei com este dia, o dia que ele completasse o tratamento, uma imagem: eu na porta da clínica, o esperando de coração aberto, o abraçando, o acolhendo! Voltando com ele para casa com nosso pequeno, finalmente juntos. É, digamos que o destino (e as escolhas) me privaram deste momento tão esperado, tão sonhado, tão único...mas outros virão, hoje tenho certeza que o pai lá em cima reservou algo muito melhor para nós!

Independente, parabéns! Foi uma conquista, aonde muitos fraquejaram, desistiram, caíram, você meu Caiçara prevaleceu! Boa graduação! O dia vai chegar que o abraço guardado a tanto tempo será dado, com muito amor.


Meu nome é dona barriga, uma Nar-Anon em recuperação!


Ola meus queridos(as)

O que há de tão especial numa salinha cheia de cadeiras de plástico e uma mesinha com uma toalha azul em cima? Nada... a mágica acontece quando as pessoas sentam nessas cadeiras! A mágica acontece quando elas praticam os passos, refletem sobre as leituras, partilham, abrem seus corações e mentes e, acima de tudo, se sentem acolhidas nesta irmandade. A mágica acontece quando "seguro minha mão na sua, uno meu coração ao seu para que juntos possamos fazer aquilo que sozinho eu não consigo".

Ontem na nossa sala mágica refletimos sobre a importância de continuar voltando. Ainda lembro da minha primeira reunião, o quanto foi bom saber que eu não era o único peixe nadando neste oceano e frustrante ao mesmo tempo pois eu queria as respostas dos porquês! Soluções mirabolantes! Fui para casa aquela noite com um sentimento de alívio (ufa! não sou só eu) mas vazia...cadê as respostas? Meu "eu" lógico, racional, imediatista urrava! Mas continue voltando (sou meio curiosa também), e voltando, e voltando....e lentamente, sem perceber, algumas coisas começaram a fazer mais sentindo, inconscientemente foram mudando e o processo da longa recuperação começou. Hoje, com muita aceitação falo sem ressalvas: Meu nome é dona barriga, sou uma Nar-Anon em recuperação.

Notei algo no meu comportamento também durante as partilhas, já não sinto mais tanto aquela necessidade de falar, vomitar tudo, extravassar. Não sou mais aquele cão raivoso (claro que tenho meus momentos); as vezes prefiro escutar aos companheiros (ou ceder meu tempo para quem realmente precisa partilhar, o que é raro pois nossa sala é bem pequena e sobra tempo!). Ontem mesmo, o Caiçara terminando o tratamento, voltando ao "mundo" (enfim, daria uma boa e longa partilha) mas optei por falar diretamente a uma nova companheira, mais ou menos a minha idade, companheiro adicto internado a 2 meses...ela se sentindo meio perdida na nossa sala cheia de mães e pais. Partilhei minha condição de companheira de adicto também e das dificuldades outras que isso acarreta em termos de escolha, não existe ex-filho mas existe ex-marido (ou seja, ficar ao seu lado é uma total opção e muito amor, por ele e por você). Espero ter ajudado pois seu abraço no final da reunião foi sincero e bem apertado! São essas pequenas coisas que me fazem continuar voltando, e hoje, prestar serviço a nossa irmandade. Alias, também fui eleita RGSID!!!! Estou com tantas idéias.


terça-feira, 23 de abril de 2013

Se não babau...


Ola meus queridos(as)

Estou apreensiva. Venho me ocupando muito com o trabalho, a nova pós graduação em mudanças climáticas e mercado de carbono que começou essa semana, meu pequeno, amigos... enfim; o dia a dia mas confesso, lá no fundinho, uma certa ansiedade e muita preocupação. Não tem como não lembrar, ele termina o tratamento essa semana, não estará mais "protegido" entre os muros da clínica e o mundo aqui fora continua igual. Uma vez eu disse a ele, quando saiu de resso, que o mundo não iria mudar, as biqueiras não mudaram de lugar (talvez uma ou outra), os "amigos" (bem entre aspas) continuam por ai. Eu espero que quem tenha mudado nesta dinâmica toda seja ele, senão ele voltará a ser mais uma peça nessa engrenagem e babau. 

Fico aqui com os meus botões pensando o que realmente de concreto poderia fazer para ajudá-lo neste momento pós clínica. Como nosso diálogo anda inexistente não sei seus planos, mas imagino que deva voltar a morar na casa da mãe que agora é da irmã maluca, péssimo. Eles tem uma relação extremamente tóxica e neurótica, ela nunca colocou o pé num grupo (Nar-Anon ou AE que seja), não entende absolutamente nada sobre dependência química muito menos o momento final de tratamento/início de recuperação que o Caiçara estará, é ignorante, grosseira, baraqueira, fanática, altamente carente, com uma codependencia batendo no teto...e a lista vai, resumindo, a pior companhia para morar com ele agora. Outra preocupação de ordem prática é se ocupar, como sabemos, cabeça vazia oficina do diabo. Criar uma rotina na qual ele se sinta seguro e produtivo. Conversando com uns amigos algumas sugestões muito válidas apareceram. Voltar a estudar, se profissionalizar num curso técnico. Terei imenso prazer em bancar seus estudos, mas (como apreendemos né) ele tem que querer! Cheguei a me informar de alguns cursos técnicos em Santos (como Petróleo e Gás, não muito a cara dele mas é aonde esta o mercado de trabalho; Gastronomia ou mesmo Meio Ambiente). Aqui estou eu já criando expectativas....primeiro as primeiras coisas! 

Na verdade, todos nós sabemos que sem essa rede de apoio fica muito mas MUITO difícil! Pior, inúmeros casos nos quais o DQ realmente entra em recuperação mas a família continua lambendo a sua codependencia e o final da estória: todo mundo recaído. Todos, e digo TODOS sem exceção precisam estar trabalhando sua recuperação senão babau...

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Geo(ego)centrismo


Ola meus queridos(as)

Sim!!!! Eu acabei indo para praia, não resisti a coceira. Desci sábado a tarde, finalmente o tempo ajudou com um solzinho gostoso (bom, entrar no mar nem pensar, já esta gelado!), encontrei os velhos amigos de sempre e, olha que legal, uma amiga que fazia um tempão que eu não via (também eu nunca sei quando ela esta em Peruíbe ou na Europa, nômade mesmo). Descansei bastante, pensei bastante, ri bastante...Foi ótimo, como uma recarga nas baterias pois sei que vou precisar delas logo, logo.

As vezes as pessoas não fazem sentido nenhum! Eu pelo menos tento manter um basal, claro que nos desviamos da média de tempos em tempos mas um desvio padrão estatisticamente aceitável, não uma anomalia! Ou simplesmente sair do 8 e ir para o 80 em questão de minutos, instabilidade emocional maluca! Quando temos um melhor entendimento de nos mesmos, um certo auto conhecimento ficamos mais centrados e serenos; não explodimos como uma panela de pressão ou mudamos da água para o vinho em segundos...Presenciei uma crise bipolar destas de alguém próximo e ainda não entendi. É meus queridos, ninguém conhece ninguém mesmo! E eu continuo me decepcionando com as pessoas, no fundo sou eu mesma sempre tentando entender coisas que não têm lógica. Na verdade a chave é aceitar a realidade do outro, sem entender o que não faz sentido; pois a única coisa que faz sentido é a sua (própria) realidade. Se alguém quiser acreditar que a Terra (ele) é o centro do universo que pena, deveria atualizar esse conhecimento estudando Galileo (pois a teoria do heliocentrismo é realidade a quase 400 anos)! 

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Sexta feira dá coceira!


Ola meus queridos(as)

Acho que já passei por todos os cenários possíveis, desde voltar para Peruíbe e vivermos felizes para sempre numa casinha cor de rosa até pegar o primeiro avião para os USA e sumir no mundo (também cogitei abrir uma pousada ecologicamente engajada no nordeste ou cultivar ostras)! Todas altamente utópicas e extremistas...o ideal seria um meio termo, procurar um equilíbrio. Eu não quero sair fugindo mas também não consigo me jogar cegamente deste precipício...A pergunta continua sendo o que eu realmente sinto? O que eu realmente quero para a minha vida? Melhor, eu quero ele de volta na minha vida? Qual o papel que eu gostaria que ele tivesse na minha vida? Não que esteja tudo lindo e maravilhoso, mas esta tudo bem; eu gosto da minha vidinha assim... Honestamente, vou deixar ele me dizer com suas atitudes. Enquanto isso, manterei minha cabeça aberta (sem pré-conceitos no sentido literal do termo), quem sabe ele me surpreende (ou decepciona de vez).

Sexta feira a tarde já começa a dar aquela vontade de colocar o I. no carro e descer a serra...que meleca, teoricamente esse final de semana não vai dar (tenho oficina do Nar-Anon sábado de manhã, uh...mas e depois do almoço?). Isso é outra coisa que as pessoas que me conhecem entendem bem, não faço planos demais; as vezes eu simplesmente vou! Minha mãe, e sua vida meticulosamente planejada, fica maluca. É sério, se você perguntar para ela aonde ela estará em 23 de Agosto de 2015 ela já sabe! Coisa mais chata...Ela deveria morar nos USA, 90% de todos os americanos que conheço são assim. Alias eu demorei uns bons anos morando lá para entender que quando você encontra alguém e diz I call you later, eles realmente esperam que você ligue mais tarde! No fundo é o nosso velho "a gente se fala depois"...mas eles são tão literais e programados que não entendem dessa forma, e ai de você se não ligar! Lembro de um Thanksgiving que fui convidada, casualmente disse que I will stop by (traduzindo para o "brasileires" eu dou uma passada - se der (implícito)...acabei não indo, meu amigo virou a cara por semanas! Resumindo, muito cuidado com o que diz para um americano, a cabeça deles é diferente. Eles não entendem a nossa leveza tropical, digamos assim!




quinta-feira, 18 de abril de 2013

Chutar ou não chutar o balde? Eis a questão


Ola meus queridos(as)

Vamos utilizar um pouco a razão (e deixar os sentimentos de lado por enquanto). Quais são os prós e contras de embarcar nessa jornada com o Caiçara? Listinha:
Prós:
- ele é o pai do meu filho
- já o amei muito (hoje?)
- está limpo (em recuperação?)
- bom de cama, carinhoso (da última vez nem um coisa nem outra)
- cozinha muito bem
- charmoso, envolvente (entenda-se manipulador...opa deveria estar nos "contras")
Contras:
- me roubou, me bateu, me prejudicou
- foi se drogar dias antes do I. nascer e dias depois do I. nascer (essa eu ainda não consegui perdoar)
- imaturo, possessivo
- irresponsável
- desorganizado
- explosivo, agressivo
- é e sempre será um DQ
- minha família odeia ele
- nunca fez nada pelo I. (nem uma mísera fralda)
- sem nenhuma qualificação formal
- sua família (entenda-se bem, a irmã) é maluca,  pobre, barraqueira e ignorante
- não me apoiou (nem apoia), ampara ou defende
- são paulino (to brincando agora)

Acho melhor eu parar por aqui pois a lista dos "contras" esta crescendo...
E agora você me diga, o que pesa nessa balança?

E agora José?


Ola meus queridos(as)

Eu devo ter bola de cristal mesmo! Puxa, se eu tivesse o mesmo insight para os números da mega-sena...Ele me ligou, termina o tratamento na próxima semana, gostaria de conversar sobre "nós" quando sair. Ainda existe "nós"(eu me questionei)? Alias ele continua com um discurso péssimo, cheio de raiva e mágoas; na retranca e me fazendo de saco de pancadas. Ah, e claro, para ele se sentir melhor com ele e as merdas que fez precisa apontar meus defeitos (os que eu tenho e os que eu não tenho) e querer me mudar. Mecanismos clássicos de autodefesa! Olha, esses dependentes químicos são tão óbvios que chega a cansar. Só porque esta limpo a 5 meses, entende um pouco melhor o programa dos 12 passos, entrou em contacto com o poder superior (espero eu) quer partilhar seu inventário (claro, em troca ele quer que eu partilhe o meu com ele...o dependente químico é ele, não eu; acho que as vezes ele esquece disso), e me mudar...Só podemos modificar a nós mesmos, aos outros só podemos amar (nem o básico ele praticou)! Para justificar a sua doença, ele precisa dizer que eu estou doente...Confesso que não estou com a minha serenidade "budista" mas, minha codependência esta sobre controle, muito obrigada (dá-lhe Nar-Anon)!!!!!!! Além de que eu sou gente, e gente tem defeitos, tem problemas e isso não é codependencia....é apenas consequência de ser gente pombas! Agora qualquer coisa é motivo para uma gigante psicanálise (ainda mais vindo de quem Dr. Caiçara?), que saco!

Eu não sei mais quem ele é e vice-versa. A dona barriga de 5 meses atrás quando ele se internou não existe mais; e a versão atualizada dela o Caiçara não esta gostando tanto assim. Se ele quer uma codependente facilitadora na vida dele vai achar outra (quem sabe a Cida não adota ele?), porque essa aqui se aposentou! Sinceramente eu não sei se eu quero passar o resto da minha vida como se fosse uma sessão de terapia familiar! Entendo que neste primeiro momento pós clínica ele vai literalmente só viver os 12 passos, meio bitolado mesmo (é o processo, com o tempo ele reconquista sua auto confiança e a insegurança deste recomeço diminui).

Independente dessa dinâmica toda a verdadeira pergunta é: E agora Dona Barriga? Você o ama? É possível trabalhar toda a mágoa e dor causada nestes últimos meses? Ou simplesmente sofri demais, estou bem desse jeito e ponto final. Não sei...mas a bagagem é pesada demais para continuar a mesma viagem. Seria necessário desfazer as malas, colocar a roupa suja para lavar, planejar uma nova viagem e fazer uma nova mala...E tudo isso requer muito mas MUITO comprometimento.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

A gaveta


Ola meus queridos(as)


Fazia um certo tempo que não me emocionava mais com as partilhas (vamos ficando calejadas) mas ontem chorei...Uma menina, nem 16 anos de idade, irmão adicto, já tão machucada pela dependência química, um discurso adulto; ela não era mais uma menina mas sim uma mulher sofrida cuja adolescência foi roubada pelas drogas que ela nem usou. É meus queridos...quanto tempo mais demoraremos para abrir os olhos para essa epidemia mundial? Oficialmente fui eleita RG (representante de grupo) e já tenho uma reunião sábado (xiiii.....nada de descer a serra esse final de semana). O grupo dos 5 (minha madrinha faz parte, e não, eu não embebedei ela depois da reunião) estava lá, juntando todos eles dá uns 40 anos de Nar-Anon; eu adoro eles, sua serenidade inabalável, suas sábias partilhas; um dia eu chego lá!

Venho pensando muito há alguns dias mas ontem, digamos, verbalizei na partilha. O amor dentro de nós. Inúmeras vezes achamos que ele não está mais lá, demos para alguém sem ser correspondido, foi roubado, sumiu no meio de tanta dor e por ai vai.

Numa das nossas últimas conversas (olho no olho, acho que foi na resso) disse que não havia sobrado mais nada dentro de mim, foram anos e anos apenas dando, dando, dando sem receber nada em troca e eu me sentia vazia, isolada no meu casulo, incapaz de voltar a me relacionar com ele ou qualquer pessoa. Não por medo de me machucar novamente, mas porque simplesmente cheguei a conclusão que eu não tinha mais nada dentro de mim para oferecer a ninguém, o poço secou! Crise existencial brava mesmo! Porém essa vida não é tão preto no branco...alias pelo contrário, o arco-iris de cores é infinito.

E a descoberta. Tenho muito amor, desejo e carinho dentro de mim! Sempre tive e terei, apenas procurei nas gavetas erradas e finalmente, abri a gaveta certa. E lá esta! 

terça-feira, 16 de abril de 2013

Fortalecer



Ola meus queridos(as)

Meu coração de mãe hoje foi colocado a prova (e eu fui reprovada, não passei!). Algumas semanas atrás, na última consulta com a pediatra ela pediu uma batelada de exames para o I., tudo meio rotina (mas também para avaliar alguns fatores alergénicos e o seu crescimento - é digamos que o Caiçara não seria um doador de esperma pela sua altura nórdica)! Como o retorno é no final do mês lá fomos nós de manhã no laboratório. 

Confesso que não segurei a onda, ele chorando, berrando enlouquecido enquanto as enfermeiras tentavam (em vão) colher o sangue...A babá foi recrutada a nos acompanhar e foi o que salvou, ela ajudou a conter o I. e depois de três tentativas finalmente! Na segunda tentativa eu entrei no modo leoa, para tudo, chega vamos embora...Para variar escutei a voz da razão, meu pai me acalmou no celular, o laboratório é muito conceituado (é verdade), ele já esta estressado melhor deixar eles colherem de uma vez do que sair correndo com o I. nos braços e ter que voltar outro dia para mais estress... É meus queridos, cadê aquele sangue frio tão necessário? E daqui para frente serão cortes, tombos, pernas quebradas, e por ai vai! Eu também não fui a criança mais santa da face da terra, quebrei todos os membros possíveis, tenho uma cicatriz gigante no meu pulso (corte de vidro, 8 horas de micro cirurgia para re-ligar os tendões e meses de fisioterapia), outra na cabeça (o carrinho de feira despencou em cima de mim) e algumas menores. Preciso me fortalecer...sou a gigante mãe bundona!

Alias preciso me fortalecer em todas as fronteiras, logo ele deve estar recebendo alta da clínica (talvez a palavra certa nem seja alta...quando um DQ recebe alta, nunca né gente? Não tem cura...) e eu ainda estou construindo minha casinha de tijolos. Se ele de resso já foi complicado imagina o que vem agora. Honestamente, eu não sei de mais nada, não espero mais nada e, às vezes, nem quero saber de mais nada! Parabéns dona barriga...esse seu discurso dura até você tirar a sua armadura, desabar na cama a noite e ninguém ver suas lágrimas. Alguém, por favor, me dê outro tapa de realidade?!!!! Graças a Deus, hoje tem sala!



segunda-feira, 15 de abril de 2013

Cabeça na Lua


Ola meus queridos(as)

Céu azul e sol nesta segunda feira, claro, já que choveu o final de semana todo! Mas melhor uma segunda ensolarada do que cinzenta...Que correria, uma maratona (é, atrasou tudo) mas fico feliz em informar que a babá voltou e com ela, minha sanidade mental também! Ufa...Estou meio aérea hoje, pensamentos dispersos (quase consegui enviar o parecer técnico da Petrobrás para a Votorantim por engano, ainda bem que existe estagiário!). Difícil focar numa coisa só, esta tudo meio embaralhado; sabe quando você acende a luz e acaba ligando o chuveiro? Entra no carro, fica contemplando o nada pela janela e esquece para aonde estava indo? Estou vagando em lala land mesmo...quando será o próximo feriado? Socorro! Resumindo, estou com a cabeça na Lua!

Conversando/lendo esposas e namoradas de adictos, notei que a palavra abandono é muito utilizada; inúmeros discursos sempre parecidos: eu o amo demais, não vou abandoná-lo. Abandono não é uma palavra que faz parte do meu dicionário, o que existe são escolhas e consequências destas escolhas. Já a parte "eu o amo demais" esta mais para o MADA do que Nar-Anon! Ou você ama ou não ama, e o amor construído, sincero, maduro nunca é demais ou de menos. Se você ama "demais" talvez não seja amor...e sim obsessão, carência ou até falta de amor próprio. Amar demais (ele) é a falta de amar (você mesma)! E isso em qualquer relação, seja com um adicto ou não. No fundo eu sinto que entendo muito pouco deste amor pleno (talvez só Gandhi e Jesus). Somos pessoas moldadas por sentimentos não muito nobres; ciúmes, raiva, intolerância, mágoas e a lista é longa. Como realmente vivenciar este amor pleno? É quase uma utopia! A ironia é que passamos a vida toda em busca deste amor nos lugares errados, amando "demais", trocando seis por meia dúzia...esquecemos que antes precisamos trabalhar nossos sentimentos "não muito nobres", fazer uma faxina interna para recebê-lo (se um dia ele chegar)!

domingo, 14 de abril de 2013

Um chinelo salgado



Ola meus queridos(as)

Nada como alguns dias na praia...mesmo o tempo não ajudando, alias só dilúvio, é sempre uma revigorada na alma! Descer a serra esta cada vez mais fácil, não dói tanto e aos poucos volto a frequentar os lugares que iamos juntos sem maiores traumas. Claro que as lembranças estam lá, sempre vão estar...Estive na Prainha, provavelmente a última vez que estive lá foi com ele. Sem querer uma lembrança, ele pegando mariscos nas pedras, a maré subindo e eu no costão sem tirar os olhos dele numa mescla de medo dele ser levado pela próxima onda e admiração daquela interação Caiçara-natureza. Naquela noite ele cozinhou o melhor lambe-lambe que já comi! Espero que com o tempo sejam essas boas lembranças que fiquem guardadas.

Fiz a via sacra revendo os velhos amigos, o abraço sempre apertado da minha mainhã, as besteiras do padrinho do I., o vovô adotado Seu E. e seus bombeirinhos, até o pessoal do Bella Pizza desta vez eu encontrei! E claro minha irmã/companheira/amiga pau para toda obra D. e seus pequenos. Como a chuva não deu uma trégua, ficamos jogando conversa fora tomando uma cervejinha em casa mesmo. Fiquei feliz, ela disse que percebeu algumas mudanças significativas nas minhas atitudes com relação ao Caiçara, honestamente, ela tem razão....estou me desligando, aos poucos, baby steps! Amizade verdadeira é isso, um sábado a noite sem pressa, muita conversa aonde os dois falam e escutam pois realmente querem bem o outro, dividindo, fazendo parte....fazendo a diferença! Coisas tão pequenas que significam tanto. Preciso lembrar que são esses momentos que fazem a vida valer a pena!

Finalmente, desci a serra porque quis apenas aproveitar uns dias longe de SP com meus amigos e a praia (sem nenhum pepino relacionado com ele) e subo de volta a serra sem stress, sem bagagem...só levo o carinho das pessoas, muita areia e o cheiro da maresia comigo. Talvez, desta vez, leve um pouco mais que isso... um chinelo salgado e a vontade de voltar logo!

Para vocês: "Não precisa sofrer para saber o que é melhor para você...Não precisa morrer pra ver Deus"(Criolo)

quinta-feira, 11 de abril de 2013

A insanidade continua reinando



Ola meus queridos(as)

Não pude me conter e precisava escrever sobre as últimas insanidades...Até hoje, porque eu adoro ficar procrastinando e acreditar em papai noel, ainda não legalizei a guarda do I. Como já passou da hora, falei com nosso advogado de família uns dias atrás e decidimos começar o processo. Sua sugestão: legalizar a guarda (independente de pensão, visitas etc...) de uma forma amigável neste primeiro momento. Avisei o Caiçara no telefonema desastroso de terça que ele ligaria e estaria disposto até a descer a serra para conversar pessoalmente. 

Qual a minha surpresa quando o advogado me liga hoje, dizendo que num primeiro momento a Cida (coordenadora familiar da maravilhosa clínica aonde ele se encontra) mentiu dizendo que não havia nenhum paciente chamado Caiçara; como meu advogado não nasceu ontem, o discurso mudou (ela precisava do código dele...) e por fim disse que tal conversa não seria possível. Ótimo! Era tudo que eu estava querendo, uma ação litigiosa com direito a junta médica, exames toxicológicos e por ai vai. Sabe quando ele vai conseguir judicialmente o direito a visitar o I. sendo dependente químico limpo a pouquíssimos meses? Quando a ficha dele for bem mas BEM preta e a minha boa vontade for bem mas BEM grande! Olha, honestamente eu tento! Por mais que eu queira mandar a Cida tomar naquele lugar, a maior decepção é o Caiçara. Mais uma vez isso é fruto das escolhas dele em deixar Deus e todo mundo se envolver numa estória que diz respeito a apenas nós dois. Infelizmente era para ser algo tranquilo, amigável...afinal de contas o I. é meu filho, quem cuida dele desde que nasceu sou eu e nada mais óbvio do que legalizar isso. Agora não, virou um processo litigioso, não será bonito. Até meter o inventário da mãe dele o advogado sugeriu para cobrir a pensão do I.! Será que eu quero ir tão longe assim? Apesar de que algumas coisas de direito não são minhas logo não posso abrir mão, como a pensão do I. Isso é um direito da criança, como o advogado explicou. 

Bom, se até agora ele não entendeu que eu estava do seu lado...tarde demais. Não estou mais, cansei. E se na cabeça dele sou eu contra ele e o resto do mundo, esta mais do que na hora de eu sair do meu quadrado e mostrar que ele pisou na jaca com a pessoa errada! Eu também posso ser muito sacana...

Mas não decidirei nada enquanto este sentimento de desordem estiver dentro de mim, vou respirar um pouco, deixar passar o final de semana (oba! vou para praia!) e segunda feira, com mais serenidade tomo as decisões necessárias. De uma forma ou de outra, isso será resolvido.

Ser mãe solteira


Ola meus queridos(as)

Descobri que sou dependente, altamente dependente da minha babá! Terceiro dia sem ela...estou enlouquecendo! Mais uma vez tive que transferir todos os compromissos profissionais, e desta vez para semana que vem. Acumulou, não quero nem pensar como será...Olha, eu até tenho uma estrutura razoável com o I.; escolinha, babá, minha mãe quebra uns galhos de vez enquando mas ser mãe solteira só é lindo na novela! No dia a dia é difícil para caramba não ter alguém com quem dividir as responsabilidades. 

Fico imaginando as mães solteiras deste nosso país que deixam seus pequenos na creche o dia inteiro, trabalham 12/16 horas, ainda chegam em casa e vai fazer janta, lavar roupa e cuidar dos filhos! Elas são as verdadeiras guerreiras! 

Deus sempre é muito sábio na sua arquitetura, para criar uma criança precisa de dois (no mínimo); um pai e uma mãe. Pode ser dois homens, duas mulheres, um homem e uma mulher mas DOIS! Pelo menos enquanto um vai no banheiro o outro fica cuidando do pequeno (eu nem sei o que é fazer xixi mais sozinha!). No final a gente acaba se virando, nos multiplicamos, apreendemos a ser mãe 24 horas, pau para toda obra...mas não é o ideal, nos sobrecarregamos demais. Como leoas, abrimos mão das nossas vidas e defendemos nossa cria com unhas e dentes, uma luta diária! Isso é instinto maternal. Alias cade o instinto paternal? Biologicamente ele não existe (é...Deus deu uma errada ai). 

Refletindo sobre toda essa temática, fiquei um pouco triste...meus pais se divorciaram quando eu era uma criança ainda mas sempre tive, e ainda tenho, meu pai muito presente na minha vida. O I. terá o mesmo pai presente ou não? 

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Minha madrinha tomou um porre (comigo)!



Ola meus queridos(as)

Acordei escutando os pássaros cantando e atrasadérrima! Embebedei minha madrinha ontem depois da sala...hilário! Aquela sensação de sintonia, a sala foi maravilhosa, muita serenidade, muitas partilhas (inclusive a minha); nem eu acreditei em como simplesmente fluiu. Sem raiva, sem mágoas, sem dor...apenas abri meu coração, despida da minha armadura e me permiti sentir aquela paz pulsando da sala. Abracei o poder superior e ele dormiu comigo! Ui, ui, ui...estamos tendo um caso!

Fazia umas boas semana que não via minha madrinha, vamos tomar uma cerveja? Opa, o pequeno esta dormindo mesmo com a minha mãe, porque não? Como é bom viver! Conversamos muito, sobre tudo (claro muito Nar Anon, alias estou indo para o nosso encontro de serviços no Rio de Janeiro em junho, oba!!!!!!!!!).  Para não perder o hábito levei umas chulapadas básicas (ela me ama), mas me mantém centrada sem perder o foco...

Hoje estou me desdobrando, a babá continua doente e tive que re-organizar tudo para amanhã. Já pensando no final de semana, acho que vou descer....desta vez para aproveitar a praia, os amigos e descansar!!!!!!! Eu amo o mar, não é atoa que sou oceanóloga! Umas das coisas que sinto mais falta quando morava na praia é dormir escutando as ondas quebrarem na praia...agora durmo escutando aviões e sirenes de ambulâncias, que meleca! Projetos de mudança futura, por mais que eu tenha nascido e sido criada aqui eu não suporto São Paulo! Caos por caos prefiro Bangkok, sério! Alias não vejo a hora do I. crescer um pouquinho para fazermos A viagem, adoro o sudoeste asiático (10 vezes mais do que a chata Europa...). Camboja, Tailândia, Malásia e por ai vamos! 

Mas entre um delírio e outro confesso que andei pensando nele hoje, nada de mais....só uma dorzinha básica, de coração pedi ao meu poder superior que segure a mão dele (se precisar das duas mãos pode deixar a minha por enquanto...esta tudo certo)! Não tenho a mínima idéia de como ele esta, o que pensa, sente, vive...apenas peço que esteja bem! Espero o dia que eu pense nele sem dor...Meu amor por ele continua sempre dentro de mim. 


terça-feira, 9 de abril de 2013

Não durou nem 24 horas...


Ola meus queridos(as)

A tranquilidade não dura muito mesmo...Mas vou apreendendo, e minha serenidade hoje pode me abandonar por alguns minutos mas ela volta rápido. 

Manhã corrida, deixei o pequeno na escola (ele é muito preguiçoso para acordar, mas quando é final de semana antes das 7 ele esta de pé; uma figura mesmo!), atrasada para uma reunião (fiquei contente, o projeto temático é interessante) e depois médico (faz anos que não vou no oftalmo, e depois das últimas estranhas conjuntivites era necessário). Sai correndo para pegar o I. na escola (a babá esta doente), banho, almoço e berço (sonequinha da tarde). Finalmente quando desacelerei, vou almoçar toca o celular...achei que era algo relacionado com a consultoria, não, longe disso! Lá esta o número da clínica. Xiiiiii.....pensei por três segundos em simplesmente não atender, mas e se for algo importante? E se algo aconteceu? Atendi. Era ele. 

Mais uma conversa desastrosa, por que eu ainda me coloco nestas situações? Acabei desligando quando percebi que nada estava indo para lugar nenhum e ninguém estava se escutando. Continuamos sem a mínima comunicação, cada um centrado na sua verdade sem escutar o outro e cheio de mágoas. Confesso que até tentei, a codependencia bateu (queria tanto vê-lo, mas me lembrei, ops, ele não quis me ver) ...a visita é no próximo domingo (já estava pensando em descer por outras razões), poderia levar o I.....mas não a louca da irmã dele estará na visita, é a única família que sobrou e blablabla...então fique com suas escolhas! Na minha ingenuidade eu achei que eu e o I. eramos a sua família, aparentemente não! Ele continua com esse comportamento, ter que optar entre nós (eu) ou o resto do mundo...honestamente, estou de saco cheio disso. Vai se resolver! Cada macaco no seu galho.

Ainda bem que hoje tem SALA!!!!! 

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Bonança


Ola meus queridos(as)

Depois da tempestade sempre vem a calmaria...Não que tudo esteja no lugar, mas aquela sensação boa quando o sol timidamente aparece entre as nuvens. E você atrasada (como sempre) e todos os faróis da cidade conspiram ao ser favor e se abrem ao mesmo tempo numa onda verde. Até a lancheira do pequeno você esquece em casa e quando chega na escola, se descabela e descobre (porque não leu a agenda) que é dia dos aniversariantes do mês (a escola preparou o lanche)! Ufa...Mas esta dando tudo certo demais, até o cafézinho a secretária acertou hoje! Acho que vivemos tanto na beira do precipício que quando nada "anormal" acontece o modo "catástrofe" entra em ação...quando a esmola é demais o santo duvida, sabe? Mas só por hoje vou me permitir apreciar uma segunda feira tranquila sem esperar o pior!


Amanhã temos sala (semana passada devido aos últimos eventos não coordenei e nem fui, né?). Honestamente, o Nar Anon fez e faz toda a diferença, é uma filosofia de vida que você aplica não apenas na sua relação com o adicto mas nas suas relações com o resto do mundo, inclusive a relação com você mesma (que é a mais importante de todas!). 

O programa é extremamente simples em teoria mas na prática...olha, não é fácil não. Além de ser um monitoramento diário, a codependência é muito sutil, manifesta-se de várias formas. No meu caso, mais especificamente é o controle. Um controle tipo 1984, Big Brother (muito bom alias o livro, George Orwell)...ditadura mesmo! Muito antes de conhecer o Caiçara e toda essa dinâmica dependência química/codependência sempre fui meio "dona" da verdade, já sofri muito por causa disso e o Nar Anon me ensinou que eu não tenho as respostas para tudo, longe disso! Alias mesmo que eu tenha as respostas, as escolhas de cada um são as escolhas de cada um (mesmo erradas) e isso precisa ser respeitado. Um dos nossos lemas: Viva e deixe viver! Tão simples, tão difícil de colocar em prática. Consigo me ver em cada uma das companheiras que chegam pela primeira vez na sala, destruídas, sofridas, e por que dizer, desesperadas! Porque eu fui uma delas...ainda sou mas não deixo mais de fazer minhas unhas nem me esconder embaixo das cobertas. Claro que tenho minhas recaídas (é queridos, codependente também recai!), alias algumas nestas últimas semanas; mas me levanto e volto ao programa.

Geralmente estudamos um dos passos; estou pensando no terceiro (Tomamos a decisão de entregar nossa vontade e nossa vida aos cuidados de Deus como nós O concebíamos). Vai cair que nem uma luva para o meu mega controle! Confesso que empaquei no terceiro passo faz tempo...para mim é um dos mais complicados baseado no meu perfil. Não que eu seja uma pessoa cética (tá bom, mais ou menos) mas são anos e anos treinando minha lógica (passei mais da metade da minha vida dentro de universidades: graduação, mestrado, PhD, pós-doc e por ai vai...para ser a cientista que sou hoje). Mas um dia eu chego lá! Ciência e espiritualidade merece um post só deles, em breve! 

sábado, 6 de abril de 2013

A fábula dos três porquinhos


Ola meus queridos(as)

Finalmente um sábado normal, básico sem nenhum meteoro caindo do céu! Curti muito meu filho junto com a minha mãe, fomos passear, parquinho, Sesc...só não deixei ela levá-lo no Mac Donald's (aí passou dos limites)! Eu sou meio xiita em algumas coisas mesmo. Enquanto eu puder controlar a alimentação do pequeno eu não deixo ele comer plástico! Tá bom, confesso que uma mas UMA vez por ano eu me disfarço de Marylin Monroe, entro no Mac Donald's escondida e me acabo num Big Mac (não contem para ninguém).

A estorinha de hoje para colocá-lo no berço foi um clássico: três porquinhos. Enquanto ele sonolentamente fechada os olhinhos e eu terminava as últimas páginas parei para realmente prestar atenção nas palavras que estava lendo. Uma fábula infantil tão simples mas que me fez refletir sobre algo muito importante...eu estou construindo minha casa de palha, madeira ou tijolos? 

A de palha é fácil de construir, não dá trabalho e sobra tempo para outras coisas...a de madeira um intermediário, um quebra galho (se nenhuma tragédia acontecer ela até dá conta); já a de tijolos requer muito trabalho, dedicação, planejamento, demora muito tempo mas depois de pronta não tem lobo mau bufando que derrube!  Já que o terremoto passou por aqui e não estava chovendo na minha cabeça, devo ter construido uma de palha meio as pressas só para tapar o buraco mesmo... Chegou a hora de arregaçar as mangas e começar essa obra pois será longa! Sei que vou precisar de uma casinha de tijolos pois o lobo ainda não passou por aqui...minha intuição diz isso. 

Não que tenhamos que ficar vivendo por antecipação, mas seguro morreu de velho...e uma casinha de tijolos é sempre melhor que uma de palha né? 



sexta-feira, 5 de abril de 2013

Messages in a bottle


Ola meus querido(as)

Desculpe pelo micro post, mas quero apenas agradecer! Honestamente, todos esses posts eram como garrafas jogadas no meio do oceano...como cartas de náufragos a esmo, à  deriva na esperança que um dia elas chegassem na costa e alguém encontrasse e sua estória pudesse dizer algo (não que a minha tenha algo de especial). E no nosso oceano cibernético (é queridos as coisas mudaram...), fiquei feliz em saber que minhas "mensagens engarrafadas" chegaram a praia e foram lidas por vocês!

Não me sinto sozinha! E um dia de cada vez!
Obrigada de coração.

O enterro...


Ola meus queridos(as)

Logo após a minha última postagem recebi a ligação dele, infelizmente a mãe do Caiçara faleceu. Ele foi extremamente agressivo comigo no telefone, como se eu tivesse culpa...tentei dizer algumas palavras de consolo mas em vão. Fiquei fora do meu centro novamente e entre a cruz e a espada, por um lado querendo muito dar-lhe um abraço neste momento tão difícil afinal de contas foram anos de convivência mas por outro sabendo dos riscos que correria (me magoando mais uma vez) se fosse lá...Debati metade da tarde mas quando minha mãe chegou a noite eu já estava com as malas prontas. Desci naquela noite mesmo, assim que cheguei em Peruibe liguei na casa dele. A primeira a bater o telefone na minha cara foi a maluca da irmã dele (até num momento assim ela consegue ser grossa), a segunda alguma "irmã' da igreja dizendo que eu deveria estar feliz pois não era isso que eu queria?! Resumindo, não consegui falar com ele...fiquei com vontade de dar meia volta e subir para SP na mesma hora...Mas já estava tarde mesmo e melhor esperar pelo amanhã. O enterro seria as 10 horas.

Passei a manhã inteira ligando para Deus e todo mundo, nossos amigos em comum na tentativa que algum deles entrasse em contacto com o Caiçara avisando que eu estava na cidade e queria muito dar meu apoio neste momento. Foi chegando a hora do enterro e eu sem conseguir falar nem com ele nem com ninguém...No final ponderei muito a acabei não indo, confesso que tive muito medo de me expor a uma cena barraco (não com ele) mas o resto da família...Puxa, como me doeu não estar lá ao seu lado.

A tarde as notícias foram chegando, encontrei alguns amigos que foram ao enterro e finalmente graças a minha mainhã, Dona N. falei com o Caiçara ao telefone. Meu Deus, que punhalada no coração. A conversa não durou mais que alguns minutos, eu tentando ser compreensiva, que gostaria muito de poder dar um apoio neste momento, que estava em Peruibe; mas ele não quis me ver. Simples curto e direto, não quero te ver. Tá bom, sinto muito. Desliguei e chorei o resto da tarde no colo da minha mainhã.

Sem as mínimas condições emocionais de dirigir acabei ficando até quinta, lambendo minhas feridas, isolada, olhando aquele mar sempre me acalmando...Ainda não consegui digerir tudo isso, mas de uma coisa estou certa, fiz a minha parte. Mas uma vez estendi a minha mão e disso, ninguém pode me culpar. Mais uma vez eu estive lá por ele!

Também fiquei sabendo de coisas muito desagradáveis, ele meteu muita gente na nossa estória e agora esta colhendo os frutos disso. Imaturidade, mas e agora? Terá que crescer a duras penas, sem porto seguro. Pedi muito ao meu poder superior que segure na mão dele neste momento, e por mais que eu simplesmente abomine a clínica, o ideal seria ele voltar e completar o tratamento agora. Mas opto pela interferência zero, não sei o que ele decidiu. 

E eu nisso tudo? Pois é, sabia dos riscos indo lá; mas fiz o que meu coração gritou. E esta provado novamente, quando deixamos o coração falar mais alto que a razão só nos magoamos. Sofri muito, mas de volta a minha realidade, junto com o meu pequeno e com a tão necessária distância, já não me parece um bicho de sete cabeças. E aproveitarei mais essa oportunidade para colocar um ponto final neste capítulo da minha vida. Meu pai disse algo que faz sentido, agora que ela faleceu eu não preciso mais manter nenhum vínculo com eles (a família (dis)funcional), não haverá mais chantagens para levar o pequeno e por ai vai...Logo esse é o enterro, de muitas coisas!

Porém, até o último segundo antes de pegar a estrada esperei que ele ligasse...mas ele não ligou. 
E hoje enterro a promessa que nós dois fizemos, de um dia sermos três...




terça-feira, 2 de abril de 2013

Caos


Ola meus queridos(as)

Dias tumultuados, confusos, doídos...é não posso reclamar que nada acontece. Alias, parece que acontece tudo ao mesmo tempo! Como se fosse um terremoto, abalando os alicerces, destruindo o castelo. Mas no meio deste caos estou tentando procurar a ordem. No meio dos escombros procuro o que sobrou. Sabe o que sobrou? EU! Eu sobrevivi...

Agora é apreender a viver sem ele, o que talvez não seja tão absurdamente complicado pois era mais ou menos o que eu vinha fazendo nestes últimos meses; só estava faltando ser oficial, digamos assim. Infelizmente ele esta com muita raiva, revoltado. As poucas tentativas de conversa foram infrutíferas, honestamente, tudo bem. Fique com raiva, despeje tudo em cima de mim, serei seu saco de pancadas...pois sei que no fundo, isso é uma válvula de escape. Ele esta revoltado, triste, confuso e com muita raiva é do mundo! E hoje sou mais forte, minhas raízes mais profundas!!! Se fosse um tempo atrás estaria me debulhando em lágrimas, mas hoje sei lá...acho que estou um pouco anestesiada. E no fundo, por mais que meu coração quisesse, minha cabeça já havia decidido.

Mas essa sensação de vazio não me deixa. Tantos sonhos, planos...na verdade sou uma pessoa quadrada. O esquema família, papai, mamãe, filhinho, cachorro, uma casinha na beira da praia, jantarzinho, café da manhã...É queridos, ficou no passado. Tristeza é a palavra quando nossos sonhos acabam. Difícil, muito difícil mesmo! 

Até o tempo resolveu acompanhar meu humor, aquele nublado cinzento. Consegui transferir todos os compromissos profissionais para amanhã e vou curtir meu pseudo luto escutando Pitty; alias resolvi prestar atenção na letra dessa música Na sua estante. Super DQ não? 

Só por hoje não quero mais te ver
Só por hoje não vou tomar minha dose de você
Cansei de chorar feridas que não se fecham não se curam
e essa abstinência uma hora vai passar...


Bom meus queridos, falta inspiração neste momento!

segunda-feira, 1 de abril de 2013

O parto


Ele já fui tudo para mim, meu chão, minha bússola, meu rumo...e hoje? O que ele é? Apreendi a duras penas, fiquei perdida, sem direção, sem rumo...vaguei entre o aqui e o lá, chorei rios de lágrimas, esqueci quem eu era, fiquei perdida em lugar nenhum e a volta, dolorida para aonde eu gostaria de estar...Mas ainda não estou. Longe disso...muita dor neste momento, muito sofrimento e culpa por coisas que não sou culpada....Apenas quero sumir em baixo do meu cobertor. Chorar por dez mil anos....e esperar passar a tempestade. Pois ela vai passar, independente de nós.

Minha madrinha, me chapuletou! Errando é que se apreende!

Mas dói tanto, tenho a sensação que estou sendo dilacerada ao meio, quase um parto. Será que precisamos passar, pelo parto? Algo dentro de você, que não lhe pertence sendo literalmente arrancado. No fundo toda separação não deixa de ser um parto. A não ser que você seja um monge budista, toda separação é doída...então abraçarei toda essa dor agora, viver o luto, atravessar esse vale e me tornar uma pessoa melhor!

Quem vai cortar o cordão umbilical? Já passou da hora...Corto eu!




Borboleta sem asas


Hoje estou meio assim...meio melancólica, meio cansada, meio pensativa. Hoje estou no meio da encruzilhada, contemplando os caminhos a serem possivelmente escolhidos. Pena que não tenho um mapa, apenas intuição dizendo aonde cada um deles pode me levar. Dizem que o importante é a jornada, mas confesso que estou aqui literalmente paralisada nesta esquina sem conseguir escolher nenhum deles e continuar minha caminhada.

Uma pessoa muito sábia me disse que tirar a borboleta do casulo antes da hora faz as asas dela atrofiarem...será que sai do casulo cedo demais? Ou será que tentei tirá-lo do casulo cedo demais?
Será que dá para voltar para o casulo e completar o crescimento? Ou estamos condenados a não voar?  E apreender a viver com nossas asas deficientes...

Temos também a fábula que cada um tinha uma asa quebrada e não conseguiam voar sozinhos, mas quando se abraçaram voaram juntos (aqui estou eu acreditado em conto da carochinha de novo...alguém por favor me dê um tapa na cara de realidade!).



Auto sabotagem


Ola meus queridos(as)

Eu ainda não apreendi, continuo criando expectativas que sempre levam a frustrações (com um adicto então é batata!). Tivemos uma conversa, no mínimo, esclarecedora pois se até então havia alguma dúvida, as coisas ficaram óbvias. A verdade é que não me sinto mais sua mulher, não há companheirismo, intimidade, carinho, respeito e nada disso esta relacionado com a doença. Engraçado, as coisas que ele fez para mim e o nosso pequeno quando estava na ativa eu, de coração consegui perdoar (pelo menos grande parte delas) mas a forma que ele vem se comportando ultimamente, limpo eu não consigo. Ele continua contra mim, sou eu de um lado e ele mais o resto do mundo do outro. Uma dinâmica esquisita, um clima denso. Fiquei esperando alguma reação dele...nada, anestesiado. 

Porém frequentando as salas sabemos que tal comportamento não é incomum, ver o dependente químico se voltar contra a pessoa que ele mais ama, culpando-a mesmo que inconscientemente. Posso entender o que esta acontecendo mas isso não significa que não machuque, né? Eu também sou gente e já passei do meu limite. Por carência acabei me colocando numa situação péssima, me senti usada, vazia...No fundo é falta de auto conhecimento, esse é o caminho para ter auto controle. Resumindo, eu me auto sabotei! Eu quis tanto que ele fosse esse companheiro, que enxerguei apenas o que queria nele, como disse uma sábia amiga podemos ter melhores escolhas quando vemos o DQ por outro ângulo, sem a paixão, que é como um véu sobre nossos olhos...É caiu o véu!

Deixei o I. com ele por 24 horas! Por dois motivos, primeiro porque achei importante que eles tivessem esse contacto pai filho, e segundo para ele viver na pele o que é cuidar do I.! Até que ele se virou, tirando as inúmeras ligações, entre mortos e feridos salvaram-se todos. Quando fui pega-lo na sexta fomos na praia (como nos velhos tempos), mas a alegria dos velhos tempos não estava presente...os velhos amigos estavam lá, o velho quiosque estava lá, o velho mar estava lá...mas nós, o velho casal não mais. Era um abismo gigante...e confesso que fiquei aliviada em deixá-lo no manicómio e sair correndo, respirar. O resto da sexta e o sábado foram ótimos na companhia da querida D. (muito colo de amiga), seu marido e as crianças. O tempo ajudou bastante, muito sol e calor. O I. se divertiu muito, brincou bastante, deu chilique (é ...eu preciso apreender a ter mais paciência), comeu mau...saiu totalmente da sua rotina. Aqui em Sampa, é da escolinha para casa, de casa para a escollinha...e de repente lá esta ele rolando na areia, entrando no mar, correndo solto pela praia! Preciso fazer mais isso com ele, infelizmente São Paulo não é a melhor cidade para se criar um pequeno mas enfim...por enquanto será assim, e sempre que possível daremos nossas fugidinhas! 

Não nos falamos mais até que lá estou eu na estrada voltando para SP, almoço de Páscoa com a família (já atrasada) e ele liga. Levo o maior susto, afinal de contas teoricamente ele teria voltado para a maravilhosa clínica na sexta para terminar o tratamento. Alo, você ainda esta em Peruibe? Não, estou na estrada. Minha mãe (ela estava internada em Santos) voltou para casa e queria ver o I. (porque não me ligou mais cedo? Eu teria dado uma passadinha lá antes de subir mas ele faz tudo errado)...Olha, eu não vou voltar para trás além de que estam me esperando para o almoço de Páscoa...Silêncio.
Então eu vou pegá-lo a noite em SP e traze-lo para minha mãe ver...O que? Não, estou dirigindo tchau.

Meu Deus, a ficha não caiu mesmo! Mais uma vez ele acha que eu vou parar tudo e fazer o que ele quer porque ligou do nada! Honestamente, se ele tivesse ligado cedo eu teria deixado o I. um pouquinho lá sem problemas mas já eram 11 e pouco da manha, eu na estrada e o pessoal me esperando para o almoço de Páscoa. Pera ai né? Não contente, ele disse que subiria para pegar o I. a noite e descer a serra com ele! O I. não tem nem dois anos, estávamos fora de casa desde quinta, descer e subir a serra cansa o pequeno...Não, ele vai dormir no berço dele hoje e amanhã tem escolinha. Puxa, esta difícil lidar com a insanidade. E certamente a família (dis)funcional deve estar falando até, o quão megera eu sou e blablabla...então utilizarei a famosa teoria do foda-se. Foda-se!