quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Época boa


Ola meus queridos(as)

Aqui estou eu literalmente chapada de tanto remédio, no décimo sonho quando o céu resolveu despencar e acordar o I., assustando com os trovões e raios... E lá fui eu, zumbi, colocá-lo na minha cama, assegurar que esta tudo bem... e o meu sono sumiu (daqui a pouco ele volta, já esta quase na hora de tomar o antiviral mesmo).

E lembrei de uma época boa, quando conheci o Caiçara, nem sempre tudo foi miserável e dolorido... houve um tempo que (ele já era DQ, sempre foi mas eu nunca soube) meu coração batia mais rápido quando descia a serra para encontrá-lo, meu corpo tremia quando ele me abraçava, meus olhos se fechavam quando ele me beijava e eu era transportada para outro universo! 

E lembrei de uma época boa, quando morávamos na nossa casa no Ruínas, do lado da praia, e escutávamos as ondas quebrando na praia antes de dormir... nossa casa, onde recebíamos nossos amigos queridos, tantos churrascos, jantares... amor, carinho, cuidado com o outro, consideração. As caminhadas na praia, com nosso sempre fiel escudeiro Drago, o melhor cachorro/pessoa do mundo!!! Nossos amigos queridos (de até hoje), nossa praia, as madrugadas de calor quando tomávamos banho pelados no chuveiro de praia ou simplesmente corríamos pelados para o mar, iluminado pela lua, as noites contando estrelas cadentes fazendo pedidos impossíveis... As manhãs, quando ele abria a janela do quarto e a primeira coisa que eu via abrindo os olhos era aquela primavera linda, toda florida e o céu único, azul, ensolarado. E dava aquela preguiça de ficar deitada mais um pouco, e ele me beijava e fazíamos amor...

E lembrei de uma época boa, quando o I. nasceu, e ele acordava de madrugada para pegá-lo no seu berço e trazer até mim (deitada exausta), e mamar... os banhos que ele deu (tudo bem, tivemos alguns acidentes mas nada sério), as papinhas que ele preparou, as fraldas que ele trocou, a maluquice das cólicas (dava vontade de jogar o I. na parede), e depois os dentinhos nascendo... Sim, não posso apagar tudo isso, ele esteve lá ao meu lado.

E lembrei de uma época boa, quando nosso amor era tudo, nossa casinha na beira da praia era tudo, com um olhar ele sabia e eu sabia. Mas nos perdemos, não nos víamos mais, e nossa casinha da praia também deixou de existir... 

E hoje, nesta noite de tempestade eu me pergunto, que tempestade ele enfrenta? Onde ele esta? Será que está inteiro? Melhor, será que ele esta vivo? Alias o que é estar vivo quando você é um escravo da droga? Será que ele lembra dessa época boa, ou tudo foi apagado pela droga? Será que ainda existe algum resquício de humanidade dentro dele, ou simplesmente ele se tornou mais um fantasma desesperado, procurando pela próxima pedra? Será que o Caiçara simplesmente vai virar mais uma estatística nesta luta infindável, que poucos ganham e muitos e digo, MUITOS perdem?




O que seria do azul sem o arco íris?


Ola meus queridos(as)

Nestes dias de molho em casa, muito tempo para não fazer nada (as vezes a medicação me deixa meio zumbi mesmo, e hiberno como um urso polar), a gente lê um livro, assisti um filme e pensa (e depois dorme de novo, esse antiviral é bom mesmo)!!!

Conversando com minha irmã de coração sobre as dificuldades de cuidar do I. nestes últimos dias (até no meu pai ele ficou enquanto estava internada), ela disse: não deve ser fácil ser mãe solteira... Fiquei pensando sobre isso. A sociedade ainda tem um preconceito básico com o conceito de família. Ser mãe não é fácil, e ponto final (se a mãe é solteira, divorciada, casada, lésbica, transexual, amarela, negra é a mesma coisa, não é fácil igual). A diferença é a rede de apóio ao redor, que no meu caso, como mãe solteira,  é bem reduzida. Na verdade até o adjetivo esta errado, pois deveria ser mãe divorciada e não solteira... Vai entender!

O meu círculo de amigos e pessoas com as quais convivo, talvez seja diferenciados, pois ser mãe solteira/divorciada não faz a mínima diferença para eles, inclusive na escolinha atual do I. onde grande parte das famílias não se enquadram no comercial de margarina; alias umas semanas atrás o I. foi convidado para a festinha de aniversário de um dos amiguinhos do grupo e conheci os dois pais  adotivos dele (um advogado e um artista plástico, alias os dois muito gatos...que desperdício!). O que eu vejo em comum em todos esses pais/mães? Amor, amor pelo seu filho, respeito pelo outro, carinho, compreensão e o desejo de um mundo mais justo, menos poluído, mais humano...

Porque a sociedade é tão relutante as mudanças e se sente tão ameaçada com esses novos conceitos de família? Simples, medo. Medo que o que se considera o alicerce fundamental da sociedade (que é a família) mude, que outros "alicerces" sejam legitimados, medo do que eles não entendem... medo de perder o seus status de "alicerce". Quantos "casais" viveram a vida inteira juntos porque era isso que se fazia (a mulher de saco cheio a séculos, o cara traindo ou descobrindo que era gay ou sei lá eu o   que) MAS ninguém se separava, estamos fadados a viver infelizes até que a morte nos separe! Era melhor ser viúva infeliz (ou feliz, já que o infeliz morreu finalmente) do que divorciada feliz... Socorro, né? Mas em pleno século 21, ainda temos manifestações (principalmente de cunho religioso, pois afinal de contas, eles são os detentores da palavra de Deus (uh uh!!!) preconceituosas, maldosas, cruéis... e desculpe, mas apologia ao ódio não é liberdade de expressão. Então, meu amigo evangélico que acha que eu vou queimar no inferno porque profano seu sagrado conceito de família, porque sou uma fornicadora pecadora pior que Jezebel, vai se fuder (se é que você sabe o que é isso) e nos vemos lá em cima, ou não!!! 

Ainda bem, que lentamente, um passo de cada vez, as coisas mudam... e hoje, digo para quem quiser escutar, sou mãe solteira/divorciada SIM, e tudo bem! Meu filho crescerá com amor... meu filho respeita a diversidade, meu filho não acha nada estranho quando são dois pais, duas mães, uma mãe, um pai, ou três Xs... Ou se você é negro, amarelo, azul ou cor de rosa. Pois isso eu ensino a ele todo dia, todos somos iguais e merecemos ser respeitados, e fazemos parte desse mundo maravilhoso cheio de diversidades! O que seria do azul sem o verde?!!! O que seria do azul sem o arco íris?!!!

P.S: E agora, você meu querido leitor deveria estar se perguntando, se respeito tanto a diversidade porque não o amigo evangélico fanático que quer me ver queimando no inferno? Pois é, não cheguei lá... e talvez nem chegue, talvez caiba a geração do I. ter essa generosidade nos seus corações, pois no meu não há. Continuo sendo alérgica... melhor não chegar perto.  


terça-feira, 20 de outubro de 2015

Trégua


Ola meus queridos(as)

Muito obrigado pelo carinho de todos, foram dias um pouco confusos, a velha batalha entre a razão e a emoção, o coração e o cérebro; e no meio disso tudo peguei meningite; precisei ficar uns dias internada... Enfim, estou me recuperando, já de volta em casa MAS muito cansada, levei o I. na escolinha hoje de manhã, são apenas duas quadras, duas quadras que mais pareciam duas maratonas.  Fui preparar o café e no final parecia que eu tinha participado de um decathlon... Tudo dói e cansa muito. Mas vou melhorando aos poucos, mais uns dias e estou nova em folha!

O I. ficou com meu pai uns dias (que graças à Deus, tinha chego de viagem), mais uma vez atestando como é difícil não ter um backup, em último caso pediria para minha mãe (mas ela não tem estrutura emocional de cuidar de uma criança, sério, ela simplesmente entra em parafuso no primeiro chilique dele), a super babá numa emergência ficaria sim, mas não acho justo complicar mais ainda a vida dela, né? E o Caiçara... ninguém sabe do seu paradeiro, pelo menos eu não sei... Faz umas boas semanas que ele nem liga (e não só uma ligação telefônica, nem liga MESMO, acho eu). Mas quem liga e MUITO é meu meteorologista, quando soube que estava internada, ficou genuinamente preocupado, inclusive com o I. e tenho certeza que se ele pudesse, teria pego o primeiro vôo para Sampa.

Pelo menos a clássica batalha interna deu uma trégua temporária, para que eu possa me recuperar!




quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Banho maria


Ola meus queridos(as)

Como eu queria amar quem me ama... Como eu gostaria de convencer meu coração teimoso que essa é a melhor escolha, mas como? Hoje, durante nossa tradicional escapadinha semanal, eu e minha irmã de coração conversamos MUITO, sempre bom demais sua companhia, seu carinho, suas chulapadas... Ninguém me conhece melhor que ela, alias acho que ela me conhece melhor do que eu mesma, essa é a nossa amizade! Talvez seja o momento de, simplesmente, ficar um pouco sozinha. Eu gosto muito, demais do meu meteorologista MAS eu não o amo... Estou muito confusa, preciso de um tempo para mim. As vezes, nem sei direito o que sinto... é tudo tão maluco! 

O Caiçara ainda é muito presente em mim, e meu meteorologista, por mais que seja a aposta certa (sabe homem que dorme de pijama, então... é para casar mesmo) não me incendeia, é banho maria, gostoso, confortável mas não entra em ebulição. E algo dentro de mim  continua querendo ver o circo pegar fogo, parece que eu não apreendendo mesmo; ou talvez seja minha natureza inquieta que não se contenta com a média, com o "ok", com o "tudo bem"... Eu quero o desvio padrão, a anomalia, o BOM PARA CARALHO!!! 

Eu não me contento em simplesmente sair da Terra por alguns segundos, eu quero ir até Marte e morar lá!!! Eu não me contento com duas bolachas, eu quero o pacote inteiro!!! Eu não me contento com água morna, eu quero ela pelando! Sou ambiciosa, sou gulosa e vou acabar me queimando... (de novo).

Meu, o que esta de errado comigo? Porque não simplesmente ser feliz com o que tenho, que já é muito?!! Porque essa sensação de insatisfação? Porque essa vontade de arrancar a roupa e sair pelada que nem uma louca pela rua? Porque esse desejo de viver enlouquecidamente agora já? Porque esse desejo de falar Caiçara vêm, foda-se... eu sei que vou me fuder de novo, mas vêm me incendiar e destruir meu mundinho de novo. 

P.S: Preciso voltar urgentemente para uma psicanálise, só a psicóloga não esta dando conta... é psiquiatra mesmo! E não qualquer psiquiatra para analisar esse caos aqui dentro...

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Final (não) feliz


Ola meus queridos(as)

Momento de silenciar, escutar o que meu "ser" quer dizer, aquela pequena voz dentro de nós... quantas vezes o barulho externo é tão alto, que ela não é escutada. 

Momento de parar, refletir, meditar, pensar, conectar... e tomar a melhor decisão. Muitas vezes, impulsivamente, empurramos o carro ladeira a baixo por simplesmente não conseguir mais lidar com ele, parado, estacionado ali.

No fundo, muitas das minhas "decisões" são baseadas numa gigante culpa que sinto pelas escolhas erradas, numa tentativa de reparar, preencher o buraco... Mas não tem como voltar atrás, não tem como mudar o que ficou no ontem... Eu, continuo sendo meu pior inimigo, me flagelando, me punindo, me culpando, me atormentando. Preciso me perdoar, fazer as pazes comigo mesma; e abraçar essa vida maravilhosa que eu tenho; esse filho lindo e carinhoso, essa família solidária e compreensiva, esse meteorologista companheiro em todas as tempestades, meus poucos e amados amigos! Preciso simplesmente parar... olhar ao meu redor, ser grata e abraçar essa rede de amor e carinho ao meu redor.

Não deu certo, eu tentei, eu amei, eu me entreguei, eu me afundei, eu me podei, eu me anulei, eu acreditei... eu ajudei, eu odiei, eu pirei, eu cansei, eu desisti! E todo ponto final é doloroso, principalmente quando o final não é feliz.

P.S: Se eu falar que não penso mais no Caiçara, estaria mentindo. Se eu falar que ele não é mais nada para mim, estaria mentindo. Se eu falar que não desejo ele na minha cama, estaria mentindo. Se eu falar que não sinto sua falta, estaria mentindo...

P.S: Porque todo grande amor acaba assim?!!!

terça-feira, 13 de outubro de 2015

A dor


Ola meus queridos(as)

Hoje tomei uma decisão muito difícil, não por mágoa ou ressentimento, mas por amor... amor ao meu filho, a mim, a nossa vida. Estou entrando com um processo de perda de paternidade... é isso mesmo meus queridos, o Caiçara deixará de ser pai do I. Seu nome não existirá na certidão de nascimento, ele não existirá mais em nenhum papel... e em lugar nenhum. Dói, muito, bastante mas deve ser feito!

Oficializar o que já existe, o I. não tem um pai... então porque continuar com essa babaquice? Ele tem um gene e nada mais do Caiçara. Devido as circunstâncias, o processo judicial não será muito complicado; provavelmente ele não abrirá mão de livre e espontânea vontade mas existem outros meios burocráticos. Ele não merece ser o pai do I.

Alguns queridos podem estar se perguntando porque levar as coisas ao extremo, ao ponto de excluí-lo até da certidão de nascimento do I.? Porque começar uma cruzada que será longa, árdua e dolorida? Bom, primeiro porque eu quero e posso. Alguns queridos podem se questionar se o que eu quero é o melhor para o I. Certamente é o melhor para mim... o mínimo que posso fazer para tentar reparar um gigante erro. Segundo, se por alguma merda do destino eu morrer amanhã, a guarda do I. passa automaticamente para um dependente químico sem a mínima condição de cuidar dele e muito menos de uma criança, simples assim. Então, se ele não for mais o pai, automaticamente a guarda o I. passa para os meus pais ou minha irmã, caso eu venha a falecer. Claro que não estou pensando em morrer tão cedo, mas sei la... para morrer basta estar vivo, e seguro morreu de velho.

Pode parecer calculista e frio, e é! Mas a última coisa que quero, é meu filho amado sendo criado por um bando de gente louca morando num manicômio, e passando necessidade. Ele merece um futuro que não é esse (mesmo sem pai)!!!

Sei que muitos questionarão se eu tenho o direito de privar o I. de ter um pai, bom, ele já não têm um,  logo não faz a mínima diferença na presente situação... tudo bem, mas as coisas podem mudar, ele pode entrar em recuperação e blablabla... pode (e deve) mas ninguém vai ficar esperando por isso. Ou talvez, se isso realmente acontecer, muito já foi perdido e nada poderá se recuperar (mesmo ele estando em recuperação...sinto muito). E juridicamente, não quero que ele tenha direito a NADA! Uma vez que nunca cumpriu com seus deveres...


Delete


Ola meus queridos(as)

Como seria bom se simplesmente tivéssemos uma tecla "delete". Assim convenientemente, apagaríamos acontecimentos, sentimentos, pessoas das nossas vidas... Mas não funciona assim, infelizmente. Precisamos lidar diariamente com tudo isso que "não" queremos. Alguns se contentarão em simplesmente aceitar que vivemos o que vivemos pois é necessário para nossa evolução espiritual, outros porque acreditam em destino ou sei lá eu o que... E eu, que não tenho tanta certeza assim de nada? 

Gostaria de aceitar que as coisas aconteceram por uma razão, mas que razão é essa? Hoje eu sou uma pessoa melhor porque essa merda de dependência química bateu na minha porta? Acho que não! Talvez eu dê mais valor para algumas coisas que antes eram irrelevantes? Não sei. Ter convivido e amado um dependente químico tornou a minha vida mais significativa e frutífera? Nem a pau. 

Se existisse essa tecla mágica, eu voltaria lá trás e deletaria o dia que conheci o Caiçara da minha vida. Se você encontrasse essa tecla mágica, o que você deletaria da sua vida?

Mas o delete não existe, e precisamos conviver com as consequências das nossas escolhas... Eu só acho, que as vezes, as escolhas são feitas sem o conhecimento de todos os dados, ou seja, você não tem toda a informação disponível para fazer uma escolha sólida e racional. Se eu soubesse, lá trás, que ele era um dependente químico, teria escolhido ficar com ele? Claro que não!

Mas é isso ai meus queridos, o que temos é o hoje que podemos fazer diferente, escolhendo um amanhã melhor! E com tranquilidade, transparência, conhecimento e racionalidade, provavelmente faremos as escolhas certas...




segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Dias das crianças


Ola meus queridos(as)

É apenas uma data comercial, mas existe uma expectativa pelo lado da criança... O I. escolheu seu presente (econômico e educativo por incrível que pareça), e sem muito auê passamos o dia tranquilo em ótima companhia. Meu meteorologista mostrou seus dotes culinários (preparando um carbonara maravilhoso) e parentais (brincando com o I.).

Em nenhum momento o I. perguntou pelo pai, alias o Caiçara não se deu o trabalho nem de ligar (mandar um presentinho então, nem pensar!). E assim cada um faz as suas escolhas... Quem ficou chateada fui eu, mas no fundo, eu não esperava nada diferente dele. Tão previsível! 

E aos poucos vou entendendo como a "criança" se adapta rapidamente à outras realidades, quem se prende a velha realidade somos nós, adultos. Quem lamenta, quem sente, quem fica triste ou magoado, somos nós adultos... a criança ainda não construiu realidade nenhuma, tudo é mudança, tudo é novo, tudo é único e essa é a realidade dela, mutante, aberta, sem fronteiras ou limites! O mundo é um playground a ser explorado. Cada vez mais entendo isso, e fica mais fácil para mim; meu filho é feliz, ele não sofre porque seu pai é um dependente químico que nem liga no dia das crianças... para ele "essa" realidade não existe (só para mim)!

Claro que ele ainda é pequeno, e crescendo sua realidade também "crescerá" MAS espero poder estar sempre ao seu lado neste caminho, e apoiá-lo na difícil tarefa de "entender" as outras realidades, por mais absurdas que elas possam ser.

Mas a minha realidade hoje é essa, e hoje, foi mais um dia bom junto das pessoas que amo!!!

P.S: O dia foi das crianças, mas a mamãe também ganhou presente, linda tornozeleira de estrelas!!!

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Castelos de areia


Ola meus queridos(as)

Saudades de escrever... saudades de vocês! Como é bom voltar a sentir aquele friozinho na barriga, aquela ansiedade básica, aquela saudade. Como é bom viver em paz (claro, com todas as nossas dificuldades e problemas QUE são apenas dificuldades e problemas e não nenhuma gigante catástrofe), sem brincar de montanha russa, alias sem brincar de nada... ser transparente, ser única, ser você! Ser respeitada e respeitar, ser cuidada e cuidar, reciprocidade, cumplicidade, carinho, confiança e, acima de tudo, a preocupação com os sentimentos do outro. Sem expectativas, sem promessas de amor eterno; mas cultivando o que foi plantado a tantos anos atrás, nos (re)conhecendo, nos (re)encontrando, nos admirando, nos surpreendendo, nos superando e gradualmente, tijolo por tijolo, construindo uma base sólida para uma relação madura, e quem sabe, para hoje, amanhã e sempre. 

Não, não é nenhuma paixão adolescental avassaladora, que faz você perder a cabeça ou noites de sono, pelo contrário; é um amor mútuo, maduro, que têm a sabedoria do tempo, de tudo que já vivemos até hoje, é um amor com estória, um livro de várias páginas e que ainda não chegou no final; e assim escrevemos o "nosso" final...  Nos permitimos voltar à escrever nosso livro que tínhamos abandonado a muitos anos, por circunstâncias banais da vida, caminhos, escolhas... que hoje, acredito que precisávamos ter vivido para chegar AQUI, nesta encruzilhada, e nos re-encontrar e escolher qual caminho seguir juntos. 

Nos permitimos voltar ao velho projeto de construção, dá trabalho, toma tempo (e talvez dure uma vida toda); mas não construo mais castelos de areia; eles são lindos, frágeis, perenes e na primeira onda, destruídos e lá vai você construir outro, e outro e mais outro a cada tempestade. Não construo mais castelos de areia...

Precisei construir inúmeros castelos de areia antes de chegar numa casinha de tijolo, que nada nem ninguém destrói! 

Meus queridos, não desistam dos seus sonhos, mas construam com tijolos... e não esqueçam, que a casinha mais importante, é a sua!!! 









quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Filho(s), a culpa e os laços


Ola meus queridos(as)

Filho não é trabalho... andei conversando com várias mães (solteiras, bem casadas, mau casadas, vários filhos, filho único, filhos adotivos, filhos agregados, etc...). Filho não é trabalho; filho pode (e deve) dar trabalho pois eles não vieram fazer as nossas vida mais fáceis, eles vieram fazer as nossas vidas mais difíceis, porém mais completas, mais enorme, mais única, mais importante... mais vida!

Você esta cansada, acabada, quer se jogar na cama e pedir uma pizza... pois é, temos esses momentos; mas o que o seu filho tem haver com isso? Ele quer sua atenção, seu carinho, uma comidinha gostosa, um colo, uma estória antes de dormir... um beijo de boa noite. Se você não esta conseguindo dar isso para o seu filho, pare, repense, o que realmente vale a pena?!!! 

Eu sei (ou acho que sei) o que vale a pena, e quando sinto que meu filho "precisa" de mim, coloco o pé no breque, passo uma tarde preguiçosa com ele e seus brinquedos no meio da semana, desligo o celular, vou para cozinha e faço o strogonoff que ele tanto ama, deixo ele dormir na minha cama com a centopéia... asseguro à ele que nada é mais importante neste mundo do que ele, e que a mamãe esta aqui! E vamos brincar de sombra na parede, submarino no banho ou fazer pegadas de dinossauro na areia.

Não posso, nem vou tentar preencher uma lacuna que não compete a mim, sou mãe (cozinheira, motorista, banco, amiga, psicóloga etc... pau para toda obra) MAS não sou pai. Hoje enquanto almoçava com minha irmã de coração, conversamos novamente a respeito disso e ela disse o que eu precisa escutar...lá eu mais uma vez me lamentando que poderia ter escolhido um "pai" melhor para o I., minha culpa e blablabla (agora meu), e veio a chulapada definitiva!!!! O I. é o I., não tem nada de lindo ou glamuroso em ser mãe solteira (se esse é o jargão), mas é ele, e você e foda-se o resto! Faça seu melhor...

Fiquei pensando nisso, faça o seu melhor...o meu melhor, qual é o meu melhor? Esse é o meu melhor? Posso melhorar o meu melhor? E assim a culpa (que ainda sentia), foi diminuindo, foi diluindo em risos e felicidades únicas, no seu beijo de borboleta, no abraço de urso, no banho quentinho com o avião... E finalmente deixo minha "culpa" para trás, e espero um dia poder explicar para o I. as escolhas de cada um, MAS eu sempre escolhi e escolho ele sempre!

E o que é família? Quais são os laços que nos unem? Papai, mamãe, filho, papagaio e vovô? Não se adequada mais a nossa realidade. Não lembro de quem é essa frase, mas diz que família são as pessoas que tem a chave da mesma casa...

Quais são os laços que nos unem?