segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

O último minuto do ano


Ola meus queridos(as)

"A noite de Ano Novo é como qualquer outra noite. O universo não para; não existe nenhum momento de silêncio que marque a passagem entre as coisas para os próximos doze meses. Mesmo assim, nesta noite, nenhuma pessoa tem os mesmos pensamentos que teria em qualquer outra noite." (Hamilton Wright Mabie)

E assim começo meu último post do ano de 2013, refletindo sobre essas palavras escritas pelo grande ensaísta norte americano do século passado e bem lembradas no CEFE (pag. 366). Realmente o universo não para, simplesmente depois e um minuto das 23:59 de 31 de dezembro de 2013, serão 00:00 de 1 de janeiro de 2014. Um minuto... mas um minuto diferente dos outros tantos que vivemos, um minuto que paramos e contamos os segundos, um minuto no qual depositamos toda a nossa esperança, um minuto que nos une em prece (seja lá qual for seu credo), um minuto no qual apenas desejamos um ano novo melhor do que o velho que se despede... Um minuto no qual a humanidade esta unidade em um só pensamento, um minuto mágico aonde todos são um só, e nos fundimos na mesma busca! Um minuto solidário, um minuto amoroso, um minuto de fé e esperança, um minuto fraterno, um minuto de acolhimento e abraços... Aonde você estiver neste último minuto do ano, saiba que não estará sozinho! 

Desejo que esse último minuto do ano se estenda a todos os outros minutos do novo ano!

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Episódio 2


Ola meus queridos(as)

O segundo episódio, mais do que desagradável, foi algo que inconscientemente, esperava acontecer... mas distante de mim, até conversei com o Caiçara a esse respeito, se ele quisesse "visitar" a irmã, tudo bem, mas que fosse sozinho (sem minha presença física muito menos do I., que não frequenta manicómio), e que ele estivesse preparado para o que der e vier (pois a mulher é louca mesmo), receber um abraço ou um tapa na cara tinham as mesmas probabilidades. E deixei bem claro que não quero mais ter a mínima relação com essa dinâmica toda, sem "sobrar" nenhum respingo desse dilúvio em mim (menos ainda no meu pequeno)! Ele optou por não ir... por mais que eu sentisse que ele queria re-visitar a casa que um dia foi da mãe, dele, as lembranças e até, uma certa curiosidade de saber como andam as coisas no manicómio. Mas decidiu não ir... ok. 

Mas o PS, as vezes joga as coisas na nossa cara mesmo! Algum curto tempo depois do episódio 1, quem surge na calçada? A bruxa evangélica, com a mão na cintura, gritando aos quatro ventos: Caiçara!!!!!!!!!!!!! Você não estava internado???????!!!!!!!!!!!!! Metade da cidade parou para escutar a gralha.... Momento dona barriga, o que fazer? Ele tomou a decisão, levantou da mesa, foi cumprimentá-la e rapidamente disse, dois minutos e arrastou ela uma meia dúzia de metros e foram conversar (ele ainda perde seu tempo). Eu? Não teve ação nenhuma desta vez...simplesmente minha vontade era de levantar da mesa e falar o quanto eu simplesmente abomino sua existência, o quanto tóxica ela é, o quanto ela faria um gigante favor em simplesmente sumir da face da terra... Serenidade zero, mas não levantei da mesa, eles conversaram um tempinho e para mim DEU! Levantei, acenei e disse estou indo embora! Simplesmente a presença dela ali causou um turbilhão de sentimentos não muito bons, e queria sair correndo... sufocada (hoje, com a clareza, por mim mesma e meus sentimentos que ainda carrego, eu me permiti ser sufocada por mim mesma!). Três segundos depois, ele voltou para mesa e ela foi embora... Mas ficou o clima, ficou o peso, ficou as mágoas, ficou algumas feridas já cicatrizadas que abriram. Ficou minha compreensão do quanto ainda sou gente e, neste requisito bruxa evangélica, não tem oração da serenidade, não tem passos, não tem nada que segure... eu simplesmente quero que ela fique o mais longe de mim possível. Acabamos discutindo, por causa da bruxa evangélica... entendo que é sua irmã, mas ninguém escolhe a irmã que tem né? Mas escolhe se relacionar ou não. 

Com o passar do dia fui voltando ao meu centro, mas fiquei pasma comigo e minha reação. No fundo, existem algumas coisas que estando em recuperação ou não talvez, nunca mudem... e essa é uma delas. Se amanhã ela sumir da face da terra não faria a mínima diferença para mim. Então, Jesus, sinto muito mas sou cheia de defeitos, e não consigo amar todos como a mim mesma. 

Deveria sentir compaixão, afinal de contas é uma coitada, sem instrução, fudida e mau paga que nunca vai evoluir... mas não cheguei lá. E opto por não conviver com isso, alias fiz essa escolha a muito tempo, quem não percebeu isso ainda é ela (que estava cogitando ligar para a minha mãe quando não teve notícias do Caiçara). Só digo uma coisa, se essa bruxa se meter com a minha família de novo, não pensarei duas vezes (vou fazer um curso de como ser barraqueira e socar alguém) e desço a serra no mesmo minuto! 

Qual a dificuldade em entender isso? O quanto mais explícito terei que deixar? Me esquece sua bruxa... e não, não tem passos, não tem programação, só desaparece! E que 2014 seja o ano que você tenha esse despertar espiritual...senão vai se fuder!!! 


Três reações e uma única ação


Ola meus queridos(as)

Como nem tudo são flores, resolvi escrever sobre dois acontecimentos, quase simultâneos, no mínimo desagradáveis que aconteceram enquanto estávamos na praia. Mais especificamente, como foi a minha reação, pois é, reagi instintivamente, perdi o foco, me permiti sentir mágoa e revolta. 

Episódio 1; estávamos eu, o Caiçara e o I. sentados numa lanchonete no centro (não tem como ir a Peruibe e não dar uma passada por lá, afinal de contas é aonde nos conhecemos, coisa meio boba) na calçada quando passa o S. de bicicleta (recapitulando, ele é muito amigo do Caiçara, e ficamos muito próximos esses últimos tempos, mas foi ele que acabou dando a língua nos dentes e falou para a bruxa evangélica que o Caiçara estava internado, acabamos tendo uma discussão muito desagradável e deste então liguei, mandei mensagens etc... sem retorno seu). Resumindo, num momento de fragilidade minha, buscando um colinho liguei para ele, desabafei sobre a internação do Caiçara, estava tudo muito recente e depositei nele minha confiança como amigo. Qual a minha surpresa quando ele liga um tempo depois perguntando se a irmã do Caiçara sabia que ele estava internado, digo que não, e o lembrei que essa tinha sido uma decisão do Caiçara não querer envolver nenhum "deles" (família manicómio)... ai ele solta a pérola, mas eles tinham o direito de saber e eu contei. Opa, para tudo! Quem é você para delegar direitos agora, passando em cima de uma decisão que nem era minha, quebrando a confiança que depositei na nossa amizade?! Não fui muito serena, digamos assim... Com o tempo, percebi que seria inevitável (uma hora ela saberia), minha serenidade voltou e o procurei no intuito de me desculpar e resgatar nossa amizade, várias tentativas sem sucesso... E descobri o porque nesse episódio. Ele simplesmente não quer falar comigo e continua puto! Primeira reação (dona barriga a prepotente); como ele não quer falar comigo? Tá maluco, quem é ele para não querer falar comigo, faz a merda e ainda quer dar uma de gostoso? Segunda reação (dona barriga a vítima); porque ele não quer falar comigo? Porque ele não vai me desculpar? Porque ele não gosta de mim? Terceira reação (dona barriga a revoltada buscando um culpado); a culpa é sua Caiçara, não me meto mais nas suas estórias, sempre sobra para mim, vão se fuder todo mundo!!!!!!!!!! 

Primeira e única ação (dona barriga em recuperação); cada um tem seu tempo, espero de coração que ele possa me perdoar e voltarmos a ser amigos como sempre fomos, mas respeito sua decisão e entendo que esteja magoado MAS só posso modificar a mim mesma, aos outros apenas amá-los...  Infelizmente até chegar na "primeira e única ação" passei pelos três estágios de "reação", o que não foi nada legal e mais uma vez me colocou no meu humilde lugar. 

Episódio 2 merece um post só seu (já imaginaram né?).


quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Abrir as cortinas


Ola meus queridos(as)

Neste final de ano, neste Natal apenas tenho que agradecer, a MIM, ao PS, ao filho pilhado e maluco junto com essa família que tenho, ao Caiçara e a lista vai longe! Vamos abraçar o que vale a pena e deixar para trás o que é pesado demais para carregar... Meu pai fantasiado de Papai Noel hoje distribuindo os presentes para o neto foi lindo, mas o calor era gigante, então lá foram os dois para um momento piscina. São essas pequenas coisas que tanto significam que me mantem aqui, próximo a todos e não do outro lado do mundo... já fui e voltei tantas vezes, que simplesmente ir novamente não seria novidade; mas por mais maluco que seja toda essa dinâmica gente/família, a gente se ama e vai fazer o que? Nada, só continuar amando... 

Um dos irmãos da mulher do meu pai (que não tenho contato nenhum) estava presente e não conhecia o I., falou para o meu pai; como seu neto é bonito... pronto, meu pai virou um pombo inflado quase batendo as asas e respondeu, tudo que minha filha faz é bonito, até seu filho! Ai quem inflou o balão e saiu voando fui eu, eita! Meu pai, meu alicerce, meu maior fã, sempre do meu lado em todos os momentos (bons e ruins)! Pai, boa viagem e curta Paris nesta virada do ano pois você mais do que merece, só não esqueça da minha encomendazinha básica Lancôme... Fofo! 

As vezes neste universo "dependência química/codependência" deixamos passar momentos simplesmente "humanos" como esse, e hoje, não deixo nada escorrer pelos meus dedos e valorizo tudo!  Não tapo o sol com a peneira mas também não fecho as cortinas da janela, quero que o SOL entre e ilumine a minha vida com seu calor. E abrir as cortinas só depende de mim (ou da empregada)...rsrsrs...Quando percebi isso, muita coisa mudou. Sim, alguns podem achar que é fácil tomar essa postura pois ele esta limpo e em recuperação, mas quem abre a cortina sou eu, não ele! 

Então meus queridos, vamos abrir as cortinas, e se estiver chovendo tudo bem também!!!! 


terça-feira, 24 de dezembro de 2013

A praia


Ola meus queridos(as)

Praia!!!!! Muita praia, muito sol, muitos abraços, muito carinho e já muitas saudades... Mas voltei né? Amanhã é Natal, e não posso privar o I. de passar com seu avô (que esse ano disse que vai se fantasiar de Papai Noel, hilário, não consigo imaginar meu pai fantasiado de Papai Noel, ele nunca fez isso na vida! Deve ser a idade somada aos netos, são três agora... amoleceu o coração de pudim do meu pai). 

Esses dias na praia foram maravilhosos, o problema é que, de novo, me acostumei com seu calor perto de mim na cama, seu sorriso de manhã, seu esforço em fazer o I. comer, sua energia correndo atrás do I. pelado na praia, seu corpo salgado... Eita! Como é difícil subir a serra... que vontade de simplesmente ficar por lá, acolhida pelos amigos queridos, pelo mar, pelo vento, pelo sol, até pela areia (que invade todos os poros e começa a fazer parte de você). Engraçado como semanas depois ainda encontro um grão perdido no cabelo, ou no chinelo...

Sempre bom demais lembrar do que realmente vale a pena, as verdadeiras amizades que não tem tempo que diminua, o amor de um pai pelo filho, um por do sol pintado a dedo pelo PS, a felicidade pura e simples do meu filho entrando no mar... nenhuma destas coisas tem preço ou se compra. E cada um destes momentos, hoje fazem parte da minha caixinha de lembranças guardadas a sete chaves! A praia é minha casa (adotada), a praia é meu refúgio, a praia é aonde sou o que eu sou na minha essência, sem máscaras, sem sapatos, sem proteção, sem medo... o passado escrito na areia levado pelas ondas, o futuro enchendo de esperanças como a maré, apenas eu, despida e feliz! Neste eterno ciclo. 

Aproveito e deixou um feliz natal a todos vocês meus queridos, de coração! Muito fraterno e sereno! 

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Beijo grupo


Ola meus queridos(as)

Ontem tivemos nossa última reunião do ano, beijos grupo amado e até ano que vêm! Um ano de muito serviço, um ano de muito crescimento, um ano que vejo claramente o fortalecimento do grupo... um ano que vi o grupo unido crescer, uma ano que, companheiras do Káritas, estamos de parabéns!!!!!  E nos aguardem, pois no próximo ano faremos nossa comemoração, 12 anos de vida com as portas abertas ajudando os familiares de dependentes químicos.  E que mais muito 12 anos venham se somar a essa idade! Su apenas grata, por ter encontrado essa porta, que foi aberta a 12 anos atrás, quando mais precisei e hoje poder ajudar a mantê-la aberta, por mais 12 anos! 

Estou meio de férias, Iago totalmente de férias, Caiçara de "férias" e malas prontas para descer para praia! Eita, que saudade dos amigos queridos, do cheiro de maresia, do barulho das ondas quebrando na praia, do I. correndo pelado, de aposentar o sapato e eleger o chinelo como calçado oficial...  Do bolinho de bacalhau do Português, do abraço/amaço da minha mainhã Dona N., das risadas e chulapadas da minha irmã/amiga pau para toda obra D., do vovô adotado E. entupiando o I. de Coca-Cola (alias segundo o I., é "Coki" mistura de Coca com Coke... isso que dá só falar inglês com ele, no final sai tudo assim, junto e misturado)!

Descobri mais algumas coisas importantes sobre mim, preciso quebrar algumas amarras, e não tem absolutamente nada haver com o Caiçara, e sim comigo mesmo. Família pode ajudar muito mas pode atrapalhar muito também... no meu caso específico, porque deixo, porque permito. No fundo talvez seja eu sempre buscando aquela aceitação que nem sempre existe, pois somos diferentes, cade a mim aceitar a diferença, se o outro não vê desta forma... fazer o quê? Mas ainda carrego uns resquícios codependentes sim, querendo agradar a Deus e todo mundo (menos eu). A dinâmica agora é minha mãe...  que vira e mexe não perde uma oportunidade de questionar meu comportamento. Lembro da oração da serenidade, mas no fundo ainda sinto aquela "culpa" ridícula, que atrapalha demais... Algo a ser trabalho e MUITO em 2014, desligamento com amor dela! Já passou da hora de cortar o cordão umbilical e simplesmente não me abalar com seus julgamentos (sempre entre linhas, ela é educada demais para jogar na cara, mas pesa sabe?). Porque, eu estando tranquila com minhas escolhas, acabo me afetando tanto com o que ela acha? Preciso voltar a exercitar a teoria do foda-se. 







sábado, 14 de dezembro de 2013

O ódio é o amor que adoeceu...


Ola meus queridos(as)

Sábado a tarde, no mínimo, interessante... consegui deixar o I. com minha mãe e fui numa temática sobre espiritualidade num grupo aqui do nosso distrito com o Caiçara a tira colo. Já tinha assistido  temáticas dele, outro monstro do NA, que foram muito proveitosas; principalmente quando ele fala sobre suas experiências pessoais, muita esperança e luta mesmo. Mas hoje era sobre espiritualidade e amor. Não sei se era eu meio desconectada, ou se criei alguma expectativa (pois a última temática dele que fui simplesmente fiquei hipnotizada do começo ao fim), e hoje foi "mais ou menos"digamos assim. Independente, sempre apreendemos algo novo! E a mensagem que ficou para mim:

"Tudo é amor. Até o ódio, o qual julgas ser a antítese do amor, nada mais é senão o próprio amor que adoeceu gravemente." (Francisco Cândido Xavier)

Mais uma das "coincidências" bem entre aspas, depois de vários anos não lendo nem gibi, o Caiçara quando estava internado achou perdido numa estante empoeirada do sítio alguns livros doados (alias, anota, fazer a limpa por aqui e mandar uns livros para o sítio), e do nada, começou a ler uma biografia do Chico Xavier. Devorou cada página, se interessou tanto ao ponto de ter ido no centro espírita (aonde temos nosso grupo) conversar com a super luz, que coordena o centro; pessoa maravilhosa, elevada, iluminada mesmo (e olha que vocês me conhecem, eu não sou religiosa). 

O ódio é o amor que adoeceu... quantas vezes não visitamos esses extremos, amor e ódio? Quantas vezes eu não disse a mim mesma, eu o odeio simplesmente porque meu amor estava na UTI, precisando ser cuidado, precisando ser acolhido, precisando ser abraçado?! Quantas vezes eu não disse a mim mesma, eu o odeio porque o amava demais, um amor doente, um amor obsessivo, um amor que não dá frutos, um amor estéril? Quantas vezes eu odiei a mim mesma, porque o meu amor estava carente, sozinho, abandonado as traças? O ódio não é a ausência do amor, é um amor que adoeceu...e precisa ser cuidado! Só quem ama odeia, maluco né? 




sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

And so it is Christmas and what have you done?


Ola meus queridos(as)

No mínimo contraditórios meus sentimentos com relação a esse momento  final de ano/Natal...  Por um lado adoro esse "clima" Papai Noel, um novo ano chegando cheio de novas possibilidades, sempre um recomeço; mas também tenho aquele momento retrospectiva, colocar na balança o ano que se vai. E quando entro num shopping e escuto aquela musiquinha, And so it is Christmas and what have you done (tradução livre, então é Natal e o que você fez...) parece que o John Lennon está me dando um tapa na cara!!!! E ai dona barriga? O Natal esta chegando, o ano acabando e o que você andou fazendo nestes últimos tempos... 

E começo o processo inventário "anual" o que nos deixa um pouco introspectiva, pensativa, interiorizando a jornada 2013. Ainda não completei o balanço, mas tenho plena certeza que a dona barriga que começou esse ano não é a mesma que termina. Mudanças, algumas drásticas, outras tímidas mas mudanças. 

Alguns fatos, um ano que o Caiçara passou uma boa parte dele internado, um ano que eu ME achei no Nar-Anon, um ano de divisórias profissionais, um ano que o I. deixou de ser aquela extensão minha e começou a ser ele, um ano de novas amizades, um ano de aceitação, um ano de dor mas muito amor também! Um ano de conflitos, um ano de tréguas, um ano de paz e de guerras... um ano de altos e baixos, um ano de sol e de chuvas, um ano de flores e de espinhos, um ano de perdas e ganhos, enfim, um ano vivido! 

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

O Caiçara na sala!


Ola meus queridos(as)

Ontem foi uma noite muito especial para mim na nossa sala, o Caiçara estava lá como companheiro do NA nos visitando. Levei para a consciência de grupo e fizemos uma reunião aberta para que ele pudesse estar presente. Ele nunca tinha ido numa reunião do Nar-Anon até então era virgem... sua mente estava aberta, escutou atentamente as partilhas e no final, uma das companheiras perguntou se ele gostaria de dar um depoimento (fiquei surpresa)! Ele foi breve, mas disse ver seus pais sentados naquelas cadeiras, o sofrimento que a dependencia química causa e como foi importante, para ele, ter essa oportunidade de "ver" o outro lado da moeda. Confesso que fiquei um pouco emocionada... também não esperava ele ter sido tão bem recebido pelas companheiras! Viu povo do NA, a gente não morde não! Alias só temos o que apreender um com os outros!

Claro que não partilhei nada muito pessoal, não que a presença dele me incomodasse, mas não era esse o propósito ontem, apenas agradecer a essa irmandade e ao PS por esse momento maravilhoso. O Caiçara ficou muito feliz por ter nos visitado, saímos para comer um lanche depois e ele só falava da sala e o quanto ele gostaria de partilhar no NA a experiência que teve. Que bom, espero que ele consiga "desmistificar" um pouco, pois infelizmente, existem muitos dependentes químicos que acham que no Nar-Anon a gente julga e fala "mal" deles... longe disso, claro que dói, mas escolhemos não sofrer e cultivar o amor a nós mesmos e aos nossos entes queridos. É um discurso de amorosidade, aceitação e MUITA esperança! Temos nossas recaídas, mas sempre podemos contar com essa rede de apóio que existe por uma única razão, o amor...

E hoje, escrevendo essas palavras me pego pensando... quem diria que um dia eu estaria coordenando um grupo e o Caiçara estaria presente?!!! Esse mundo dá muitas voltas mesmo, e que continue dando muitas mas muitas mais voltas! A mudança. 

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Para valorizar tem que faltar?


Ola meus queridos(as)

Contagem regressiva, última semana de aula do I. e que venham as férias (meio curtas mas melhor que nada)! Decidi sair antes do auê Natal/Ano Novo, quem sabe um pouco antes das aulas voltarem ano que vem, damos uma escapadinha novamente. 

Alguém postou isso por ai, para valorizar tem que faltar... para não ficar fora de contexto, abrangia a discussão sobre a qualidade da alimentação (em geral não das melhores) nos CTs por ai. A argumentação era a reeducação, o dependente químico internado apreenderia a dar valor a comida, uma vez que esta estivesse escassa ou ruim... Bom, o pouco que entendo é exatamente o contrário, principalmente passando pela desintoxicação, pois o organismo esta debilitado e carente de uma alimentação balanceada e saudável (segundo os nutricionistas que trabalham nos CTs que eu reconheço como profissionais). Mas a pergunta é, será? Para valorizar tem que faltar? Faltar comida, faltar compaixão, faltar amor, faltar carinho, faltar amizade, faltar cumplicidade...faltar?!!! Nós realmente só damos o devido valor as coisas quando elas faltam? Minha resposta, não. 

Você precisa ser privado de tudo que lhe é querido, humano para se tornar um ser humano, ou a reação é ao contrário, e você vira um bicho? Quando falta tudo, inclusive sua dignidade como pessoas você vai valorizar exatamente o que? Mais nada, talvez o seu cobertor imundo e aquela marquise que o abriga da chuva... 

Para você valorizar cada dia, não precisa faltar dias... para você valorizar o amor, não precisa faltar amor e, no meu humilde ponto de vista o contrário, transbordar esse amor, abundância de amor! Cultivá-lo e fazê-lo crescer, multiplicar SIM é valorizar! 


domingo, 8 de dezembro de 2013

Caminhada no centro


Ola meus queridos(as)

Domingo traquilo, I. tirando sua soneca da tarde depois de ter brincado na piscina a manhã inteira, eu aqui tentando colocar a pós graduação em dia (tudo atrasado)! Ontem estive no Vale do Anhangabaú, as irmandades estavam presentes prestigiando a caminhada "por uma vida sem drogas", levei o I. comigo e encontrei com o Caiçara lá! Até o I. ajudou a distribuir os panfletos do Nar-Anon, além de se divertir até correndo de um lado para o outro, e eu só dando risada do Caiçara levando um olé dele! Por duas horinhas até que ele deu conta, e agradeço por isso; assim pude ajudar e me ajudar como Nar-Anon neste evento. Sempre bom demais abraçar as companheiras, uma em especial... que só conhecia de "fama" e uns bate papos internéticos. Ela é uma das fundadoras do grupo que eu frequento e presto serviço, um dinossauro, um "monstro" do Nar-Anon (não é só o NA que tem monstros não!). Coordenou nosso grupo por muitos anos, andou meio "aposentada" da irmandade mas sempre vivendo a programação, sua estória cheia de muita luta e esperança! Uma honra! Que abraço gostoso, sereno, amoroso... quero mais!!!!! 

Entre tanta alegria e confraternização, fiquei meio chocada como o centro da cidade esta degradado... pessoas largadas nas esquinas, nas praças, enroladas nos seus cobertores imundos, sujeira, usando drogas em plena luz do dia. Espectros, fantasmas que incomodam as pessoas que simplesmente estam andando num domingo de manhã fazendo de conta que "eles" não existem, você acelera o passo, olha para o outro lado e pede para não ser assaltado nem sentir aquele cheiro de lixo. Muito triste... e me pergunto, o que fazer com esses fantasmas escravizados pela droga que assombram as ruas da nossa cidade?! 

Enfim, vamos cultivar as coisas boas! Fui muito legal mesmo, uma maneira diferente de se passar o sábado de manhã, e o Caiçara prestativo, ajudando com o I. e todo orgulhoso da sua mulher. Não tinha um companheiro do NA que chegasse, e lá vinha ele apontando para mim, dizendo, aquela é minha mulher, ela é do Nar-Anon. Jesus... chegou a encher o saco! Quando deu a hora do I. , me despedi com muito carinho das companheiras, e fomos almoçar depois de uns 500 panfletos. Alias fiquei imaginando, quantas daquelas pessoas que pegaram o panfleto realmente nos procurarão, quantos são familiares que ainda sofrem com a dependência química... inúmeras caras perdidas na multidão. E fiquei imaginando qual seria a estória de cada um; no fundo, sabendo que todas são muito parecidas infelizmente. 

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

É a única forma que eu sei amar


Ola meus queridos(as)

Atropelou tudo e não consegui sentar e escrever esses dias (não por falta de vontade)! Então vamos dissecando por partes... no começo da semana estive no press release que a UNIAD fez divulgando os dados da tão esperada pesquisa com os familiares de dependentes químicos. São números, no mínimos a se pensar, porém, aqui vou eu e meu lado pesquisadora, totalmente bias... começando pelo grupo amostral. Não vou entrar no mérito, pelo menos temos números, e a partir dai algumas políticas de prevenção possam ser elaboradas...porém, simplesmente achei um absurdo como as famílias foram vitimizadas! Quem assistiu minhas entrevistas na mídia percebeu minha indignação, não adianta fazer ninguém de coitadinho, nem o dependente químico nem a família (pois é, agora até isso meus queridos... confesso que tremi nas bases, mas se for colocar a cara para bater que seja por uma boa causa)! Alias se essas 3 mil e não sei quantas famílias que fizeram parte da amostragem fossem famílias que frequentassem grupos de apoio aos familiares de dependentes químicos, como o Nar-Anon, os números seriam muito diferentes!  

Mas independente, tive a oportunidade de conversar com algumas pessoas e é sempre um prazer estar com o Ale. Só ele mesmo para me convencer a almoçar num restaurante vegetariano, tendo uma churrascaria do lado cheirando a picanha...  O cara esta em recuperação a 20 e cacetadas anos mas manipula como ninguém (eu sou carnívora ao extremo, culpa do tempo que morei no Rio Grande do Sul)! Cada vez me envolvo mais com a ONG, e vamos ver como esse casamento vai funcionar... 

Na terça também recebo a notícia que o Caiçara estava sendo transferido para a moradia assistida de VEZ (eu sabia de ante mão que eles deixariam ele passar meu aniversário comigo, mas ele veio para ficar...). O sítio já cumpriu sua função. Eu já previa tal possibilidade depois de conversar com a Dani esses dias e até, me despedindo do sítio na última visita. E eu? Mais uma vez nada... fico feliz em saber que ele estará voltando a sociedade, que poderemos almoçar, nos ver quando quisermos MAS sem paranóia. Entendo a ansiedade de algumas de nós quando os entes queridos estam prestes a saírem da internação, confesso que desta vez, ansiedade zero, expectativa zero... pois o plano de prevenção a recaída, e sua rede de apóio esta sendo montada de uma forma muito eficaz; cabe a ele abraçar essa rede (que até então, ele nunca teve). A viagem começa agora, aqui fora! E como respondi a uma jornalista, depois de um cenário tão devastador colocado pela pesquisa, se havia luz no fim do tunel, pois as famílias (segundo a pesquisa) esperam pelo pior; eu apenas disse: Eu acredito PIAMENTE na recuperação de qualquer ser humano! 

E ontem, depois de um jantar escolhido a dedo num restaurante maravilhoso, entre trilhões de travesseiros e lençois de algodão egípcio (dou o nome do motel para quem se interessar....) ele olhou dentro de mim, e perguntou; Como você pode me amar tanto assim? Eu simplesmente respondi: É a única forma que eu sei amar... e as lágrimas escorreram no seu rosto. E esse foi o melhor presente de aniversário que eu já ganhei!

domingo, 1 de dezembro de 2013

Última visita?


Ola meus queridos(as)

Cada vez que vou visitá-lo no sítio dá uma vontade tão grande de simplesmente ficar por lá... e nem é por ele (claro que gosto da sua presença e sinto saudades) mas o sítio exala uma paz imensa! Uma beleza exuberante, uma natureza integrada aquele antigo casarão de fazenda rodeado por colinas contemplando o lago que reflete, como um espelho, o azul do céu. É quase como se, por algumas horas, eu esquecesse do resto do mundo e estivesse de férias no campo! Engraçado que senti me despedindo daquele lugar, talvez mais uma visita (ou nem isso) e o Caiçara estará de volta a civilização.  O sítio já cumpriu seu propósito. Mas lá no fundinho, aguardo a decisão da equipe terapéutica que ele fique internado, pelo menos, até a próxima visita pois não me despedi da cachoeira ainda!!!! 

Terça feira ele vem para SP, quarta é meu aniversário, e depois de 2 anos seguidos sem a sua presença neste dia (ano passado estava internado naquela meleca de clínica, e ano retrasado trabalhando num restaurante), se nenhuma catástrofe acontecer, finalmente passaremos juntos meu aniversário. Tudo no esquema, jantar reservado, motel reservado (a noite toda.......), babá reservada! Fui!!!! Na quinta ele tem um horário com a terapeuta, dependendo de como for, talvez só volte para o sítio pegar suas coisas. O que eu acho disso tudo? Simplesmente nada, confio plenamente na equipe terapéutica e essa decisão não cabe a mim e sim à eles, se eles acham que o Caiçara já está pronto para ser transferido para a moradia assistida e ficar no sítio até Janeiro não é necessário... quem sou eu. E sempre podemos voltar para nos despedir da cachoeira num dia de visita!

Hoje, voltei do sítio com mais três mulheres no carro (dei carona), três namoradas de três internos, três estórias aonde nenhum grupo de apoio aos familiares faz parte (orfãos de Nar-Anon, ou AE, ou Pastoral ou Cura-te ou o que seja...). Uma, já conhecia do ambulatório (a dependente química/codependente inconveniente que chegou no sítio vestindo uma camiseta do NA e na hora de ir embora trocou por outra (?), que dormiu  durante a viagem, a noitada deve ter sido boa), uma menina mais nova que trabalhou em outras clínicas (na parte administrativa) namorada de um novo interno, 23 anos de adicção batendo umas 18 internações que parecia uma múmia anoréxica e uma mulher, mais velha que eu, muito gente fina, namorado batendo umas 20 internações, terapeuta certificado, depois de 7 anos limpo trabalhando em clínicas só recai nos últimos anos, morando na rua de tempos em tempos. Gostei muito dela, conversamos bastante sobre o Nar-Anon e ela seria a candidata ideal a nossa irmandade, a abracei quando nos despedimos, e espero de coração que ela procure uma salinha (me ofereci a ir com ela) pois senti que realmente ela esta pronta para nos conhecer e ficar! Trocamos umas figurinhas durante a viagem e ela perguntou daonde eu tirava esse amor (suas palavras); simplesmente respondi, do amor que me é dado e cultivado!

Durante a visita, conversando com o Roberto (o coordenador so sítio), mencionei isso quando ele disse que recuperação é se contrariar (ele entrou em recuperação pela dor mesmo, puxou cadeia e sei lá mais o que), mais uma vez puxei aquela da manga, a recuperação é um processo muito individual MAS para mim recuperação é recuperar o seu amor próprio, seu amor pela vida... Se você se ama, se você ama viver você não vai se matar usando drogas ou perdendo noites de sono perambulando por biqueiras a procura do outro e esquecer de amar a sua vida. 






sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Só love


Ola meus queridos(as)

Sabe aquele dia que você simplesmente acorda Nar-Anon ao extremo? Sou eu hoje... só love! Um trilhão de pepinos para resolver, só love... o pessoal da consultoria tendo um treco com uns prazos apertadíssimos, stress... e eu só love! Sabe aqueles dias que o mundo pode desabar na sua cabeça, e só love! Fazia tempo que absolutamente nada, nem o trânsito, nem a conta bancária, nem o I. nem o universo em expansão me desequilibraram... (momento raro, vou aproveitar!).

E venho dividir com vocês como a serenidade me faz bem, a importância de cultivá-la, regá-la todo dia e colher seus frutos. Minha vida é "perfeita"? Longe disso, alias é um caos 90% dos dias, mas amo meu caos, amo minha felicidade, amo estender a mão e segurar a mão que me é estendida, amo ser melhor hoje do que fui ontem... 

Aceito quem eu sou, e quando algo não esta no lugar certo dentro de mim, não tenho medo de mudar, mesmo as vezes sem saber exatamente qual direção tomar, não fico mais parada na encruzilhada olhando os caminhos, escolho um e continuo! Se não for o caminho "certo"descubro lá na frente, volto, escolho outro e assim vamos fazendo a jornada. Claro que a menor distância entre dois pontos é uma reta, mas nossa vida não é uma reta, e sim cheia de curvas, atalhos, desvios. Não vivemos num plano cartesiano, e sim em várias dimensões! 

E deixo à vocês, meus queridos... só love!

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Caso ou compro uma bicicleta?


Ola meus queridos(as)

Voltando a rotina, finalmente o I. foi para escolinha hoje e já está 100% no 220 de novo! Ontem estive no ambulatório da ONG para os familiares de DQs, sempre bom demais conversar com o Ale. Ele tem uma visão bem holística da dependência química, uma linguagem bem mesclada do que há em termos de tratamento por ai (o que para mim é muito benéfico, pois percebi que estava muito enraizada nos jargões que usamos nas salas). Passamos um bom tempo discutindo os 13 princípios de tratamento do NIDA (para quem não sabe, National Institute of Drug Abuse), fazendo um paralelo, o "vaticano" em termos de pesquisa e tratamento de dependência química do NIH (National Institute of Heath). Como as coisas são né? Estive no NIH vários ano atrás, quando as drogas não tinham batido a minha porta, colaborar numa pesquisa de hidrodinâmica de fluidos não newtonianos (como o sangue). Não que eu entendesse muito disso (o oceano é um fluido newtoniano, aonde a tensão de cizalhamento é proporcional a deformação... ) mas caiu uma bolsa de pesquisa do céu e eu fui passar um verão em Bethesda, Maryland. Quem se interessar: http://www.drugabuse.gov/publications/principles-drug-addiction-treatment-research-based-guide-third-edition/principles-effective-treatment. Prometo que vou sentar a bunda e traduzir! 

Falamos especificamente do tratamento do Caiçara, um desconforto emocional que precisa ser trabalho, algumas restrições que ele criou no sítio e qual o plano para sua ressocialização social. Terça agora, ele me convidou a acompanhá-lo num encontro na UNIAD (Unidade de Pesquisa de Álcool e Drogas, da UNIFESP) com quem mais, ele mesmo, Dr. Laranjeira! Já fui né queridos! E mais, perguntou se eu não gostaria de fazer um curso de Capacitação em Intervenções Familiares e a Dependência Química ministrado pelo Laranjeira ano que vem (começa em fevereiro, são 4 meses) custeado pela ONG. Balancei total! Objetivos do curso: O objetivo maior do curso é capacitar profissionais para o manejo com famílias que convivem com abuso e dependência de substâncias em contextos múltiplos. Subsídios teóricos sobre, características, dinâmica e funcionamento do sistema familiar, especificidades associadas como vulnerabilidade social e violência doméstica, e modelos de intervenção serão fundamentados por meio de debates e discussões orientadas e pautadas em conceitos cientificamente embasados. 

E ai? Caso ou compro uma bicicleta? Puxa, fico muito feliz com essa oportunidade, mas será que não é abraçar demais? Se eu realmente quiser trabalhar com os familiares dentro da ONG essa bagagem é fundamental, que eu não tenho (apenas a vivência e as coisas que leio por ai). Ajudar a captar fundos, distribuir meia dúzia de cobertores na cracolândia, e panfletar levando a mensagem do Nar-Anon é uma coisa, agora isso é outra proposta! É nestes momentos que sinto imensa falta da minha madrinha (que até agora não mandou nem sinal de fumaça...).






terça-feira, 26 de novembro de 2013

Madrinha também é gente


Ola meus queridos(as)

Confesso estou pasma... o que aconteceu? Não entendi nada! Eu sabia que minha madrinha estava meio recaída e afastada da sala mas depois de hoje, tenho certeza. 

Cheguei um pouco antes, como sempre (quando posso), abro a sala, arrumo tudo e já chega uma companheira nova, convido-a à ajudar com as cadeiras e conversamos brevemente antes de começar a reunião. Espero 5 minutinhos para os companheiros chegarem, bom, não quero atrasar demais, e lá estamos nós no meio da oração da serenidade quando chega minha madrinha (já percebi que não estava serena), pediu para coordenar... eu, meio sem jeito pois já tinha começado falei, tudo bem mas vou precisar de 15 minutinhos para passar algumas informações fresquinhas direto da reunião de área painel do último sábado. Ela ficou sem graça e sentou dizendo tudo bem então. 

Chegam mais três novos, mais uns companheiros dinossauros e a reunião corre tranquilamente. Na hora do café, faço o acolhimento sozinha! Minha madrinha e o resto dos dinossauros conversando na cozinha... Na hora pensei nada mesmo, acolhi da melhor forma possível com amorosidade. Voltamos, momento partilha, faço o ingresso, minha madrinha partilha só barulho (até agora não entendi nada, acho que nem ela), abro mão do meu tempo pois todo mundo estava precisando falar e MUITO! Encerro serena e grata. Como sempre, dou uma carona para minha madrinha. Ela, do nada, começou, você controla tudo na sala, fez o acolhimento sozinha de 4 novas pessoas... ai eu, pera ai companheira, porque você não foi me ajudar? Ela, porque você não pediu... eu, O QUÊ? Querida você tem 10 anos de Nar-Anon, isso é da consciência de cada um, não vou dizer o que cada um dos companheiros tem que fazer. Ela, agora até a tesouraria você pegou, eu pera ai, nossa super companheira tesoureira não estava podendo vir na sala e, através da consciência de grupo (numa reunião que você não estava) ficou decidido que temporariamente eu ficaria com esse encargo até ela voltar. Olha, cada vez piorava, até que ela chegou e disse, se você controla a vida do Caiçara como você controla essa sala, coitado dele... Apenas respondi, na próxima reunião vou colocar meus cargos a disposição; ela, eu sabia que você diria isso... deixei ela na sua casa, sem cervejinha, sem abraço, sem nada... Eita! 

Meia hora depois, já em casa ela me liga pedindo desculpas. A única coisa que consegui dizer, eu já desculpei, amanhã a gente se fala, oração da serenidade, cházinho e cama madrinha. Ainda continuo sem entender nada... se é que tem algo para entender. Confesso, fiquei um pouco triste, mas respeito o momento que ela deve estar passando (que não sei, pois ela não partilha) e, só posso concluir, que sobrou para mim.

Pois é meus queridos, madrinha também é gente! Fiquei sentida, óbvio que sim, afinal de contas, na hora de levantar a mão, é meia dúzia, e por isso todos e digo, quase TODOS os grupos tem carência de servidores, mas sobra companheiros criticando. 



segunda-feira, 25 de novembro de 2013

O quanto ainda preciso caminhar


Ola meus queridos(as)

O mistério do mal estar do Caiçara foi resolvido, ele tomou a medicação errada! O psiquiatra receitou um ansiolitico básico (nada muito tarja preta), e ao invés de tomar este, acabaram se confundindo na moradia e deram um benzodiazepínico (que outro interno toma) por engano. Resultado, o cara ficou literalmente chapado o dia inteiro (acabou até dormindo no sofá). Mais uma para o currículo dele...

Ontem, domingo, ele estava se sentindo bem melhor e fomos almoçar com o I. Olha, como é difícil fazer o I. sentar por uma horinha e almoçar tranquilamente (desta vez levei o kit completo, brinquedo, iPad etc...) em vão. Estávamos perto de casa, joguei a toalha, levei o I. para casa e deixei com minha mãe, claro, depois de colocá-lo para dormir e assim sim, conseguimos almoçar. Quando conseguiremos sair para almoçar civilizadamente, sem ninguém jogar nenhum talher no chão, nem o azeite, nem o saleiro muito menos o sapato? Ou querer comer o guarda-napo? 

Bom, deixei ele no metro, voltei para casa e o I. nada bem... mega gripe, tossindo um monte, saio correndo, vou na farmácia. Voltou, medíco, mama, coloco ele para dormir e ele começa a vomitar. Para tudo, banho, troca a roupa de cama, limpa o quarto... maratona. Começa tudo de novo, já 9 da noite... coloco ele para dormir, ufa, dei certo! Ligo para babá, nada de escolinha para ele, implorei, dá para vir mais cedo? Ligo na moradia só ocupado, uma hora depois, só ocupado... finalmente consigo falar com o Santos três segundo, o Caiçara chegou bem, tudo certo, peço para ele ligar desculpe estou com uma emergência. Tá bom, desliguei, esperei meia hora... chega, vou dormir. Noite de cão, no meio da madrugada comecei a ter febre, o I. acordou umas trinta vezes e quando o dia amanheceu, agradeci ao escutar a babá chegando. Liguei na consultoria, cancelei tudo, tomei um remédio para baixar a febre e capotei até as 11 da manhã! Acordo parecendo que sai de uma balada, grogue. Não consigo comer nada... graças a Deus a babá esta dando conta, o I. está bem melhor (até almoçou um pouco). Começo a me sentir meio mal de novo, 39.2 graus; dá-lhe paracetamol. Quase duas da tarde e lembro, nada do Caiçara! Olhei meu celular, nenhuma ligação perdida. Apenas pensei, que falta de consideração (só isso).

No final da tarde ele liga da moradia, oi tudo bem? Eu, dentro do possível... E lá vem ele com suas desculpas, tentei ligar do orelhão aqui da rua que não funciona (eu, deve ter outros orelhões neste bairro que funcionam), mas estava chovendo (é mesmo?), o telefone aqui da moradia esteve ocupado o dia inteiro e blablabla... no final, confesso que simplesmente falei, olha essa conversa não esta indo para lugar nenhum, depois a gente se fala tchau.

O I. doentinho, eu doente, depois de uma noite péssima tendo que escutar blablabla não deu certo, meu lado codependente queria gritar, que se fosse para achar uma biqueira ele ia embaixo até de um dilúvio mas procurar um orelhão para me ligar não. Claro que não falei nada disso, hoje sei um pouco mais, porém confesso que lá no fundinho pensei sim.

E vejo, mais uma vez, o quanto ainda preciso caminhar! O quanto ainda guardo alguns ressentimentos.


sábado, 23 de novembro de 2013

Falei!


Ola meus queridos(as)

Sábado cheio, reunião de área painel, gratidão demais e OBA!!!!!!!! Vou ter a oportunidade de ajudar a estruturar uma sala nossa em Peruíbe, meu sonho, sempre foi.... PS, irmandade, sem palavras para agradecer! Agora nas férias terei tempo, unir o útil ao agradável, tomar sol e cerveja na praia e estruturar  o grupo, quer mais do que isso? Para mim tá bom demais! O litoral sul de SP é muito carente, extremamente carente... e os familiares que sofrem com a dependência química precisam desta porta aberta. Além de que, temos no mínimo uns 10 CTs na redondeza (não recomendo nenhum). Independente, o que me faz sair de casa num sábado de manhã chuvoso deixando meu pequeno com minha mãe? Essa irmandade chamada Nar-Anon, vocês, meu amor e carinho por todos, minha boa vontade em servir e ser hoje, alguém melhor do que fui ontem! E faço por mim, de coração... 

Ele deveria ter voltado hoje para o sítio, mas teve uma queda de pressão meio do nada, não está se sentindo bem. Conversei com ele um pouco a tarde, virose, ansiedade, sei lá eu o quê? Bom, nada que necessite sair correndo para o hospital, mas a equipe terapéutica achou melhor ele ficar até terça, e voltar com eles para o sítio. Não estou preocupada, mas engraçado como as coisas são... acho que talvez ele fique menos tempo do que o programado (pelo discurso dos terapeutas) no sítio, e super concordo, o problema é aqui fora! De uma forma ou de outra o Caiçara sempre consegue o que quer, ontem mesmo quando saímos para almoçar ele disse que gostaria de ficar até terça... conseguiu! Eita! Olha, o PS dá de graça para ele mesmo! 

Eu, confesso que fico um pouco "balançada" sabendo que ele esta tão perto, não que eu não possa ir vê-lo (nada coibido), mas melhor cada um ficar no seu cantinho. Se ele estiver mais disposto amanhã, até podemos combinar algo.... 

Tá, não quero me acostumar com ele perto de novo... Falei! Não quero me acostumar em almoçar com ele em plena sexta feira, não quero me acostumar com ele me abraçando numa quinta feira nublada no motel, não quero me acostumar com ele me encontrando no metro em plena quarta feira só para me dar um beijo... Não quero me acostumar com sua presença novamente. Falei!

Eita! Um lado meu diz vai mulher e o outro grita não viaja de bonde! Barulho, muito barulho neste momento, mas ficarei em silêncio para escutar.... Amar é uma meleca! (e não tem nada haver com dependência química ou codependência agora, apenas eu amando ele...como sempre amei)!






Viver em recuperação e limpo NÃO é difícil....


Ola meus queridos(as)

"Roubei" esse texto de um companheiro querido, espero que seja de ajuda a todos nós:
Direitos autorais Jenner

Queridos familiares...

Por favor parem de achar que a adicção é uma "doença difícil", é 
doença crônica como outra qualquer, parem de achar seus familiares 
adictos coitados, eles não são!

Viver em recuperação e limpo não é dificil, difícil é usar drogas uma
noite inteira e ter que voltar pra casa e encarar os olhares de
desaprovação e saber que se deixou pessoas tristes com sua atitude.

Viver em recuperação e limpo não é difícil, difícil é ter pessoas
controlando sua vida 24hs por dia, difícil é perder a confiança em
sí mesmo e ter que reconquistá-la.
Viver em recuperação não é difícil, difícil é caçar bitucas de cigarro
na sarjeta para fumar uma pedra.

Viver em recuperação não é difícil, difícil é vender as coisas de
dentro de casa e ver o saldo negativo no banco por conta do próprio
uso de drogas.

Viver em recuperação e limpo não é difícil, difícil é ser maltratado
pelo traficante e usar drogas num cubículo de 1mt por 1mt, cheio de
pessoas insanas e que fariam qualquer coisa por mais um trago.

Viver em recuperação e limpo não é difícil, difícil é conviver com
co-dependentes criando situações e cobranças insanas.

Viver em recuperação e limpo não é difícil, difícil é conseguir ir
trabalhar depois de uma noite exaustiva de uso de drogas.

Parem de ter dó... o Dependente Químico não precisa da sua dó, precisa
que você o respeite e para isso ele precisa conquistar seu respeito,
para se conquistar respeito, primeiro é preciso ser uma "pessoa de respeito".

O familiar pode ajudar, quando a insanidade do uso chega ao ponto do
suicídio adictivo, internando ou pedindo ajuda médica, mas querer praticar
na recuperação do outro é INVASÃO!

Parem te tentar modificar o outro, foi tentando ser outra pessoa que o
dependente químico muitas vezes se afundou nas drogas!

O dependente químico, precisa aprender a ser tratado como adulto que ele é,
a maioria aqui tem familiares com mais de 20 anos, e isso já os torna
adultos perante a lei e a psicologia.

O dependente químico, pode sim ir as reuniões com suas próprias pernas,
pode sim ir trabalhar, pode sim ter uma vida social e amorosa, ele como
ser -humano tem esses direitos garantidos por nossa constituição.

Parem de achar que as pessoas em torno dele o farão recair ou entrar em
recuperação, as pessoas ao nosso redor podem influenciar, mas a decisão de
continuarmos num determinado circulo de pessoas é nossa!

O dependente químico só voltará a usar drogas se ele quiser... Isso é um
fato, e nada que vc criar para se convencer do contrário mudará isso.

RECUPERAÇÃO É PARA QUEM QUER E NÃO PARA QUEM PRECISA!!!!

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Ficar devendo


Ola meus queridos(as)

Simplesmente me permiti tirar o plug da tomada por algumas horas, sumi (bom, babá avisada, trabalho avisado)... Esqueci que o mundo existia por algumas horas e me mudei para outro lugar aonde existe jacuzzi, roupão, chinelo e serviço de "quarto". Quem vai em plena quinta feira a tarde para o motel? EU!

Não vou elaborar mais que isso, mas apenas sugiro que, vocês meus queridos chutem o balde de vez enquando, quanto mais eu me desprendo das minhas amarras, quando mais me liberto mais graça a vida tem! Quanto mais eu me conheço, e me aceito mas serena eu sou com minhas escolhas...  Claro que nem todos os dias são ensolarados (os nublados são importantes também, para o equíbrio) mas só por hoje, muito sol, muita luz, muito amor na previsão do tempo! 

E se amanhã amanhecer nublado, faz parte da vida! 

P.S: Amanhã escrevo um post mais elaborado, confesso, estou exausta (que bom) e vou ficar devendo! 

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Feriadão


Ola meus queridos(as)

A sala ontem foi simplesmente mágica, não sei se era eu que estava com saudades ou se a sintonia estava lá (tá o PS mesmo), sai muito serena, agradeço por, mais uma vez, poder ter coordenado com amorosidade, humildade e respeito aos companheiros. Estávamos com um coro bem pequeno, a velha guarda de sempre (menos minha madrinha, puxa...ela esta meio recaída, item número um da agenda: ligar para madrinha urgente!), madrinha também é gente! 

Bom, feriadão, Caiçara em Sampa até sábado (sei lá eu se da para chamar isso de reso, a proposta é tão outra), e lá fomos nós passar o dia juntos. De manhã tive a idéia de irmos no aquário, nós três, o I. simplesmente estava no nirvana! Mamãe peixe, peeeeeixeeee, peeeeeeeeeeeeixeeeeeeeeeeeee...... se apaixonou pelo lobo marinho, vai explicar que não é um peixe e sim um mamífero, tentei em vão. O Caiçara sendo o que ele é na sua essência também, o paizão, babão, me ajudando demais com o I. nesta excursão porque confesso, sair com o I. sozinha ainda não consigo! Preciso da babá, da minha mãe, dele enfim... Quando o I. viu o Caiçara, e vice-versa, como não sentir o amor, o carinho... sei lá quem se jogou nos braços de quem primeiro, talvez tenha sido simultâneo! E assim passamos a manhã entre peixes, mamíferos marinhos, sorrisos, amor e carinho. 

A tarde consegui deixar o I. com minha mãe, dormindo (não tem jeito, se ele não tira sua soneca fica um saco), e fomos almoçar nós dois. E como sempre conversamos de tudo, desde a tabela do brasileirão, a volta do verdão a primeira divisão, o triângulo da auto obsessão, meu amor pelo Nar-Anon, seus "embates" no sítio, os caminhos.... e o ressentimento (dele), de não ter visto o I. dar os primeiros passos entre outras coisas. Lembrei-o que haverá várias outras "primeiras" coisa do I., como a primeira palavra que ele escrever, a primeira vez que ele pegará um ônibus sozinho, enfim trilhões de "primeiras"vezes, que só cabe a ele querer estar presente e participar! 

De coração, o perdoei... um bom tempo atrás, não por ele mas por mim, pois carregar mágoas e ressentimentos pesam demais. Não é possível fazer uma outra viagem carregando a mesma mala. Ele disse, eu ainda não consegui pedir para que você me perdoasse...eu simplesmente respondi, já te perdoei a muito tempo e não preciso que você peça, pois fiz e faço por mim. A maior dificuldade não é perdoar o outro MAS se perdoar! Faça as pazes com você!

E terminamos o dia palhaçando como sempre, deixei ele no metro (ele não precisa de escolta), dei as instruções básicas de como chegar na moradia assistida (deu tudo certo, ele já me ligou, bom...se perdeu um pouco mas faz parte) e nem por três segundos perdi minha serenidade imaginando que ele fosse sair correndo com $3 reais para biqueira. Na verdade nem que fosse $50... 



terça-feira, 19 de novembro de 2013

Fora do sítio


Ola meus queridos(as)

Ontem ultrapassei minha preguiça clássica de segunda feira e fui na temática do Ale (o mostro do NA/presidente da ONG) num grupo aqui do nosso distrito, que alias estava comemorando 19 anos com direito a bolinho e tudo mais! Como já tinha ido numa palestra dele na ONG, algumas coisas não eram novidade, mas sempre muito produtivo. Do meio para o final fiquei hipnotizada, lá estava ele falando do triângulo da auto obsessão (claro que com uma abordagem mais existencial, pois ele é filósofo por formação). O ressentimento, a raiva e o medo se retro-alimentando... E o Caiçara lá bem no meio do triângulo. Como quebrar esse ciclo? Pois é, transformando ressentimento em aceitação, raiva em amor e medo em fé. Simples assim... Desta vez não, longe disso! Uma dinâmica psíquica muito complexa.

Mas enfim, apreendi um pouco mais, sobre mim mesma também que as vezes acabo visitando um dos vértices deste triângulo, e é sempre bom abraçar os compaheiros(as) de outros grupos, além de que (agora momento ego), ele citou meu nome no meio da palestra (a babona aqui estava sentada na primeira fileira quase teve um infarte!). Além de que, lembram aquela companheira de sala que tenho/tinha restrições? Estava lá (a única do nosso grupo), sentou do meu lado, conversamos um monte e depois saímos para comer alguma coisa. Chulapa mais PS!

Hoje o Caiçara esta vindo para Sampa e ficará até sexta ou sábado. Tem uma consulta agendada na psiquiatra, precisa resolver algumas questões e quer nos ver também. Conversei bastante com a terapeuta, Dani, ontem sobre talvez esse não ser o melhor momento para sair do sítio, ela falou exatamente o contrário e aqui poderia estar com ele todos esses dias na moradia assistida e dar um suporte melhor. Meio choque "controlado"... Bom, confesso que o trabalho deles é uma proposta, no mínimo, diferente dos CT clássicos que conheço por ai. Sair quando esta tudo bem não é termômetro (palavras dela).  Ela quer ver como ele se sai aqui fora neste momento... Claro que ninguém vai dar $100 na mão dele e falar vai passear, volte antes de escurecer né? Segundo ela, ele esta no meio do tratamento, momento importante de avaliar como ele se comporta aqui fora esses dias. Alias, ele e outro interno estam vindo sozinhos de ônibus (O QUÊ?????). Já passou... entreguei. No fundo é bem por ai, eles precisam apreender a ser responsáveis, sem babá!

Seja bem vindo!




domingo, 17 de novembro de 2013

A dor é inevitável, o sofrimento opcional


Ola meus queridos(as)

Olha simplesmente sou vítima do feriado sem nem ter aproveitado a praia e acabei no congestionamento voltando do sítio, nunca demorei tanto para percorrer míseros 70 km! Prometi para mim, se alguma visita cair num domingo, volta de um feriado prolongado sinto muito...não vou! 

Me arrependi de ter ido? Claro que não, já passou... mas esse transito é de tirar a sanidade de qualquer um! Ainda mais num momento tão difícil, ela esta "embarulhado", muito barulho. Silêncio meu amor, silêncio para poder escutar, SE escutar. No mínimo curioso como cada um tem sua própria dinâmica e tempo, o que ele esta vivenciando agora é algo que, normalmente vemos no começo da internação, quando a pessoa entra na não aceitação, muita dor e blablabla (mais uma vez não sou terapeuta de nada nem ninguém). Ele foi o contrário, as últimas visitas ele estava sempre bem, feliz e porque? Porque estava blindado, trabalhar na cozinha foi uma muleta (ele saiu alias, sinto pelos outros internos que perderam o tempero maravilhoso dele mas ganharam, talvez, um companheiro realmente entrando em recuperação). Sua cabeça, de uma forma, criou mecanismos para que ele não tivesse que lidar com a volta a ativa que ocorreu, e com ela a dor, o "fracasso" e seu comportamento auto-suficiente, orgulho e por ai vai. E entrou naquele momento, perdi um mês aqui TENHO que entrar em recuperação, eita! 

Mais uma vez conversamos muito, fui dura quando precisei (é, sem mimimi), peguei no colo quando precisei também... e espero que ele pare com essa cobrança e achar que o "tempo" foi perdido, o PS sabe o que faz, talvez ele precisa-se disso naquele momento para realmente identificar tudo isso. Não é o programa que entra dentro de você, mas você que entra no programa... e como diz uma sábia Japa, a recuperação é a conta gotas. Você não acorda um belo dia se olha no espelho e diz, opa, entrei em recuperação... longe disso, é gradual, um processo. Mas a "sede" é tão grande que as vezes acabamos atropelando, nos afogando num copo de água, vamos hoje de: primeiro as primeiras coisas.  Porém, muito positivo tudo isso.

E eu? Eu fui assertiva, busquei todas as ferramentas que apreendi e mais algumas que guardo na manga para ocasiões especiais como essa (segredos da irmandade). Sentamos na beira do lago até apelei para a oração da serenidade que fizemos juntos naquela natureza única (é sério queridos, o lugar é lindo... quem sabe um dia além da casa de praia tenho uma de campo também!). Fiquei um pouco triste por saber que realmente, AGORA, ele esta sofrendo aquela dor... tardia, mas chegou. E ver a pessoa que você ama sofrer nunca é legal né? 

Hoje, confesso foi difícil nos despedirmos, mas sem nenhuma cena de novela, sem choro... Apenas um abraço muito forte, e ele falou baixinho no meu ouvido" te amo" e eu sussurrei no seu ouvido de volta " eu também te amo, o Iago também te ama, só falta uma pessoa amar você, o Caiçara". Entrei no carro, e vi, de longe, pelo retrovisor, as lágrimas escorrerem pelo seu rosto. Quis dar ré, voltar para trás.. mas não caminhamos para trás e sim para frente! 

E agora escrevendo para vocês meus queridos, posso chorar as minhas lágrimas...Só por hoje! 


sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Ampulheta


Ola meus queridos(as)

Feriadão em casa! Nem pensei em descer para praia por inúmeras razões; primeiro eu li o jornal (só 309 Km de congestionamento, 6 horas para sair de Sampa e chegar na baixada santista, obrigado, não renovei minha carteirinha da FUNAI faz uns bons anos, indiada foi-se o tempo), segundo amanhã tenho reunião de distrito do Nar-Anon, terceiro domingo é a visita e quarto, amo a praia MAS não quando ela esta cheia de farofa, sujeira e bóia de pneu. Lembro que quando chegava o final do ano, ficava meio triste em ver o que nossa cidade tão querida se tornava... um caos. 

Como a visita é no domingo, o Roberto (do sítio) me ligou, oba meu celular ressuscitou! E meu dedão do pé esta bem melhor, ando mancando um pouco ainda mas pronta para outra topada! Desde sábado passado, quando falei com o Caiçara no telefone, não tive mais contato com ninguém, não consegui ir no ambulatório para os familiares na quarta (pois não conseguia andar) e nem ligue (pois meu celular estava em coma afogado até hoje). Notícias não das melhores, parece que voltou a estaca zero... bom, zero não mais regrediu no tratamento. Parou de ir nas reuniões, saiu da cozinha e voltou para o casulo.  E apenas vê os outros (sempre comparando fulano com ele) mais uma vez esquecendo o propósito dele estar lá... que é focar NELE! Fazer essa viagem interior (não exterior)... Fechando um mês de tratamento, honestamente não sei em que estágio ele se encontra. Como não conversei com a psicóloga, nem os terapeutas e muito menos com ele não vou achar nada. E também não vou ligar para ninguém em pleno feriadão, né? Domingo conversamos e tiro minhas próprias conclusões, se é que cabe a mim isso. As vezes me questiono isso, claro que eu conheço o Caiçara, claro que tenho uma bagagem considerável no assunto dependência química, claro que tenho o conhecimento prático do dia a dia e a vivência dos grupos  MAS nada formal, não sou terapeuta ou psicóloga especializada em DQ; será que acabo me metendo aonde não deveria? Ficar "analisando" o comportamento do Caiçara não é o meu papel, eita codependência que gruda na gente........................................sai. 

Enfim meus queridos, como sempre vou de coração aberto, apenas querendo matar um pouco a saudade dele, passar um tempo com a pessoa que amo mas sabendo que, talvez, desta vez não tenha cachoeira! E tudo bem também... Apreendi a dar valor ao que tem para hoje.

Essa dinâmica é muito complexa, e como sempre digo, não tem receita de bolo. A recuperação é muito pessoal e única de cada um, e no momento de cada um... Ele, meu Caiçara, sabe que sua ampulheta esta se esgotando, a areia corre por ela sem piedade, o tempo esta se esgotando; e ele sabe disso. Eu sei disso... pois não acredito mais em papai noel! 

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Ok


Ola meus queridos(as)

Qual exatamente é a temática deste blog? Por exemplo, temos blogs (maravilhosos) focando em codependência e dependencia química, outros focados em maternidade, outros em dietas, outros em sadomasoquismo... E o meu? Claro, escrevo muito sobre recuperação, minha vivência com o universo dependência química, mas acho que ao longo do tempo foi virando um pouco diário (será que mudo o nome para diário ao adicto? Uh.....não), aonde faço um micro décimo passo. Então meus queridos(as), não se assustem se algum dia postar uma receita de tainha recheada! 

Ontem estava na rede e uma pessoa do passado (e bota passado nisso) queria conversar comigo no inbox. Oi tudo bem? Não, se é para você ficar me enchendo o saco no face me exclui... Momento branco (meu) ai lembrei, uns dias atrás ele postou uma foto com um rifle (isso mesmo meus queridos) caçando veados no Maine, e justificando que a caça ajuda no controle populacional. Claro que não me aguentei, e comentei que tal argumento não tem nenhuma base científica (a caça esportiva infelizmente é legalizada em alguns estados norte americanos por lobby político da NRA, National Rifle Association). E que se a justificativa era essa, deveríamos começar a exterminar algumas pessoas também para controlar o nosso crescimento populacional. Enfim, queridos, em outros tempos simplesmente teria entrado numa discussão que não levaria nada a lugar nenhum pois, a qualquer custo, teria que "ganhar" o argumento, e TER razão (apesar de nesta situação específica eu realmente ter razão). Mas parei e pensei com meus botões, o indivíduo não esta disposto a dialogar... então eu vou perder meu tempo? E lembrei da parede... e o quanto insano é conversar com uma parede. Simplesmente respondi, Ok. Ele continuou, eu não fico verificando suas coisas para ver se tem algo que sou contra para encher o seu saco... Eu, Ok. Ele continuo blablabla... e eu, Ok. Até que ele simplesmente explodiu, e eu Ok e boa noite. 

Nossa! O poder do Ok, alguns dias atrás, através de uma querida companheira apreendi o poder do "pois é" e hoje o do Ok! Então para você que se tornou essa pessoa totalmente com valores invertidos, poluidora e que gosta de matar animais inocentes por nada, que foi meu primeiro namorado querido só digo Ok! E sinto muito você ter crescido para ser este ditador reacionário direitista de hoje e não aquele músico sensível que você já era, naquela época, e assassinou. 


quarta-feira, 13 de novembro de 2013

"Conversando"


Ola meus queridos(as)

Nossa tinha esquecido como é bom simplesmente não fazer nada! Passei o dia com meu dedão latejando mas sem muita dor (eita... analgésico bom), provavelmente dei 50 passos ao longo do dia, imóvel, com direito a café da manhã na cama (a super babá chegou mais cedo e trouxe para mim, pode? Olha daqui a pouco proponho casamento...gente que pessoa maravilhosa, um anjo que o PS mandou na minha vida). Fez hora extra, não cobrou um centavo a mais, e simplesmente me ajudou de coração! E o I. esta num momento punk mesmo (pegou meu blackberry, saiu correndo e jogou no vaso sanitário, fiquei puta, não porque é um blackberry, longe disso, alias ele nem era touch screen e última geração e sei lá eu mais o que, bem velhinho mesmo, mas comigo faz tempo... quem sabe conseguem ressuscitá-lo). São pequenas/grandes coisas como essa que alimentam minha esperança na humanidade, talvez não estejamos fadados a extinção, existe uma outra saída; ser solidário, amar e ajudar o próximo. E minha chama reacende. 

Como o ócio é bom mas traiçoeiro; me peguei pensando muito no Caiçara, momento meio saudosista... quando nos conhecemos, a época que moramos juntos (foram quase 3 anos), a cumplicidade, a nossa gravidez! Digo nossa porque ele engravidou junto comigo, só faltou acordar de madrugada querendo comer jaca com requeijão, mas todo o emocional esta lá comigo. O sorriso mais sincero, mais feliz, mais gigante que já vi, foi dele, o dia que abriu o envelope com o resultado positivo da gravidez. Sempre fomos muito cúmplices (nas merdas também, bom não nessa gigante chamada crack), muito companheiros, muito amigos... sinto falta do meu amigo. Várias pessoas que nos conhecem não entendem como eu e ele podíamos simplesmente passar horas e horas e mais horas conversando, sendo que morávamos juntos, acordávamos juntos, dormíamos juntos e quando saímos, ainda tínhamos assunto para a noite inteira! Não tenho explicação também, acho que apenas gostamos da companhia um do outro. E mesmo quando não estavamos conversando (principalmente nas noites de quarta porque é jogo de futebol, sagrado) continuamos "conversando"... Ele é a pessoa que eu gostaria de passar o resto da minha vida "conversando"... 

Hoje, não tive escolha, precisei crescer, mas isso não nos impede de continuar "conversando"...  mesmo ele sendo um adicto (e será o resto da vida, mas isso não significa que é apenas isso que ele é, um adicto). Ele, eu somos duas pessoas, com muitas qualidades e defeitos também, muito mais do que apenas um adicto e uma codependente! Alias quando mais eu viajo dentro de mim, quanto mais eu abraço minha irmandade, quando mais eu escuto... cada vez menor é minha codependência. E gradualmente vou me despedindo dela, boa viagem codependência e não precisa mandar nenhum cartão postal! 


terça-feira, 12 de novembro de 2013

De molho... uns dias


Ola meus queridos(as)

Eu consegui! Olha, desta vez é troféu joínha.... Aqui estou eu com o pé pra cima com uma bolsa de gelo, depois de ter tomado todos os analgésicos receitados pelo médico e ainda sentindo uma puta (desculpem) dor! Eu consegui fraturar a falange proximal do dedão do pé! E sabe qual é o tratamento para a lesão: bolsa de gelo, analgésico e muita paciência e tempo... Pois é, não engessam o dedão do pé, fazer o que? 

Fui colocar o I. para dormir, o quarto dele virou uma zona de guerra, pois a tal brinquedoteca (entenda-se, quarto da bagunça) está passando por uma reforma, então os dois mil brinquedos estam alojados no quarto dele (e os outros mil no meu, outro dia achei o Bob Esponja na minha gaveta de calcinhas...). Quando ele adormeceu, luz apagada, tropecei em algo que acho ser um quebra cabeça, desequilibrei e topei com tudo meu dedão na parede. A luz ascendeu, vi estrelas, a constelação inteira, mas mãe é mãe, fechei a porta sem barulho, corri para o meu quarto e gritei de dor! Pensei comigo, é só uma topada, vou tomar um paracetamol e vou para sala... Assim que coloquei o pé no chão, descobri que nem dirigir iria conseguir... Além de que fiquei pasma com a velocidade que meu dedão virou uma beringela roxa! 
Fazer o que nesta situação? Ligar para o super pai, que veio me resgatar, e levar no ortopedista (não que precisasse, na hora que ele viu a lesão já fez o diagnóstico, mas meu pai sendo médico acha anti ético ele me tratar, apesar de que lembro que foi ele que suturou minha cabeça quando era criança e o carrinho de feira caiu em cima dela em pleno sábado a noite). 

Enfim, estou de molho por uns dias... fiquei puta comigo mesma! Mas passou, aproveitar o "molho" para assistir todos os mil filmes atrasados, ler os mil livros empilhados na cabeceira da cama, encher o saco do povo querido na rede e trabalhar um pouquinho em casa também. Desacelerar... Olha, é cada uma que acontece comigo. 

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Mundo cão


Ola meus queridos(as)

Acharam o corpinho do menino de 3 anos num rio uns 100 km de distância da sua casa, o que tinha o sorriso Colgate igual ao do I. ... e perdi um pouquinho de esperança na humanidade. As vezes acho que o ser humano esta fadado a extinção mesmo! Somos capazes de atos tão nobres por um lado, e atos tão crueis por outro; somos capazes de tudo. Até tirar a vida de uma criança inocente num ato covarde e insano, só tem uma explicação lógica, surto psicótico, total e completo rompimento com a realidade. Não consigo conceber a possibilidade que alguém faria uma crueldade de posse plena de suas faculdades mentais. Preciso justificar para mim desta forma senão piro!

Minha babá diz que eu vivo no mundo da Lua, talvez seja eu não querendo ver essa realidade tão absurda (eu não assisto televisão, antigamente assistia pelo menos o noticiário da CNN, hoje nem isso), quase um mecanismo de defesa. Leio no jornal só o caderno de esportes e olhe lá! Então como soube dessa tragédia do menino? Porque repercutiu, e muito no mundo "codependente". O principal suspeito, o padrasto, é um dependente químico. Assustador isso... sabemos que na ativa, são capazes de atrocidades, mas porque só pensam na droga e maquinam meios de consegui-la. Mas meu lado racional pergunta, ele conseguiu a droga matando o menino? Não. Era mais fácil ele ter vendido o menino, ou roubado alguma coisa de casa. Enfim, mundo cão! 

Recebo uma ligação do namorado/marido da bruxa tóxica, ele foi muito educado comigo (afinal de contas teria outro motivo para não ser? A gente nem se conhece!), disse apenas estar preocupado com o Caiçara (foram companheiros de NA), se ele realmente estava internado e se estava bem. Bom, frente a essa abordagem optei por dizer que infelizmente ele estava internado, num lugar da minha extrema confiança, é voluntária, tudo aberto... resumindo, ele esta lá porque quer! Quando o namorado/marido perguntou porque o Caiçara não tinha os avisado, apenas disse, isso foi uma escolha dele. Resumindo, deixei bem claro que eu não estou o mantendo em cárcere privado, num cativeiro incomunicável. Ele, simplesmente, escolheu neste momento não ter nenhum contato. Ufa, que alívio, ele entendeu. Espero que a bruxa também... Depois disso, não me pressionou para sabe aonde, nem telefone nem nada.

De resto tudo tranquilo, tivemos uma longa conversa no telefone (não tem essa de 5 minutos, acho que falamos mais de meia hora) numa boa sobre tudo, amenidades e coisas importantes também. Do meio para o final da ligação abri o jogo, a família dele em Peruíbe ficou sabendo que ele esta internado. Relutei em falar (será que pode atrapalhar?) mas ele aceitou sem maiores problemas, respeitou minha decisão de simplesmente não me envolver, e SE ele quiser ligar a escolha é dele, a família é dele, a bruxa tóxica é irmã dele... não minha! A minha alias é uma fofa! 

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Oi.. serenidade volta!


Ola meus queridos(as)

Ódio é algo horrível de sentir... mas não sei exatamente se é esse ódio todo mas simplesmente quero que essa pessoa esqueça que eu existo (e qualquer outra pessoa que tenha o mesmo sobrenome que eu).  Venho fazendo isso a um bom tempo, quanto mais longe de mim e meu pequeno melhor... Mas o outro lado parece não entender desta forma. E renasce das cinzas, perdi a conta de quantas ligação eu NÃO  atendi hoje desta infeliz ( e vou continuar não atendendo). 

Pois é, o que eu estava querendo empurrar com a barriga aconteceu, evitando o inevitável. A bruxa evangélica... renasce das cinzas. A irmã tóxica do Caiçara, enfim, soube que ele esta internado! Porque eu sou uma anta quadrada, segundo minha babá, e conversei com um amigo "nosso" de Peruíbe, o S. de outros carnavais, que o Caiçara foi internado. E ela, porque não tem mais o que fazer da sua vida miserável, ligou para ele perguntando do Caiçara, e ele disse que estava internado. Pronto circo armado!

Dez mil ligações no meu celular, nenhuma atendida...Porque eles simplesmente não esquecem que eu existo? Já deixei bem claro, depois que a mãe do Caiçara morreu, todos eles morreram juntos... não quero nenhum contato, meu filho será e esta sendo criado na minha família e é isso que tem para hoje! 

Relações tóxicas.... a bruxa evangélica é uma delas, por isso cortei pela raiz faz tempo. Eu me preservo, pois já estive nesta briga antes e só me machuquei, chega de insanidade. O problema é que de novo, a insanidade é tão grande que daqui a pouco liga pro meu querido pai (que não tem nada haver com isso), contaminando outras pessoas que não fazem parte desta estória. Olha, serenidade e muita ... pois EU quase odeio ela, nunca pensei que pudesse sentir isso por alguém (não, aquilo não é alguém...). 

Oh amor....venha, vamos cultivar, e que a bruxa evangélica se foda, bem longe de mim... cada um cava seu proprio buraco. 




quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Saudades ou codependência?


Ola meus queridos(as)

É codependência ou simplesmente saudade? Liguei no sítio hoje, detalhes operacionais, querendo saber se a internet deles já esta funcionando, pois combinei que mandaria as "cartas ao adicto" via email. Sim, voltei exatamente aonde comecei esse blog, escrevendo cartas ao adicto... mas não voltei para o mesmo lugar, graças a essa irmandade, simplesmente voltei a escrever cartas ao adicto, que se encontra em tratamento buscando sua recuperação. E eu a minha... Nossa, que diferença! 

Não voltei para aquele lugar escuro, solitário, aonde só havia dor, mágoas e ressentimentos. Longe disso, mas voltei a escrever "cartas ao adicto" que eu amo, respeito e esta buscando sua recuperação, nada mais do que isso! Hoje escrevo as "cartas ao adicto" de um lugar aonde há esperança, muita fé, e serenidade; aonde há luz e serenidade, aonde há VIDA! Hoje escrevo "cartas ao adicto" de um lugar que eu construí para mim, dentro de mim... e continua em eterna reforma, se assim o PS permitir! 

Mas enfim, lá estou eu conversando com o coordenador do sítio sobre a internet e pergunto, mando o email para você? Ele, não querida, pode mandar para o email do Caiçara mesmo, sem problemas, nós vamos deixar ele ter acesso (uh.....por mim, principalmente porque o Caiçara não entende nada de rede mesmo, alias esse email que ele tem foi eu que abri, gente, ele não tem nem face...é o homem das cavernas cibernético, sério!). Por isso mesmo perguntei, mas ele lembra da senha? O Roberto falou, pera ai...e gritou, Caiçara, você lembra a senha do seu email? E por 3 segundos escutei sua voz, no fundinho dizendo que sim! Confesso que paralizei por três segundos! Quando o Roberto voltou ao telefonem, disse que sim ele lembrava, manda a carta para o email do Caiçara... Fiquei muda, ele perguntou, você quer falar com ele?!!! Claro que dentro de mim eu gritei SIMMMMMMMM....Mas o racional falou, a ligação é sábado, esta tudo bem..... e agradeci, falo com ele no sábado. Desejei serenidade a todos em desliguei.

E fico aqui me questionando era minha codepedência falando ou simplesmente estou com saudades?! Honestamente não sei, mas que estou com saudades estou! 


Abrir a geladeira


Ola meus queridos(as)

Não é segredo para ninguém que o nosso ex-jogador de futebol, hoje comentarista esportivo Casa Grande é um dependente químico, até publicou um livro falando das suas experiências e recuperação. Não li o livro, mas fiquei interessada depois de ouvir esse depoimento que ele deu. 

Ele fala que logo quando foi internado (involuntário mesmo pelo filho mais velho), numa reunião de grupo a psicóloga perguntou do que eles sentiam falta, ele achou muito estranho a resposta de um dos outros pacientes (já finalizando seu tratamento), que disse "sinto falta de abrir a geladeira"... enquanto ele sentia falta do seu carro, das baladas, etc... Quase um ano depois, neste mesmo grupo (é....meus queridos(as), sua internação foi longa), a mesma psicóloga fez a mesma pergunta e ele disse "sinto falta de abrir a geladeira"! Ligar a televisão, ir no cinema, conversar com os amigos, o abraço do filho, o trabalho... coisas simples, mas que não tem nenhum valor quando a droga escraviza você! Em recuperação, você começa a dar valor a essas pequenas/grandes coisas, ter a liberdade de abrir a geladeira e escolher o que comer com prazer! 

Em recuperação, valorizamos tudo, pois em algum momento da nossa vida, perdemos isso. Infelizmente o velho ditado diz que damos valor as coisas quando as perdemos, e ai, acrescento, que bom que podemos voltar e recuperá-las novamente! Recuperar nossa vontade de viver, de acreditar, de amar, de simplesmente ser feliz abrindo a geladeira! 

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Poucas palavras


Ola meus queridos(as)

Acho que devo estar chegando naquele momento do mês, não sou de me abalar com as "maldades" do mundo (afinal de contas sou de Sampa aonde uma pessoa por causa de 5 reais é assassinada a cada minuto). Mas depois que li a reportagem do menino de 3 anos, com o sorriso Colgate igual ao do I. que simplesmente sumiu no meio da madrugada de dentro de casa, e agora o negócio complicou, padrasto DQ, mãe psicóloga no CT que ele estava internado, cão farejador indicando que houve uma excursão noturna a um riacho nas proximidades da casa... Enfim, não sou do CSI, mas fico triste em ver o quanto cruel podemos ser como SER humano.

Sei lá porque me abalei, talvez porque é um espelho do meu pequeno (que acabei de olhar pela décima vez dormindo tranquilo no seu quarto, que tranquei e a chave esta comigo, depois de ter ligado todo o sistema de alarme da casa, que nunca faço...). Paranóia? Compaixão? Que o PS segure a mão desta criança...

Sem muitas palavras hoje... 

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Décimo primeiro passo


Ola meus queridos(as)

O PS sempre sabe o que nós precisamos fazer... no mínimo curioso como as coisas acontecem. Lá estou eu, no final do dia, pensando o quanto estou cansada, minha mãe viajou para os USA, não gosto de deixar o I. com a empregada...quem sabe minha madrinha não quebra essa e abre a sala para mim. Eu totalmente me auto manipulado arrumando um monte de desculpas para não ir no grupo. 

Quando já tinha me convencido que tudo bem eu NÃO ir, pulei da cadeira, peguei minha bolsa e sai correndo que nem uma louca pois estava em cima da hora! Parece que escutei o PS falando, não, falando é pouco, gritando, VAI MULHER! Você precisa da sala e a sala precisa de você... Olha, de duas uma, ou realmente tive um momento PS, digamos assim, ou estou virando esquizofrênica e escutando vozes... 

Cheguei no grupo atrasada, ninguém... arrumei a sala, e pensei comigo, será hoje o dia da reunião a dois (eu e o PS)? Mas os companheiros foram chegando (minha madrinha não pode ir, olha se eu tivesse ido!), e duas novas companheiras que eu acolhi!!!!!!!! Gente, sem palavras... estou emocionada! Todo mundo na nossa salinha conhece os passos de cor e salteado mas sempre gosto de começar a reunião lendo eles (principalmente quando temos recém chegados), aleatoriamente pedi a um companheiro que começasse, e assim o próximo... quando chegou a minha vez qual era? O décimo primeiro! Quando comecei a ler uma sensação tão difícil de descrever me invadiu, fisicamente assemelha-se a um formigamento, que começa pelo pé e vai subindo pelo seu corpo, um calorzinho...sei lá, olha quase como se fosse um, desculpem, um orgasmozinho. 

Até a companheira que tenho restrições, hoje, simplesmente senti por ela uma enorme compaixão, e confesso, foi o abraço mais forte que recebi! Dela! Tem uma Japa por ai que sabe das coisas...

E tudo fluiu, como a cachoeira! A energia, e o amor fluíram... só agradeço por poder ajudar e ter sido ajudada mais uma vez por essa irmandade! 

Passo 11: Procuramos através da prece e da meditação, melhorar nosso contato consciente com Deus, como nós O concebíamos, rogando apenas o conhecimento da Sua vontade em relação a nós e a força para realizar essa vontade.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Natureza (do ser)


Ola meus queridos(as)

Por aqui tudo tranquilo, confesso que estive meio dispersa, meio no mundo da lua e os dilúvios bíblicos já começaram nesta cidade, e uma hora presa no trânsito quais são suas opções? Ter um chilique, pensar na morte na bezerra, ou aceitar a situação. Uma mistura de aceitar e pensar na morte da bezerra... tá mentira, pensando na cachoeira, nele se fundindo com aquele todo! 

O que me atrai nele? Extamente isso, essa força da natureza, quando ele nada na praia, é um peixe, quando voa, é um pássaro, quando se enterra é uma minhoca... É uma fusão, irracional do ser, instintiva que constrói e destrói com a mesma intensidade. Como a natureza... Ela é sábia, mas nem sempre entendemos que uma explosão vulcânica (que destruiu cidades e vidas) irá renovar aquele solo degradado, torná-lo fértil e produtivo, num processo de engenharia ambiental que só ELE sabe... 

Voltando atrás, memórias, as que marcaram (não as melhores nem piores) o vejo assim... uma expressão da força da natureza, não existe certo ou errado para natureza. É certo ou errado um tsunami inundar metade do sudoeste da Ásia? É certo ou errado um terremoto dividir São Francisco no meio? É certo ou errado um tornado dizimar metade do sul dos USA? É certo ou errado irradiar a luz para que as plantas cresçam? É certo ou errado um louva-Deus fêmea comer (literalmente) o macho depois da cópula para assegurar a perpetuação da espécie? É certo ou errado esse ciclo biogeoquímico que mantêm a "vida"neste planeta?! 

Certo e errado são conceitos sociais nossos, não da natureza... e ele é essa explosão criativa e destrutiva do ser no seu estado mais "natural".  Isso me fascina, pois sou o oposto, enquanto ele simplesmente é essa natureza, passei metade da minha vida estudando ela. 

E eu o amo por ser essa natureza (que não é adicção), é sua essência mais pura e cristalina. 

domingo, 3 de novembro de 2013

A cachoeira


Ola meus queridos(as)

Exausta mas completa, feliz... parece que termino o final de semana mais cansada do que quando ele começou! Acordei cedo, desta vez nem um pouco ansiosa, dormir super bem e lá fui eu para o sítio visitar o Caiçara. Agora que já conheço o caminho, nem me perder consegui! Acho que nossa sintonia esta meio igual, pois quando cheguei ele não estava lá fora, como a maioria dos internos, ansiosos olhando para o horizonte  esperado alguém chegar. Que nada, sai entrando pelo sítio, cumprimentei o Roberto, a Dani e o Santos (fofo!) e fui achar o Caiçara assistindo TV! 

Três minutos depois estávamos sentados na beira do lago, e fui direta e reta, desembucha... Ele nem tenta mais me manipular, relatou alguns fatos ocorridos, falou, falou e falou mais um pouco. Realmente desequilibrou uns dias, oscilou o humor legal por coisas corriqueiras e banais (que alguém NÃO internado sendo DQ tiraria de letra). Mas esse espaço não é para falar dele e sim de mim, como eu me posicionei? Meia hora depois, simplesmente perguntei MAS e você? Até agora só escutei você falando de fulano e ciclano... eu não estou interessada no fulano e ciclano. Foi bom demais, finalmente ele se abriu, deu um passo importantíssimo, reconheceu um dos motivos da sua recaída, orgulho. Achou que sozinho ele iria conseguir... teve orgulho de simplesmente pedir ajuda. Por um lado entendo, pois já fui assim, auto suficiente, orgulhosa, achando que não precisava de nada nem ninguém, a projeção do sucesso e arrogância. Conversamos muito sobre a importância de aceitar, se render, e criar essa rede de apóio porque "sozinho eu não consigo"! E foda-se se são 3 da madrugada...identificou, sentiu (pois grande parte das vezes, a recaída dá seus sinais antes), sai correndo, liga, enche o saco mesmo (nossas irmandades, que seja o Nar-Anon ou o NA, estamos aqui para isso)! Orgulho, quase contraditório se você for pensar bem, o cara fez um monte de merda, se acha uma merda mas tem ORGULHO! Farei outro post sobre isso (preciso elaborar melhor).

Ótimo, tudo conversado nada resolvido, ele teve a idéia de me levar na cachoeira (teoricamente ela esta numa propriedade particular e o Roberto não quer eles indo mais, desculpem meus queridos(as), o pouco que entendendo de legislação de recursos hídricos ninguém é dono de uma cachoeira, muito menos uma praia). Além de que estava um calor desgraçado, cruel mesmo! Fui cúmplice, ele pediu permissão para que pudessemos sair por um tempo das premissas do sítio, o Roberto chamou a Dani, que olhou para mim com aquela cara de esfinge denovo, e disse que bom que vocês pediram, vão "trocar idéia" e andar por ai. E lá fomos nós caminhando pela estrada de terra. É logo ali, 10 minutos...10 minutos de adicto, meia hora depois estressei. Cadê essa cachoeira? Um calor infernal, eu de calça jeans, um sol de rachar (estou toda vermelha, parece que fui para praia)... falei querido, me preparei para uma andadinha de 10 minutos não uma romaria numa picada! Momento, ele mau, só queria mostrar para você a cachoeira, sei que você vai gostar, eu, tá bom mas fosse honesto. Quase virei as costas no meio do caminho... que bom que não virei! 

A cachoeira.... é linda! Não é uma quedinha de água, é A cachoeira! Lembra muito, e por isso o Caiçara insistir tanto em me levar lá, uma cachoeira que íamos juntos no Perequê. Paz... natureza exuberante, nem uma viva alma por perto (tirando um lagarto que saiu correndo do meio do mato e quase infartei). Olhando dentro dele perguntei o que estava faltando... ele simplesmente tirou a roupa e disse ME RENDER, e pulou na cachoeira! Relutei um pouco, pois odeio água fria, fria não gelada, mas 5 minutos depois lá estava eu pelada me rendendo também! 

Chegamos de volta no sítio atrasadíssimos, o pessoal já tinha almoçado MAS guardaram uma quentinha. Sei que ele vai levar a mega comida de rabo, mas, honestamente, não me arrependi MESMO, nem de ter sido cúmplice neste ato de rendição!