quarta-feira, 8 de maio de 2013

Vou para o NA!


Ola meus queridos(as)

Porque tenho "restrições" com a nossa companheira (vou chamar de S.)? Ontem, antes da sala conversei com a minha madrinha e ela me disse algo que não tinha percebido, a necessidade da S. em tomar posse daquela cadeira de plástico na frente da mesinha com a toalha azul para se sentir melhor (com ela mesma). Tentei argumentar racionalmente que isso prejudicava a dinâmica da sala (eu provavelmente, se tivesse botado o pé pela primeira vez na sala sendo recebida por ela não voltaria nunca mais), a proposta de acolhimento, a filosofia de atração e blablabla....(esta tudo no manual de serviços, só vomitei o que esta escrito). Ela me chapuletou, disse que sabe de cor e salteado a missa; mas o que realmente importava era o porque eu literalmente ignorava a presença dela ao ponto de fazer minha cara zumbi durante suas partilhas? Segundo minha madrinha minha cara zumbi (que só ela reconhece pois, fazer o que, me conhece melhor que eu) expressa facialmente enorme interesse pelo o que o outro esta dizendo mas no fundo não estou escutando nem uma palavra, as vezes balanço a cabeça para mostrar que ainda estou vida e prestando atenção, mas na verdade estou no mundo da lua pensando que preciso passar na farmácia para comprar fraldas e como o Palmeiras perdeu do Santos nos pênaltis nas quartas de final do paulistão! Enorme verdade. Porque não acho que suas partilhas mereçam ser "escutadas"? Porque essa prepotência (minha) em achar que não tenho nada a apreender com ela e suas experiências? Vou ter que buscar as respostas...que ainda não tenho, e não fazer minha cara zumbi e escutar (ela certamente tem algo a me dizer)!

Faz exatamente uma semana que ele saiu da clínica e já perdi as contas de quantas vezes, nestes últimos dias ele esteve lá (pegando algo, visitando, etc...desculpas). Esse seu comportamento me faz questionar, será que ele estava pronto para sair? Recomeçar sua vida aqui fora, em recuperação? Ou o real problema é de ordem prática; estar morando no manicómio E sem trabalho (entenda-se dinheiro)? E para piorar...tentei conversar com ele a respeito disso, numa boa e lá veio ele com dez pedras na mão. Olha, o diálogo esta tendendo ao impossível, eu vou ter que fazer o que para que nos escutemos? Virar uma dependente química em recuperação e frequentar o NA, quem sabe na sala a gente consegue conversar? E nas partilhas se escutar? Insanidade...

Ele parece um cão raivoso, irritado com tudo e, mais uma vez, descontando em mim (seu saco de pancadas). Chega, não vou mais nada! Ele que se vire, não opino, não sugiro, não NADA! A recuperação dele é dele...e a minha é minha, e não vou deixar isso ser comprometido!

No fundo é isso, entender e respeitar que a recuperação dele é DELE, responsabilidade exclusiva dele...as vezes acho (no meu caso) que conhecimento demais atrapalha, pois já formulei todas as teorias, tracei todos os procedimentos, fiz todas as estatísticas das opções com maior sucesso e menor desvio padrão, plotei todas as curvas de reabilitação etc...e a merda é que isso não é ciência! Hora de deixar o caminho livre, apreender a escutar (se ele quiser dizer algo) e não interferir! Ohhhhhh terceiro passo que não sai do papel...

2 comentários:

  1. Não sei se pode te ajudar, mas ja senti essa dificuldade e no meu caso foi isso:
    http://modificaramimmesma.blogspot.com.br/2011/08/e-quando-eu-nao-me-identifico-tamu.html

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  2. Ajudou e muito querida, as vezes sinto que as salas são microcosmos, aonde temos de tudo! Claro que com o mesmo propósito, a mesma dor que nos une...mas cada um tem uma bagagem, uma vida e, acima de tudo, uma forma de se relacionar. Obrigada por postar o link, seu blog é tão absorvente e cheio de lições de vida, confesso que não li nem metade, pois preciso parar para refletir em cada postagem sua. Beijos grandes

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