São Paulo, 26 de Janeiro de 2013
Querido Caiçara,
Depois de muito tempo,
subi a serra mais tranquila. Não que o tempo ou o trânsito tenha
ajudado, muita neblina, chuva e a Imigrantes simplesmente
congestionada; então acabei subindo pela Anchieta com todos os
caminhões da face da terra! O I. se comportou como um verdadeiro
companheiro de viagem, mesmo não dormindo ficou numa boa, olhando
pela janela, tomando um suco, comendo uns polvilhos...
Sai da clínica bem, na
verdade gostei de poder vê-lo fora do contexto visita. Tivemos menos
tempo juntos do que as 5 horas das visitas, mas foi um tempo
realmente aproveitado aonde nos conectamos, realmente conversamos e
curtimos nosso filho juntos. Sem aquele tumultuo todo do dia das
visitas, o momento cumbaia, o almoço, as palestras, depoimento...
enfim toda essa programação que, no fundo, acaba me irritando pois
é perda de tempo, precioso tempo que temos juntos e acaba sendo
desperdiçado. Eu prefiro ter menos tempo com você, do que perder
duas horas na visita escutando o coral dos internos cantando hinos
evangélicos, ou aquele discurso desgastado do só por hoje, ou a
importância dos grupos de apoio, e blablabla...estou careca de
saber.
Também senti que foi um
tempo realmente nosso, sem você ter que se desdobrar para dar
atenção a sua mãe e sei lá eu mais quem aparecer na visita e se
focar apenas em nós três. Gostei, quem sabe eu arrumo uma viagem
todo segundo domingo do mês! Brincadeiras a parte, vou conversar com
a Cida, quem sabe eles entendem que é muito mais produtivo para nós
desta forma. Eu não me sinto confortável durante as visitas...mas
hoje na “nossa” pequena visita eu me senti muito bem quando me
despedi de você. Além do I. ter ficado mais a vontade, e
tranquilo ao ponto de dormir! Lembra da última visita como ele
estava irritado e sua mãe acabou levando ele antes do término?
Enfim, essa dinâmica deu muito mais certo para mim (e para o I. também).
Talvez porque tivemos
esse espaço nosso, conseguimos nos escutar melhor. Fiquei bastante
emocionada com a carta que você leu para mim, quis levâ-la comigo
porque nela, finalmente senti o seu amor por nós. O seu imenso amor
por mim. Quando amamos tanto assim, tal amor também exige grandes
responsabilidades com a pessoa amada. Se esse amor é correspondido,
entregarei meu coração à você e a responsabilidade de cuidar dele
será sua, você esta preparado para assumir tal responsabilidade?
Bom meu amor, estou
exausta. O dia foi longo, a estrada cruel...mas, desta vez, não me
arrependo de ter feito esse esforço! E subi a serra mais esperançosa
do que quando desci.
Termino de escrever
amanhã!
Beijos grandes,
Dona Barriga
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