quarta-feira, 6 de março de 2013

O encontro que deu certo


São Paulo, 26 de Janeiro de 2013

Querido Caiçara,

Depois de muito tempo, subi a serra mais tranquila. Não que o tempo ou o trânsito tenha ajudado, muita neblina, chuva e a Imigrantes simplesmente congestionada; então acabei subindo pela Anchieta com todos os caminhões da face da terra! O I. se comportou como um verdadeiro companheiro de viagem, mesmo não dormindo ficou numa boa, olhando pela janela, tomando um suco, comendo uns polvilhos...

Sai da clínica bem, na verdade gostei de poder vê-lo fora do contexto visita. Tivemos menos tempo juntos do que as 5 horas das visitas, mas foi um tempo realmente aproveitado aonde nos conectamos, realmente conversamos e curtimos nosso filho juntos. Sem aquele tumultuo todo do dia das visitas, o momento cumbaia, o almoço, as palestras, depoimento... enfim toda essa programação que, no fundo, acaba me irritando pois é perda de tempo, precioso tempo que temos juntos e acaba sendo desperdiçado. Eu prefiro ter menos tempo com você, do que perder duas horas na visita escutando o coral dos internos cantando hinos evangélicos, ou aquele discurso desgastado do só por hoje, ou a importância dos grupos de apoio, e blablabla...estou careca de saber.
Também senti que foi um tempo realmente nosso, sem você ter que se desdobrar para dar atenção a sua mãe e sei lá eu mais quem aparecer na visita e se focar apenas em nós três. Gostei, quem sabe eu arrumo uma viagem todo segundo domingo do mês! Brincadeiras a parte, vou conversar com a Cida, quem sabe eles entendem que é muito mais produtivo para nós desta forma. Eu não me sinto confortável durante as visitas...mas hoje na “nossa” pequena visita eu me senti muito bem quando me despedi de você. Além do I. ter ficado mais a vontade, e tranquilo ao ponto de dormir! Lembra da última visita como ele estava irritado e sua mãe acabou levando ele antes do término? Enfim, essa dinâmica deu muito mais certo para mim (e para o I. também).

Talvez porque tivemos esse espaço nosso, conseguimos nos escutar melhor. Fiquei bastante emocionada com a carta que você leu para mim, quis levâ-la comigo porque nela, finalmente senti o seu amor por nós. O seu imenso amor por mim. Quando amamos tanto assim, tal amor também exige grandes responsabilidades com a pessoa amada. Se esse amor é correspondido, entregarei meu coração à você e a responsabilidade de cuidar dele será sua, você esta preparado para assumir tal responsabilidade?

Bom meu amor, estou exausta. O dia foi longo, a estrada cruel...mas, desta vez, não me arrependo de ter feito esse esforço! E subi a serra mais esperançosa do que quando desci.
Termino de escrever amanhã!

Beijos grandes,
Dona Barriga

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