quinta-feira, 14 de março de 2013

A família (dis)funcional




Bom Dia queridos(as),

Como estou longe da serenidade, ontem isso foi colocado a prova com uma simples ligação. Fim do dia, meu pequeno já no berço, eu terminando umas coisas no computador pensando em tomar uma cerveja bem gelada e assistir ao jogo de futebol mais tarde...tranquilo começo de noite interrompido pelo celular tocando; era o número da casa da mãe dele (o manicómio). Não atendi...Três minutos depois, novamente. Tá bom, melhor atender de uma vez.
Era a tia dele, uma das poucas pessoas sãs daquela família que eu tenho um certo apreço e respeito. Claro que eles iam pedir para ela ligar pois sabiam que eu não bateria o telefone na cara dela (eles são malucos mas não burros). Blablabla, a mãe dele esta muito mal, mas últimas, sem sair da cama, só pede para ver o neto mais blablabla...manipulação, deixe Deus tocar seu coração, blablabla...traga o bebê para ela ver antes de morrer...blablabla. Já estava quase me convencendo, mas, opa! Só o pequeno, eu não. É mesmo, eu fico no portão esperando, ela não pode ficar nervosa, se me ver...blablabla...SURTEI! Confesso que totalmente sai do meu equilíbrio. 

As vezes acho que eu devo viver numa realidade paralela. Não é possível...enfim, nos desentendemos no telefone, acabei desligando e depois o gigante sentimento de culpa (que merda). E se a mulher morre mesmo desta vez e eu não levar o pequeno para ela ver? Afinal de contas, ela não deixa de ser a avó dele. Puta chantagem barata. Mas funcionou, me acalmei, falei com meu pai que sempre traz um pouco de razão as coisas, sugeriu que eu fosse sim mas no final de semana, sem alterar a rotina do I. ou muito menos os meus compromissos profissionais, levasse a babá junto e deixasse o pequeno (com a babá) uma horinha no manicómio enquanto eu tomo sol na praia. 

Sabe, eu não sei porque deixei uma besteira destas me desequilibrar tanto. Preciso trabalhar mais o meu modo "foda-se" e não me importar com o que os outros acham ou pensam de mim. No fundo o que interessa é o que EU acho ou penso de mim mesma. 

Hoje, inevitavelmente pensei nele, muito mesmo. O Caiçara é uma pessoa com relações familiares muito complicadas, perdeu o pai a uns bons anos atrás (alias o corpo foi exumado ano passado, pois é, a boba aqui estava lá segurando a mão dele enquanto ele se debulhava em lágrimas). Não passa um dia sem que a irmã ou a mãe não falem do falecido, horrível mesmo, o  homem já foi enterrado e desenterrado e elas continuam falando do coitado todo santo dia. Pelo pouco que eu sei, o pai era uma pessoa muito simples, sem instrução, extremamente rígida, a forma de educar os filhos era na base da porrada e evangélico fanático, daqueles que sai com a bíblia na mão querendo converter o mundo. Quando ele faleceu repentinamente, o Caiçara estava no uso, não duvido nada que a última vez que viu o pai não estava doidão...ele sente muita culpa e vergonha, uma mistura de amor e ódio pelo pai. Eles são três irmãos, a mais velha é totalmente insana, se comporta como uma adolescente deslumbrava, fofoqueira de carterinha, negligente e fisicamente abusiva com o filho de quase 8 anos (que não sabe somar 10 + 13) encontrou Jesus e passa os dias escutando hinos evangélicos (ela faz questão em obrigar que o quarteirão inteiro também escute) e falando da vida dos outros "irmãos"da igreja ou fazendo barraco por ai. O do meio é o mais normal, casado, não se envolve nestes dramas todos e leva sua vida afastado do manicómio. E o Caiçara é o caçula. A mãe  é a clássica facilitadora, protege o filho caçula passando a mão na cabeça dele sem perceber o quão prejudicial este comportamento é para o crescimento do Caiçara. Ela é o porto seguro dele, o alicerce desta famíla e eu me pergunto: o que vai acontecer se ela vier a falecer agora? 

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