Bom dia,
Não há mais cartas...a
última carta foi a ÚLTIMA carta. Porém vou continuar fazendo uso
deste espaço e escrever agora para mim mesma. Colocar os sentimentos
no “papel”ajuda a trazer um pouco de sentido ao caos emocional,
ne'?
Ontem estive na sala e me
escutando partilhar cheguei a conclusão que ainda falta muito para
alcancar o tão almejado desligamento com amor. Eu me afastei mas
consegui me desligar emocionalmente? Para mim o desligamento é a
chave que abre a porta da recuperação da codependência. Se afastar
é relativamente fácil, ainda mais com ele internado...eu
simplesmente não vou visitá-lo, não ligo nem escrevo mais,
resumindo, contato zero. Já o desligamento...muito mais complexo,
pois este requer que padrões de comportamento enraizados na
codependência (como o controle e o medo, por exemplo) sejam
abandonados. É queridos, o desligamento não é fácil não!
Percebi também que tenho
muito receio, não, é medo mesmo da eminente ressociabilização e
futura alta da clínica. Olha, por mais que eu queira acreditar em
papai noel ele não existe! O cara fica trancado por 4 meses, sem
contato com o mundo, sem entrar numa padaria para tomar um cafezinho,
sem ir no supermercado fazer compras, sem andar na rua...enfim,
coisas banais do dia a dia e de repente BUM: 5 dias de volta ao
mundo. E pior de volta para a casa da mãe e da louca da irmã dele,
um manicômio. Pensando bem, se ele conseguir ficar estes 5 dias
limpos ele merece um troféu mesmo! Depois mais um mês na clínica e
até logo, parabéns, aqui esta o seu diploma. E de volta para o
manicômio...Minha sugestão: mais alguns meses internado em uma
clínica profissional gradualmente sendo reinserido na sociedade, com
uma terapia familiar, traçando planos concretos de manutenção e
por ai vai. Mas aparentemente só eu enxergo as coisas desta forma.
Então, como me desligar
se ainda tenho medo? Preciso eliminar este medo, me conformar que as
decisões estam fora das minhas mãos (mais codependência) e seja o
que Deus quiser.
No fundo, o que me falta
é a “sabedoria para perceber a direfença” pois sempre acho que
posso modifiar todas as coisas! Nossa, como é bom colocar no papel, re-lendo esta frase nem eu acreditei na minha prepotência. Ao longo dos anos me transformei numa ditadora, já esta mais do que na hora deste regime militar acabar. Só não sei se acontecerá através de um golpe ou uma lenta transição democrática.
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