quarta-feira, 6 de março de 2013

A matemática de acreditar


São Paulo, 27 de Janeiro de 2013

Oi Caiçara,

Acordei hoje querendo tanto acreditar que podemos ser aquele 1% ! Que tudo vai dar certo, que voltaremos a ser uma família novamente...Infelizmente os números não estam ao nosso favor e eu não acredito mais em conto de fadas à anos. Mas acredito em comprometimento, na capacidade de mudar, crescer e no amor. E que todo esse árduo trabalho será recompensado.

Outro dia lembrei de uma frase: Ignorance is bliss! Difícil a tradução, seria algo como a ignorância é a felicidade absoluta. Na verdade o significado é muito mais profundo, quando somos ignorantes simplesmente não temos o conhecimento da realidade e vivemos num mundinho aonde “achamos” que somos felizes pois não questionamos, não vemos, não pensamos...Uma vez que tiramos a venda e o mundo real se desdobra a nossa frente nosso “mundinho feliz” desmonora, deixa de existir e questionamos. Inclusive nossas verdades, porque você acha que todos essas pessoas fanáticas (religiosas ou sei lá eu mais o que) são tão felizes? E quando são confrontadas sentem-se tão amedrondadas?
Mas o I. acordou, termino meus delírios filosóficos mais tarde...

Também andei pensando sobre a questão da nossa inexistente relação sexual no presente momento. Eu não faço sexo desde novembro (e não diga você também pois essa escolha foi sua), eu não escolhi simplesmente parar minha vida sexual saudável, isso me foi imposto por você e pela clínica que você escolheu ( na visita catastrófica era mais ou menos isso que eu tentei expressar, não de uma forma tão direta quanto agora, eu precisava/preciso me sentir mulher, fazer amor com você, sexo, transar...entendeu agora?). Outro dia depois de ter me masturbado (é o que me resta) fiquei pensando que merda...porque eu tenho que podar algo fisiológico que me faz bem?

Quotando: “Cada vez mais estudos comprovam os benefícios de uma vida sexual saudável para nosso organismo. A atividade sexual é fundamental, ao ponto da Organização Mundial de Saúde apontá-la como um dos sete índices para medir a qualidade de vida”, explica a psicóloga especialista em Sexualidade Humana pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Carolina Miranda do Amaral e Silva. “

Então basicamente, estou diminuindo minha qualidade de vida por causa desta abstinência. Quando tentei argumentar, deu no que deu...Resumindo querido, nós sempre tivemos uma vida sexual boa e nem isso podemos ter mais?! Não acho justo comigo. O seu problema não é compulsividade sexual (que pena...hahahah), então porque eliminar algo que faz bem? Não lembro de você sair correndo em direção a biqueira depois de ter um orgasmo comigo, alias dormiamos muito bem depois. Pior são as contradições, que esse é o momento que tenho que cuidar de mim, da minha vida MAS minha vida sexual FAZ parte da minha vida! Minha vida profissional, minha vida familiar, minha vida sexual...tudo isso faz parte do que é a minha VIDA! Queria ter conversado a respeito disso pessoalmente com você quando estive ai, mas o tempo era curto, outras coisas foram mais relevantes...enfim, só não entre em nenhuma paranóia. Eu quero fazer amor com você, só com você e ninguém mais. Mas sinto muita falta (até fisiologicamente).

As vezes gostaria de ser ignorante....viver com uma venda nos meus olhos, acreditar piamente em qualquer merda e ser feliz, burramente feliz. Mas não tem volta, com o conhecimento surgem os questionamentos, o aprofundamento de ser ou não ser, as escolhas, a busca. O ser humano é muito complexo, prefiro meus modelos numéricos com suas equações diferenciais e suas variáveis parametrizadas, faz mais sentido...continuo não entendendo gente, pois fazemos absolutamente tudo ao contrário da lógica e acabamos sempre nos fudendo (inclusive eu).


E quando já resolvi todas as equações, achei a solução racional para o problema, o I. corre em minha direção com seus bracinhos pedindo colo, Dona N. me abraça tão forte, meu pai me olha com carinho, o sol se põe com todos os tons de vermelho e você me beija novamente como se fosse a primeira vez depois de tantos anos...e minha solução foi pro brejo. Minha humilde conclusão: precisamos uns dos outros, precisamos ser abraçados, beijados, reconhecidos, respeitados, e amados! O ser humano precisa ser amado. Primitivo não? Talvez, nós não tenhamos evoluido tanto assim...Me incluo, pois eu preciso ser amada e amar senão serei a pessoa mais chata, lógica e sem sentido da face da terra. O I., aos poucos vem me ensinando isso...e você, mesmo aos avessos, também!

Alias, não é porque o I. é meu filho, mas ele é uma criança muito cativante e comunicativa. Outro dia estavamos no trânsito e ele dando risada, quando vi ele estava brincando com o motorista do ônibus pela janela...pode? Também ficou pulando de colo em colo quando estive na Dona N., as meninas até disputaram ele! Ah, acho que esqueci de comentar que a Mria esta trabalhando na cozinha do quiosque.

Bom meu amor, uma noite de domingo tranquila, I. dorme, eu tentando ficar acordada (não são nem 10 da noite) mas sem muito sucesso. Penso em você com carinho, com saudades e desejando muita serenidade, coragem e sabedoria. Três coisas tão simples, mais que nos trazem tanta força. O dia vai chegar, e oraremos juntos a mais simples e sábia oração da serenidade...E deito na minha cama junto com o Mr. Sebastian (alias ele é um caranguejo laranja muito interessante!) querendo tanto que você se materializa-se aqui, do meu lado...estou tão cansada, tão carente. Será que o conto infantil no qual a princesa beija o sapo e ele vira um príncipe aplica-se a caranguejos de pelúcia também?

Uma ótima semana para você.

Beijos,
Dona Barriga

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