sexta-feira, 15 de março de 2013

O ciclo da vida


A única certeza que temos nesta vida é que ela acaba. Por muitas vezes esquecemos o quão frágil e efémero nossa existência é. Eu, pessoalmente, até o presente momento nunca enterrei ninguém. Claro, perdi meus avôs/avós a muitos anos mas nada traumático, um processo natural, sem maiores sofrimentos...e lembro deles com muito carinho e saudade, mas não dor ou revolta. Resumindo, a minha convivência com a morte foi reduzida. Ainda tenho meus pais vivos, bem de saúde e, por mais que eu tente convence-los a diminuir o ritmo, trabalhando das 8 as 8. Ambos farão 70 anos em breve e não são eternos, por mais que eu queira...vejo as marcas do tempo, alguns lapsos de memória, aquela teimosia e isso me lembra, que hoje eles estam aqui, amanhã não se sabe. 

Porque lidamos com a morte quase como se fosse um tabu? Algumas religiões orientais encaram a morte da mesma forma que o nascimento, um ciclo natural enquanto nós nos descabelamos, sofremos, não deixamos as crianças nem chegar perto, nos vestimos de preto...Não estou sugerindo que transformemos um velório num ensaio de escola de samba, mas um ritual de passagem (fácil falar né? Quero ver quando for a minha mãe se eu terei essa clareza toda). 

E aqui me pego divagando sobre essa temática. Ontem recebi outra ligação da tia do Caiçara pedindo novamente que eu levasse o pequeno para a mãe dele ver, desta vez os ânimos estavam menos exaltados (inclusive os meus) e até conseguimos ter uma conversa civilizada. Parece que desta vez não é blefe não, um amigo meu esteve lá uns dias atrás e realmente confirmou que a situação esta feia, ela realmente esta nos finalmentes. Bom, meu pequeno é bem pequeno, provavelmente não lembrará desse encontro no futuro e vou deixar a babá com ele então lá vou eu descer a serra amanhã.

Na verdade o que realmente esta me incomodando é como lidar com ele, ou melhor, comigo frente a isso tudo. Mantenho minha postura silenciosa, continuo afastada sabendo que este momento deve estar sendo muito mas MUITO difícil para ele? Ou revejo essa decisão e me re-aproximo? Mas em termos práticos, o que de concreto eu posso fazer por ele, a não ser dizer algumas palavras de consolo e encorajamento? Nada. 

Bom, enquanto isso hoje é sexta feira, o meu dia favorito da semana! E por pior que seja os motivos que nos levam a descer a serra agora, é sempre maravilhoso rever os amigos, tomar uma cerveja no quiosque da Dona N. olhando as ondas quebrar na praia (apesar de que falei com ela no telefone e o tempo esta uma meleca). 


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