Orlando, 12 de Janeiro de
2013
Querido Caiçara,
A viagem foi tranquila,
dentro do possível. A enorme nevasca que atingue todo o nordeste dos
USA e agora o Canada desviaram vários voôs para os estados do sul
(como Flórida, Georgia etc...) o que atrasou bastante nosso pouso em
Miami, e conexão para Orlando. Mas chegamos...O I. dormiu metade
da viagem, e estressou a outra metade. Alias se as condições
climáticas continuarem assim terei que mudar minha passagem para
Honolulu, pois minha conexão é em Chigado (em baixo de 30 cm de
neve agora e aeroporto fechado, tinha esquecido que não se faz
conexão no O'Hare no inverno).
Ontem estivemos no Epcot
Center (um dos vários parques temáticos da Disney), ele ficou
enlouquecido. Olhando tudo, mas depois de um tempo ele cansa e é a
hora de voltar para o hotel (ainda bem que estamos num dentro da
Disney mesmo). Amanhã vamos no Magic Kingdom, e depois no Typhoon
Lagoon (ai estou meio receosa, são várias piscinas,
tobogãs...enfim, água para todo lado).
Puxa, que logística
viajar com crianças....é muita babagem, muita paciência. Mas, até
agora dando relativamente certo. Como meu sobrinho é mais velho os
interesses são outros, e ele não dorme mais a tarde então entramos
num meio termo. Depois do almoço, volto para o hotel com o I. (alias o berço dele é do Mickey, a coisa mais fofa) e minha irmã
continua as atividades com o meu sobrinho no parque. Ponho o I. para dormir e vou bundar na piscina (eles têm um esquema de babá
eletrônica que funciona, mesmo na piscina escuto se ele acordar,
acredita? Eu amo este país mesmo...). O diferencial destes hotéis
da Disney é isso, eles são totalmente voltados paras as crianças,
até as refeições para o I. estam de acordo (minha irmã dá
hamburger mesmo para o meu sobrinho porque quer, o cardápio deles é
super saudável com várias escolhas!). A última vez que por aqui
estive nem reparava nisso, nem imaginava ter um filho...
Bom, é isso, sexta
embarco para o Hawaii e minha irmã volta para o Brasil. Devo ficar
uns dias na casa de uma grande amiga minha em Honolulu e depois vou
para Kapoho. O Abert estará nos esperando na Big Island (também não
pire, ele até já reatou com a ex/atual mulher dele há anos).
É carinho e respeito pelo tempo que vivemos juntos, mais nada do que
uma grande amizade (você não consegue entender isso pois todas as
suas relações passadas sempre acabaram de uma forma tumultuada, sem
você ou a outra pessoa querer voltar a se ver, falta de maturidade,
ou sei lá eu o quê...)! Eu já não (sou um pouco mais velha que
você também querido), claro que toda separação é dolorida, mas
sem mágoas e com o tempo voltamos a sentir consideração por aquela
pessoa que um dia amamos/dividimos um espaço e sobra, no final, uma
amizade madura, um carinho...e é isso. E lá vamos nós, sair numa
pescaria oceânica de uma semana (com Iago e tudo a bordo) até
Niikau (não se preocupe, o barco é maravilhoso, 5 cabines,
comfortável, lindo), na volta paramos em Kauai por uns dias (quero
rever o lugar mais lindo que já visite, e poucos também – só
trilha (3 dias) ou por barco – Kalalau beach) e desembarcamos em
Hilo, ai fica fácil, 10 km de carro e estamos em Kapoho de volta.
Estou contando os dias para sair deste parque de diversões, e
mostrar para o I. o que realmente é único! Engraçado que todos
meus amigos queridos, sem nem conhecer o I. já planejaram festas,
encontros, praia...o que sinto agora é saudades de todos eles, como
pude deixar estas pessoas que me amam tanto, e mais já amam meu
filho todos estes anos?
Confesso estou ansiosa em
deixar a “mainland” (é como os havaianos chamam o resto do USA),
e voltar para a minha ilha perdida no meio do Pacífico. Um pedaço
meu ficou lá, e sempre estará lá vivendo entre as gentis ondas de
Makaha, a lava do Kilauea, a neve no topo do Mauna Kea...sou eu.
Sentimentos, penso em
você, penso muito em você mas cada vez menos com preocupação,
controle, paranóia....e penso em você com saudade, com carinho, sem
delírios, sem muita preocupação (pois o que posso eu fazer do
outro lado do mundo, nada!). E curto minha saudade de você. Aos
poucos vou apreendendo como simplesmente não me vincular mais aos
seus problemas, alias hoje tão distantes, quase inexistêntes (mas
eles são seus não meus). Por mais relutante que estivesse, sempre
soube que essa viagem seria um divisor de águas...E hoje me vejo do
outro lado, deixando o espaço que você precisa para crescer, os
caminhos que só você pode escolher, apenas esperando que no final
você esteja aonde eu estarei aguardando sua chegada. Enfim, você
sabe aonde eu estou e estarei esperando por você.
E durmo tranquila, depois
de muitos meses de insonia, e abraço meu pequeno com todo o amor que
ele merece (pois também passei tempo demais querendo abraça-lo sem
poder deixando de abraçar meu pequeno).
Meu amor por você as
vezes parece maior do que eu mesma, mas faça por merecer.
Se você conseguir
escrever mande um oi, estarei sempre checando meus emails...
Bejos, Dona Barriga
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