sábado, 6 de julho de 2013

A minha mãe


Ola meus queridos(as)

Ontem, depois desta semana bombástica e em claro, com direito a filho doente, Caiçara recaído, trabalho acumulado; me dei ao direito de ir tomar uma cervejinha com minha madrinha/companheira/amiga/pau para toda obra. Claro que acabamos conversando muito em nar-anonense (inventei a língua do Nar-Anon, você fala nar-anonense?) até a terceira cerveja, depois foi no idioma que dava mesmo! 

E hoje descobri que não falo a mesma língua da minha mãe, alias acho que eu sempre soube disso. Porém quando me tornei mãe achei que, talvez fosse entender um pouco melhor a minha mãe; longe disso. Ela é quase um ser de outro planeta, centrada nas suas verdades absolutas e já claramente demonstrando alguns sinais de demência senil. Infelizmente eu entendo o porque meu pai se separou dela há trilhões de anos atrás, no fundo eu e meu pai somos muito parecidos e se eu pudesse eu também me separaria dela (meio cruel mas é a realidade nua e crua). Ela é minha mãe, eu a amo incondicionalmente mas conviver com ela é uma missão quase impossível, talvez para o Dalai Lama e mesmo assim não duvido que ele não segure a onda também e saia correndo. O estopim de tudo, o I. acorda no meio da madrugada, eu vou lá no quartinho dele, esta tudo bem, não tem febre não tem nada, não quer mamar, eu trago para o meu quarto tentando acalmá-lo, finalmente consigo colocar ele no berço... 10 minutos depois ele começa com manhã (claro, ele quer dormir comigo) e lá vem a minha mãe, ele esta chorando. Eu: deixa ele no berço, não tire ele do berço é manhã. O que ela fez? Tirou ele do berço, e 15 minutos depois estava batendo no meu quarto com ele acordado. E sobrou para quem? Para mim, pois ela voltou a dormir e eu fiquei horas com o I. acordado! Isso porque eu dormi super bem a semana inteira né? Lá pelas 8:30/9:00 escutei ele no berço, mas apenas conversando (ele conversa muito), tranquilo e pensei, deixa ele lá mais um pouco enquanto eu descanso mais meia hora. Para quê? Lá vem a minha mãe, e ainda faz o sermão dizendo que eu estava negligenciando o I., e blablabla... queridos, não teve passo nenhum que segurou, e as noites mau dormidas, o cansado falou mais alto! Ela espermeando, mas ele estava chorando! E eu, mas criança chora! Eu estava zelando pelo bem estar dele.... então dá próxima vez que tirar ele do berço FIQUE com ele... caralho! Olha, no final acabei simplesmente dizendo que não iria perder mais nem um segundo discutindo com ela e seu Alzheimer. E deixei estragar parte do meu dia! 

Eu não sou muito fã de ficar fazendo o inventário de ninguém, mas para " tentar" em vão entender a minha mãe é necessário. Minha mãe é uma pessoa chata, simples assim... depois que meus pais se separaram, ela simplesmente se fechou para as outras pessoas e ao longo dos anos foi se tornando uma pessoa sozinha, amarga e que vive com um monte de gatos. Faz quase um ano que estou aqui com o I. (e acho que não sobreviveremos mais um ano com ela), nunca ninguém visita, essa casa de três andares é um mausoléu, o telefone nunca toca; uma vez na vida e outra na morte minha irmã aparece (pois apreendeu a " conviver" com ela a distância e bota distância nisso), sua rotina é cronometrada, ela faz sempre as mesmas coisas, nada muda, nada sai do lugar... ela simplesmente estagnou. A vida continuou e ela parou. Só que agora complicou, pois nestes últimos 20/30 anos a única coisa que segurava sua sanidade era o trabalho, e opa! Chegou nos 70, aposentadoria compulsória. Tchau faculdade de medicina, tchau hospital das clínicas, e agora mamãe? Você não quis mudar mas as coisas vão mudar, independente de você! 

Apenas lendo essas palavras fica complicado de realmente entrar no " mundinho" da minha mãe, e eu tenho muita compaixão pois sei o quanto amarga ela é (não faz muito tempo que ela disse que prefiria que meu pai tivesse morrido, que tal?), cheia de ressentimentos... lá no fundo, ela é infeliz e porque? Porque ela optou por isso, por cultivar mágoas, dores, rancores, frustrações. E para fazer de conta ela assume esta postura dona da verdade. Simples assim... que pena mãe. 

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