terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Telefonema


São Paulo, 1 de Dezembro de 2012

Querido Caiçara,

Chegamos ao final de mais um ano, não sei exatamente como me sentir. Daqui a alguns dias é meu aniversário, 40 é um marco na vida de qualquer pessoa, tinha originalmente programado uma gigante festa aos 40 anos, hoje me parece tão distante...Alias muitas coisas, inclusive você.

Não vou fazer firúlas, nossa conversa no telefone foi estranhíssima para mim, como se você fosse um espelho, amortecido, sem emoção, apenas um reflexo do Caiçara que eu conheci. Você disse que me amava como alguém que narra a previsão do tempo! Impessoal, distante...E eu, preocupada em como você reagiria na nossa conversa, me preparei, procurei meu poder superior, pedi ajuda para pode ajudá-lo. E você nada! Parecia que eu estava conversando com uma parede....ou seja, você ainda não entendeu! Metade dos nossos preciosos 5 min você perdeu com o quê? Falando da minha mãe, você querendo a aceitação dela, e a minha aceitação? Eu não existo? Tenho certeza que nem do meu aniversário você lembrou! Também não precisava lembrar de agradecer pela correspondência que eu envio, que sensível da sua parte! Você continua achando que o mundo gira em torno do seu enorme umbigo...

Desculpe fazer as coisas desta forma mas, esta na hora de você acordar, eu acordar! Num grupo, li algo que aplica-se a realidade: o codependente apenas reage as ações do dependente e não age. Pois, eu estou agindo! Por mim, pelo meu filho e, por você também! Ser pró-ativa! Além de que este rótulo codependente não me cabe....A doença é sua, não minha, por mais que eu tenha me “contaminado” por ela, ou deixado isso acontecer...não sou culpada de nada, chega de sofrer a sua dor, sentir as suas angustias, chorar as suas lágrimas, porque todas essas dores, angustias e lágrimas são suas, então abrace-as e apreenda com elas. A partir de hoje, e só por hoje, estou praticando o fundamento mais importante que apreendi no grupo, o desligamento. Isso não significa que você esteja sendo abandonado, longe disso, apenas que você fique livre para solucionar sua adicção e seus problemas.

Honestamente, estou exausta neste momento, sem muitas palavras de conforto à você. Estou saindo de férias com o I. por algumas semanas, tomar sol, esquecer tudo isso e lembrar que a vida é bela! Meu pai nos convidou a viajar com eles em Janeiro para a Europa, mas como o concurso  (nem isso você deve lembrar) é no final de Janeiro fica complicado pois estarei em Brasília. Então ele nos deu de presente umas férias aonde eu escolher.

Beijos,
Dona Barriga

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