quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Eu não quero mais andar de montanha russa!


São Paulo, 10 de Janeiro de 2013

Caiçara querido,

Não sei mais o que fazer, talvez o melhor a fazer é simplesmente deixar você tomar suas próprias decisões sozinho. Emocionalmente me desligar de você e essa montanha russa de sentimentos, puxa...tudo muda a cada três segundos. Para mim não esta sendo viável viver nesta gangorra, estou me desgastando muito.

Durmo mal, perco a concentração, fico irritada com as pessoas. Isso não esta sendo produtivo para mim, preciso apreender a me desligar de você...não me preocupar mais, não me colocar no meio do caminho, deixar de controlar (o que não tenho controle) e seja o que Deus quiser. Se você quiser completar seu tratamento ótimo, se você quiser pular o muro e sair correndo...não tão ótimo, mas que seja, problema seu! A partir de hoje eu não vou mais me responsabilizar pelos seus problemas, já bastam os meus que são suficientes.

Depois de muito tempo voltei a tomar remédios para dormir, estou procurando um novo psiquiatra e começar, mais uma vez, uma terapia na tentativa de me ajudar. As pessoas que convivem comigo e gostam de mim perceberam essa mudança de comportamento, o quanto irritada, intolerante e triste eu estou ultimamente. Principalmente minha família, e apoiaram minha decisão de retomar a psicanálise (meu pai não muito, ele acha que se você sumir da face da terra as coisas se resolvem, e com o dinheiro que vamos gastar eu passo uma semana tomando sol no nordeste todo mês ao longo deste ano ao invés de ficar deitada num divã, melhor ficar deitada na praia tomando sol). No mundo lógico e racional do meu pai, talvez ele tenha razão, você não me faz bem.

Ontem na sala foi doído mas encorajador escutar o retorno que tive das minhas companheiras, e a realidade nua e crua é essa, eu me permiti ficar amarrada neste caos e só cabe a mim desatar os nós e me libertar! Porque a vida é muito maior do que tudo isso! Porque eu mereço ser feliz! Porque eu posso escolher!

Faça suas escolhas...as minhas eu já fiz.

Claro que ainda estou machucada, mas não estou mais com raiva, também não tenho pena (como tinha antes) muito menos culpa. Nunca me senti culpada por nada, talvez facilitei pois simplesmente não enxergava o óbvio...mas culpa não. Continuo estacionada no primeiro passo, entregar ao poder superior ainda não, alias do jeito que eu me conheço provavelmente nunca. Eu não acredito que o poder superior vá resolver nada, esta energia esta entre nós para nos dar força não tomar as rédeas das nossas vidas.

Outro dia estava dirigindo super atrasada, tentando chegar numa reunião aonde eu faria uma apresentação sobre gestão ambiental e responsabilidade empresarial quando do nada surge o passado...tão distante, uma música no rádio, remetendo-me à alguns anos atrás quando nos conhecemos e tudo era tão descompromissado, tão leve, tão o momento...sem delírios, sem muitos planos e senti falta disso. Simplesmente estar, ser...amar. Let me take you far away, you will like a holiday! Mas não temos como voltar no passado e resgatar este momento perdido, o tempo passou...muita coisa se perdeu, algumas se acharam (só ainda não fechei o balanço de perdas e ganhos). Aonde tropeçamos? Deixando escorrer entre nosso dedos...o que tinhamos de melhor.
Nós éramos tão apaixonados um pelo outro! Confesso, até meio malucos um pelo outro, quantas vez simplesmente desci a serra, do nada, só para te ver feliz da vida! E hoje...cada vez que desço a serra é com um aperto no coração, cada placa de retorno é um martírio, uma vontade de fazer meia volta a simplesmente subir a serra. O que somos juntos? Eu não sei.

Sozinha, eu sei quem eu sou: eu sou mãe, profissional, amiga, filha/irmã ...mas o que somos juntos, eu não sei. Não tenho dúvidas do amor que senti por você, mas aonde esse amor esta agora? Honestamente, não sei.

Não é uma despedida...é um até breve, quando soubermos quem queremos ser juntos. E você não conseguirá responder isso antes de enfrentar seus demônios, trabalhar seus passos e aceitar quem você é. Tudo tem um tempo, e pode ser longo........Estarei do seu lado dentro das minhas limitações, pois também sou uma pessoa que chora, ri, ama e sofre. E o mundo aqui fora continua! Eu também preciso deste tempo, para trabalhar melhor a pessoa que eu sou, como mencionei antes começarei uma psicanálise, que nunca é fácil.

Para que esse processo realmente traga frutos (para nós dois), preciso me afastar...decidi que só vou vê-lo no dia que você sair para a sua resso. Esse tempo nos dirá aonde realmente estamos nesta caminhada. Terei imenso prazer em receber as cartas que você escrever, também escreverei mantendo você informado sobre nós quando puder.

Não se preocupe com o I., você sabe muito bem que ele não poderia estar em melhor lugar (alias estamos de viagem marcada para a Disney, ele vai amar o Mickey!) Faremos o roteiro básico, Disney, Universal...10 dias estamos de volta. Sei o que você esta pensando agora, eu só estou indo passar as férias com o I., minha irmã e o meu sobrinho na Disney! Só isso! Não estou fugindo.

Entenda o que estou dizendo, não é abandono! Ao contrário, precisamos deste momento para entendermos quem somos, o que queremos juntos, quais são nossos valores, o que pode ser resgatado e o que, infelimente, se perdeu. Porém, o mais importante, o que estamos dispostos a constuir no futuro!

Dói querido, mas não temos escolha. Ou é isso, ou vamos acabar cometendo os mesmos erros de ontem...No dia da sua saída para a ressociabilização, em março/abril estarei no portão esperando você! Fique bem meu amor...e até breve!

Pense.
Beijos, Dona Barriga

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