São Paulo, 29 de
Dezembro de 2012
Caiçara,
Cheguei em Sampa junto
com o dilúvio, tirando a chuva a viagem foi traquila, o tráfico
intenso era ao contrário (pessoal descendo). Já estou calejada de
baixada e não fico mais parada em conquestionamento, ocasionalmente
um comboio aqui devido a neblina. Sempre difícil deixar Peruibe, mas
também um alívio voltar para a minha vidinha aqui sem ter que
encarar um fantasma em cada esquina.
Nossas últimas conversas
ao telefone foram complicadas, sempre acabo desligando pior do que
quando liguei...não estam ajudando. Nós não estamos sabendo nos
comunicar. Você continua me cobrando algumas coisas que não posso
te dar, como o porque eu ir até a cínica estes dias que passei em
Peruibe se não poderia te ver? Simplesmente para deixar um pacote de
cigarros no portão e aumentar minha dor sabendo que você esta tão
perto (envio dinheiro para a Cida e ela compra, resolvido)? Implorar,
ajoelhar na calçada pedindo para te ver sabendo que não vai rolar?
Aumentar minha dor para quê? Ou você acha que a Cida ou outra
pessoa da clínica, que você escolheu, iria abrir uma gigante
excessão devido ao seu charme? Caiçara, seja honesto com você mesmo e
pare de manipular os outros, não funciona mais. Seu egoismo continua
evidente, o mundo não gira em torno do seu umbigo. Então preferi
passar este tempo com os nossos amigos (que você esqueceu, mas eles
não esqueceram de você), na praia ao invés de
chorar na porta da sua clínica. Sábia decisão! Você também
continua não falando o que realmente importa, pelo menos para mim,
seus sentimentos...sinto você um vazio existencial, um vácuo que
caminha. Engraçado que, me parece fácil com seus novos amiguinhos
você até consegue dizer algo nas suas partilhas mas para mim, nada.
Um mísero “eu te amo”ou “voce esta bonita” não sai ai de
dentro nem por decreto. Comigo você não partilha nada! Ah
desculpe, eles entendem você e eu não; claro eu não sou dependente
química...sou só uma pessoa comum, com uma vida normalzinha sem
graça cuidando de um filho pequeno e batalhando as coisas...como
poderia eu entender você? Um ser tão complexo assim. Chega de ficar
usando a sua doença para justificar a ausência de carinho por mim,
também sinto sabe? Também sou gente, pode não parecer as vezes,
pois preciso me munir de força e coragem para segurar o dia a dia.
Pois sou só eu, sozinha e ninguém mais.
Enfim meu
querido, as suas palavras não acompanham o seu comportamento (pelo
menos comigo). Por outro lado, são anos e anos manipulando o
universo, algo que demorará uma vida para ser consertado...mas eu, você não manipulará nunca mais!
A respeito
da próxima visita, honestamente será no pior momento para mim, no
meio de Janeiro estarei viajando para Brasília, não sei como a nova
babá (super recomendada pela Dona N) estará adaptada aqui em
casa, preciso focar nos meus estudos pois agora é reta
finalíssima...enfim, farei um esforço, bate e volta mas sem o I..
Espero que você entenda. Porém, ainda temos algumas semanas, vamos
ver como as coisas se desenvolvem.
Bom, meu
amor vou ficando por aqui pois estou exausta, quero a minha cama e um
banho bem quentinho. Sinto muito se você não esta contente com tudo
que escrevi, mas foi de coração porque te amo.
Beijos,
Dona Barriga
Nenhum comentário:
Postar um comentário