São Paulo, 2 de Dezembro
de 2012
Querido Caiçara,
Hoje, com um certo de
grau de distanciamento, analisando nossa breve e superficial conversa
no telefone vejo dois aspectos bens distintos. O primeiro é óbvio:
você esta fragilizado, adaptando-se ao tratamento, longe de casa, e
de repente a minha voz vindo do mundo exterior pode ter causado
lembranças (boas e ruins, pois todas elas fazem parte do que
vivemos) e sua forma de reagir foi com indiferença, na tentativa de
poupar-se. Ai dentro é seguro, aqui fora não. Ai dentro todos são
iguas aqui fora não! Claro que adicionado a isso, uma letargia
decorrente da medicação, que anestesia os sentimentos. O segundo
aspecto é a minha inabilidade de apreender a não criar
expectativas, pois todas elas acabam da mesma forma...em decepções
e frustações. E isso sim, é meu. Com as ferramentas que estou
apreendendo, vou chegar lá e simplesmente não esperar mais nada de
você, porque sempre eu acabo me machucando. E aceitar apenas o que
você puder me dar de coração, se for o suficiente ótimo senão
sinto muito. Lentamente volto à um mundo onde as coisas fazem
sentindo, lógico e racional 1+1=2!
O I. foi vaciando para
trilhões de coisas hoje, minha mãe foi comigo levá-lo na
Pro-Matre, (foi uma micro fortuna, alias e as
pessoas que não podem pagar particular, simplesmente ficam sem
vacinar seus filhos? Tem cada coisa neste pais que as vezes me faz
comprar uma passagem e voltar para os USA). Depois fomos passear no
shopping, comprei algumas coisinhas que ele estava precisando (o pé
dele cresceu!), almoçamos e agora ela esta brincando com ele
enquanto estou no computador. Domingo clássico. E amanhã conheça
tudo de novo! Esta semana será um pouco atípica, pela primeira vez
desde que o I. nasceu ficarei longe dele, tenho uma reunião no Rio
para resolver alguns detalhes de uma consultoria que talvez eu me
comprometa a fazer para a empresa (projeto grande, da Petrobrás).
Se conseguir pegar a última ponte aérea eu volto no mesmo dia senão
terei que ficar por lá até o dia seguinte. Talvez não fosse um
presente de aniversário tão mau, ficar uma manhã sem fazer nada
nas areias de Copacabana tomando sol!
As vezes tenho vontade de
sair um pouco, sozinha, sem I./carrinho/mamadeira....só eu comigo
mesma. No final, o máximo que acabo fazendo, é ir no cinema. Ser
mãe é isso ai, estava embutido no pacote né? Só que as vezes vejo
casais (pai e mãe) dividindo as responsabilidades e penso comigo, a
natureza é sábia: cuidar da cria é uma tarefa para dois (ou mais
mesmo!). Mas abraço a causa, serei pai/mãe/ e tudo mais que o Iago
precisar se for necessário, pois ele é a coisa mais importante na
minha vida. Simplesmente me desdobro em mil e me apoio em Deus, para
me dar força e sabedoria para cuidar e educá-lo da melhor forma
possível. Nas minhas rezas peço também que você encontre a
serenidade, a coragem e sabedoria para reconstruir sua vida, sem
estes três alicerces ninguém cresce!
Então meu querido, só
por hoje (mas espero que por amanhã, e vários amanhãs depois) você
esteja bem, procurando sua paz e a pessoa que você perdeu (que é
você mesmo)!
Beijos,
Dona Barriga
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