terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

E os dias


São Paulo, 2 de Dezembro de 2012

Querido Caiçara,

Hoje, com um certo de grau de distanciamento, analisando nossa breve e superficial conversa no telefone vejo dois aspectos bens distintos. O primeiro é óbvio: você esta fragilizado, adaptando-se ao tratamento, longe de casa, e de repente a minha voz vindo do mundo exterior pode ter causado lembranças (boas e ruins, pois todas elas fazem parte do que vivemos) e sua forma de reagir foi com indiferença, na tentativa de poupar-se. Ai dentro é seguro, aqui fora não. Ai dentro todos são iguas aqui fora não! Claro que adicionado a isso, uma letargia decorrente da medicação, que anestesia os sentimentos. O segundo aspecto é a minha inabilidade de apreender a não criar expectativas, pois todas elas acabam da mesma forma...em decepções e frustações. E isso sim, é meu. Com as ferramentas que estou apreendendo, vou chegar lá e simplesmente não esperar mais nada de você, porque sempre eu acabo me machucando. E aceitar apenas o que você puder me dar de coração, se for o suficiente ótimo senão sinto muito. Lentamente volto à um mundo onde as coisas fazem sentindo, lógico e racional 1+1=2!

O I. foi vaciando para trilhões de coisas hoje, minha mãe foi comigo levá-lo na Pro-Matre, (foi uma micro fortuna, alias e as pessoas que não podem pagar particular, simplesmente ficam sem vacinar seus filhos? Tem cada coisa neste pais que as vezes me faz comprar uma passagem e voltar para os USA). Depois fomos passear no shopping, comprei algumas coisinhas que ele estava precisando (o pé dele cresceu!), almoçamos e agora ela esta brincando com ele enquanto estou no computador. Domingo clássico. E amanhã conheça tudo de novo! Esta semana será um pouco atípica, pela primeira vez desde que o I. nasceu ficarei longe dele, tenho uma reunião no Rio para resolver alguns detalhes de uma consultoria que talvez eu me comprometa a fazer para a empresa (projeto grande, da Petrobrás). Se conseguir pegar a última ponte aérea eu volto no mesmo dia senão terei que ficar por lá até o dia seguinte. Talvez não fosse um presente de aniversário tão mau, ficar uma manhã sem fazer nada nas areias de Copacabana tomando sol!

As vezes tenho vontade de sair um pouco, sozinha, sem I./carrinho/mamadeira....só eu comigo mesma. No final, o máximo que acabo fazendo, é ir no cinema. Ser mãe é isso ai, estava embutido no pacote né? Só que as vezes vejo casais (pai e mãe) dividindo as responsabilidades e penso comigo, a natureza é sábia: cuidar da cria é uma tarefa para dois (ou mais mesmo!). Mas abraço a causa, serei pai/mãe/ e tudo mais que o Iago precisar se for necessário, pois ele é a coisa mais importante na minha vida. Simplesmente me desdobro em mil e me apoio em Deus, para me dar força e sabedoria para cuidar e educá-lo da melhor forma possível. Nas minhas rezas peço também que você encontre a serenidade, a coragem e sabedoria para reconstruir sua vida, sem estes três alicerces ninguém cresce!

Então meu querido, só por hoje (mas espero que por amanhã, e vários amanhãs depois) você esteja bem, procurando sua paz e a pessoa que você perdeu (que é você mesmo)!

Beijos,
Dona Barriga

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