domingo, 6 de setembro de 2015

Virgindade


Ola meus queridos(as)

Nunca tinha escrito nada explicitamente sobre sexo, depois do último post fiquei inspirada! Então vamos falar de algo que todos nós e digo todos NÓS fazemos, e sei lá eu, não falamos... Então eu começo, sexo faz parte da minha vida desde cedo (talvez cedo demais)... Não estou aqui, mais uma vez, levantando nenhuma bandeira, e sim retratando a minha estória. 

Perdi minha virgindade (o que alias acho ridículo, opa... perdi minha virgindade, cade? sumiu? deixa eu ir procurá-la, talvez se perdeu no armário), coisa MAIS babaca isso, machista, sem sentido... Vamos colocar um anúncio no jornal: Virgindade perdida, ontem a noite no cafezal dos S., norte do Paraná, procura-se desesperadamente... criança doente!

Fala sério! Mas a minha "virgindade" foi perdida e nunca mais encontrada neste cafezal... Ele foi meu primeiro amor, meu primeiro namorado, meu primeiro tudo de muitas coisas... (e a virgindade  dele também se perdeu junto com a minha naquele cafezal, então que se faça uma busca mútua pelas duas perdidas)!!!! Ninguém sabia muito o que estava fazendo, a gente só sabia que queria fazer! 

Ele era um pouco mais velho que eu (3 anos no máximo), magro, estranho, de uma família conhecia dos meus tios (que moravam neste buraco no norte do Paraná onde passamos as férias, pois o meu tio era simplesmente o dirigente da Cargill e mandava lá), e eles eram fazendeiros de algodão, café, soja que vendiam tudo para multinacional Cargill e sei lá eu mais o que... ou seja, todo mundo altamente respeitado, a elite do buraco rural. Logo, quando começamos a sair, ninguém se opôs, pelo contrário, menor de idade com o carro do papai para sair com a "namorada", só não voltem antes das 11 da noite. No começo tudo era muito estranho, mas tínhamos várias coisas em comum, ele tocava teclado  digital (é meio meleca) e eu estava no meu auge como pianista, e passamos horas e horas num pseudo estúdio que ele montou na casa dos pais tocando juntos, e horas e horas fudendo juntos no mesmo estúdio também. Mas isso foi depois que nossas "virgindades"tinham sido perdidas... e tínhamos descoberto o prazer do sexo!

Era mais um fevereiro, já tínhamos viajado para o Canadá em janeiro e meus pais voltaram para o trabalho e nos mandaram (eu e minha irmã) para passar uns dias com a tia no interior. Nem achava ruim, alias pelo contrário, porque nesta cidadezinha  eu podia andar a pé, andar de bicicleta, sem eira nem beira, me perder nas plantações, no cheiro de terra molhada, no boteco com tubaina e pão com mortadela... nada do que eu tinha em SP, longe da liberdade que meus 13/14 anos me dariam na selva de pedra. E nessas minhas andanças o conheci, franzinho, esquisito, lindo, o cabelo mais escuro que a noite, pálido como a lua cheia... quase um vampiro! Um vampiro que sugou meu sangue, me entreguei de livre e espontânea vontade numa noite de lua nova, escura, deitava num cafezal, os dois de bicicleta, e a única coisa que brilhava eram seus olhos... e nos amamos, e nos amamos inúmeras outras vezes, até nosso amor "infantil" crescer, e chegou o momento de decidir, eu já aceita na faculdade... Tocamos pela última vez juntos, transamos pela última vez, me despedi e fui para o sul estudar oceanografia e nunca mais soube dele. Dessa vez não deixei ninguém no aeroporto, mas a dor que senti foi imensa, como se um pedaço de mim estivesse sendo arrancando, ele não foi apenas uma pessoa, ele foi a PESSOA, a primeira pessoa que eu realmente amei, me entreguei e vivi o que tinha para viver! Eu o amei, apreendi a amar, e deixar também... poderia ter ficado, poderia, mas não fiquei por mais que ele tenha pedido, implorado. E muito cedo apreende que a vida são encontros e desencontros...

Um pouco antes do I. nascer (e eu com aquela barriga imensa), minha mãe pediu que eu fosse com ela visitar a sua irmã nesse buraco no norte do Paraná, meu tio já falecido uns bons anos, e foi a última vez que o vi por acaso, na padaria comprando pão... quis abraça-lo, dizer que tudo ficará bem MAS a tristeza e revolta dentro dele não me permitiram. Sei que ele sofre até hoje... meu grande, primeiro amor! Posso fechar os olhos e ver claramente, você na minha frente, no seu teclado, me perguntando se é Dó menor... Gostaria de pode lhe dizer hoje, tanto faz... o que importa é como toca o seu coração! E seu coração, sempre confuso, maluco as vezes, foi muito amado por mim! 

Para você e todos vocês... dream on:

https://youtu.be/DUeKqpvXU8A?list=RDDUeKqpvXU8A

3 comentários:

  1. Primeiro amor. .. a gente nunca esquece. Com 14 anos me vi perdidamente apaixonada e me entreguei. Foram bons momentos até chegar o dia da separação. .. achei que já era a hora ( e era) tínhamos projetos de vidas bem diferentes.... o término foi doloroso para mim....até que 3 meses depois do término (sem se falar) ele me ligou...meu coração explodia de saudades ao ouvir sua voz me dizendo adeus. Não sabia o que aquilo significava até dias depois vir a notícia de que ele havia se suicidado. Por anos tentei achar a resposta para tudo aquilo....me sentia culpada. Nunca tive coragem de perguntar para família ou amigos se eles sabiam o motivo. ....Já se passaram 20 anos...e talvez eu nunca esqueça. Bjs

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  3. Nem tudo tem resposta...alias quanto mais eu vivo, mais perguntas eu tenho, e cada vez menos respostas. Porém, o importante é a lembrança que você tem, mesmo depois de 20 anos! O primeiro amor...que delícia ter tido UM! Mega beijos

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