terça-feira, 15 de outubro de 2013

Pescaria


Ola meus queridos(as)

Nada como uns dias na praia para colocar as coisas nos eixos! Cada vez que desço a serra eu me questiono, o que eu estou fazendo em Sampa? Ah lembrei, trabalhando, ganhando dinheiro para sustentar meu filho... Preciso começar a colocar em açao algum plano que me leve profissionalmente a morar na praia, plantar sementinhas, traçar metas; mas confesso que neste momento ainda não dá. Até já cogitei morar em Santos, por exemplo, e subir a serra unas três vezes por semana. Idéias, idéias... 

Enfim, sempre bom demais rever meus amigos queridos, ficar horas observando as ondas quebrando na praia, o I. totalmente enlouquecido correndo na areia (peixe, peixe, peixe, mamãe PEIXE!!!!!!! Tá filho, já entendi...), muita cerva, camarão, lula e, pasme, peixe (é, só subo na balança semana que vem depois de fechar a boca uns dias). Porém, não foi fácil ver a dor da madrinha do I. quando falei que o Caiçara precisou ser internado novamente, a cara de tristeza da minha amiga pau para toda obra D., a decepção do vovô (adotado) seu E. e várias outras pessoas que sempre torceram por ele e sua recuperação e amam meu filho, acompanharam minha gravidez, comemoraram seu nascimento, e viram ele crescer durante seu primeiro aninho de vida bem de perto! Todos eles são pessoas muito simples, mas cada um do seu jeito, me ajudaram e apoiaram. Dona N. fez promessa para Nossa Senhora e uma moqueca deliciosa, vovô E. fez um baita churrasco para mim, minha amiga D. ficou com o I. e seus filhos uma tarde para que eu pudesse fazer a unha e uma massagem (ui...), a ex-babá do I. ficou com ele a noite assim consegui sair com uns amigos e distrair... Como sempre, me senti amanda e acolhida por todos! Mas a presença do Caiçara esta em cada esquina daquela cidade, cada onda que quebra na praia, cada estrela que brilha naquele céu, cada por do sol... a essência do litoral sul vive dentro dele. Um final de tarde, dois caiçaras passavam o picaré na beira da praia, foi como se o Caiçara estivesse lá, fazendo o que ele mais gostava, pescar (sempre de rede; picaré, caceio, estaquear sua amada feiticeira... alias que fim tiveram suas redes?). Quantas madrugadas, na época da tainha, ele me acordava todo feliz, molhado, tremendo de frio chegando da praia (invernão, a tainha é um peixe migratório, que passa pelo litoral sudeste no inverno vindo do sul), tinha acabado de "visitar" a rede com um saco cheio de tainhas... na manhã seguinte, segurando seu tesouro precioso, limpava uma por uma com a maior paciência da terra, enquanto eu já separava uma para o almoço. Quantas lembranças boas... isso é ele na sua essência, aonde ele se perdeu? Eu não sei, apenas tenho esperanças que ele se acha novamente.

Tive a infelicidade de esbarrar literalmente com a irmã dele, cidade minúscula... fiz que não vi e continuei meu caminho MAS uma questão de ordem prática ocorreu na minha cabeça. Será mais um Natal, mas um Ano Novo que ele estará internado, e em algum momento, mesmo sendo uma maluca, vai achar estranho a falta de notícias do Caiçara. Conversando brevemente com o M., responsável pela parte administrativa e financeira do CT aonde ele está, dei uma pincelada no histórico familiar, mãe faleceu na reso, pai a vários anos, tem uma irmã maluca que nunca colocou o pé numa sala e um irmão ausente (para o Caiçara, não para os outros "irmãos" da igreja, não duvido nada que ele vire pastor daqui uns anos)... o básico. Ele me perguntou se a família sabia que tinha sido internado, xiiii......caiu a ficha, não. Ele, bom mais eles vão precisar saber... Vão mesmo? Será? Para quê? Atrapalhar o tratamento, encher o meu saco? Uh..... bom, mais para frente, quem decide isso é o Caiçara; se ele quiser ligar no Natal, tenho certeza que o CT vai liberar.

Alias, sem criar expectativas, que diferença! Ótimo canal de comunicação com eles, só fui ligar hoje (questões de ordem prática também), conversei com o coordenador, os terapeutas, a psicóloga e já percebo um discurso muito profissional, mas amoroso. Amanhã, aqui em Sampa, haverá uma palestra com o monstro do NA que coordena a ONG, fui convidada estarei lá e conhecerei alguns deles em carne e osso! 

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