segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Divisor de águas


Ola meus queridos(as)

Impressionante como as coisas NÃO funcionam neste país, elas sempre foram assim e eu não sabia ou fiquei mau acostumada mesmo? Depois de passar um quarto do dia brigando com o pessoal da internet, mais um quarto com o correio que simplesmente não localiza um SEDEX importantíssimo de trabalho, mais um quarto discutindo com o banco por uma cobrança indevida... ao invés de matar alguém, peguei o um quarto do dia que faltava e levei o I. para se entupir de batata frita e plástico no M da felicidade com direito a relógio de sapo de brinde (como ele adora essas coisas)! Comprei uma cerveja, coloquei ele no berço e sobrevivi!

Porém gostaria de escrever sobre algo um pouco mais sério, e que escutei do próprio Caiçara (não com a clareza que tentarei expor aqui). Uma figura (do AE), pai, bagagem imensa em dependência química posta uns vídeos, alias o chá do játobão é dele; algumas de nós o conhecem e BEM! Os adictos em geral foram criados, tiveram uma infância que se enquadram dentro destas 4 categorias de família (segundo ele): o assistencialismo exagero, super proteção, família disfuncional e a dependência psicológica (como esta no youtube, deve ser público né? Procure, o nome é Chico Saldão). Quem sou eu para discordar, mas acho que faltou mais uma categoria ai: a família opressora, que poda os sonhos dos filhos (achando que estam fazendo o melhor)...

Foi mais ou menos isso que aconteceu com o Caiçara, e na nossa longa conversa ontem no almoço depois de uma manhã brincando com o Iago, o que eu suspeitava se concretizou. Até os seus 16 anos ele viveu para o judô, amava de paixão, treinava mil horas por dia, corria 10 Km na praia, era dedicado e era bom, tão bom ao ponto de ser convidado a ir estudar judô, com uma bolsa no Japão. Na sua troca de faixa mais importante (a preta), não tinha ninguém, alias nunca teve ninguém, nem pai nem mãe... enquanto os outros alunos tinham a torcida do Palmeiras inteira, com direito à pais orgulhos, avó e papagaio na platéia. Mesmos depois de todos esses anos literalmente detonando seu corpo, os traço de uma juventude saudável estam lá, os músculos delineados, aquela barriga pseudo-tanquinho...Ele foi um atleta! Sonhava alto, algumas pessoas que lutaram com ele na época hoje estam na seleção brasileira (e isso dói nele demais, saber que ele também poderia estar lá hoje). 

Ele era menor de idade, os pais precisavam assinar para que ele fosse para o Japão correr atrás do seu sonho... o pai, é meus amigos, que viveu para igreja a vida inteira de acordo com os "ensinamentos de Cristo" não soube amar seu próprio filho, podou seu sonho, tirou dele a coisa que o deixava mais feliz e disse um sonoro NÃO, esporte é coisa de filhinho de papai e vai pegar aquele saco de cimento! No esperança que a mãe assina-se o documento coreu para ela, o que a nossa mulher evangélica temente a Deus e ao marido com um cabelo chegando na bunda fez, PORRA nenhuma. Se seu pai é contra, eu também sou... Olha, eu não sei aonde essas pessoas estam hoje (bom em baixo da terra porque morreram) mas é muito karma, e muita reincarnação pela frente! E não teve Sansei convencendo-os do contrário...

Esse foi o divisor de águas, começou a beber, descobriu a maconha e o resto da estória a gente conhece de cor e salteado. E largou o seu sonho, podado na sua juventude... nunca mais voltou a colocar um quimono na vida e até hoje chora quando vê as lutas de judô na TV. Troféu joinha para a família! Mais uma lição, o que NÃO fazer com o meu filho!!!!!!! 



6 comentários:

  1. Muito triste isso, ainda mais quando tenho um pai que sempre falou : "Vai... se der errado, tu bota o rabo entre as pernas e volta pra casa que tu tem uma família é pra isso!" > Mas sonhos, são sonhos... ao invés de mata-los, por que não ter no judô o prazer de um hobby?

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  2. Oi mulher, pois é, minha família é assim também, sempre me apoiou em tudo e quando meti os pés pelas mãos me acolheram. Aos poucos ele esta fazendo as pazes com isso, sugeri que ele voltasse a fazer judô como um esporte, é bom para a cabeça e para o corpo. Uh...quem sabe eu compro um quimono de presente? Idéia! Super beijos

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  3. o Dú viveu algo parecido, quando ele estava começando a jogar bola no profissional a mãe rasgou o uniforme, jogou fora fotos, troféus, medalhas e o proibiu de jogar acho q aos 15 anos mais ou menos, depois veio o casamento aos 18 com uma menina de 16...e sem conhecer nada da vida a não ser a redoma de vidro os dois acabaram metendo os pés pelas mãos...o Dú passou a usar droga...e o resto vcs já sabem...mais tb vejo q além disso teve muito mais coisa por trás..não foi só o futebol...foi um conjunto de coisas..já tive muita raiva da familia dele por isso...até que comecei ver como funciona de fato...gente é triste sim é...mais desculpa conheço gente que nasceu e cresceu com pai e mãe fumando maconha dentro de casa e não quis isso pra própria vida...uma família inteira de ladrão e a mina negra se formou médica...enfim..é uma pena é..mais o fato deles usarem drogas foi por escolha...já vi palestra de adicto em recuperação que tb foi profissional no esporte futebol e ao ir pro exterior aos 16 anos longe da família palavras dele " usei tudo que é droga que existia, voltei 10 kilos mais magro e com R$20,00 no bolso"...o negócio é olhar pros fantasmas do passado e perdoar, se perdoar pra poder escolher fazer diferente ;)

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  4. Oi querida, achei importante vir aqui fazer um comentário para que fique claro que em nenhum momento estou "culpando" a família, a decisão de usar drogas (ou parar de usá-las) foi e é dele. Apenas achei importante colocar como a família tem um papel relevante no seu histórico de vida, e quando fazemos nosso inventário moral (o temido 4 passo...rsrsrs....) identificamos alguns momentos cruciais. Quando conversamos a respeito disso, falei mas você tinha a opção de continuar treinando (mesmo que escondido), fazer 18 anos e, tentar a bolsa novamente. Mas quando a gente tem 16 anos e morrendo de raiva e frustração não pensamos assim, né? Ou seja, a opção sempre foi dele. Mas que uma família opressora não ajuda é fato! Também já tive muita raiva, hoje não mais...Porém mexe com um lado meu muito "extremista", e mistura com religião, e sou um estado laico (como diz meu pai)! Beijos

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  5. ..rs....entendo...realmente a impressão que tive foi que você estava jogando a "culpa" pra família...tipo se a mãe e o pai tivessem agido diferente ele não teria se envolvido com drogas....mais enfim, compreendi seu ponto de vista e concordo que uma família opressora mais atrapalha que ajuda nesses casos...bjus

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  6. Culpa é uma palavra que não existe no nosso dicionário nar-anonense! Lembra? Além de que, hipoteticamente, digamos que os pais tivessem deixado ele ir para o Japão, qual a garantia que ele não se envolveria com drogas lá? Nenhuma... Acho que no fundo, essa situação específica retrata a importância da informação, e não oprimir com ignorância.Tenho certeza absoluta que os pais do Caiçara nunca falaram com eles (os filhos) sobre drogas, sexo etc...todos os tabus. Mega beijos

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