domingo, 16 de agosto de 2015

Naufrágio


Ola meus queridos(as)

Vivi uma situação, no mínimo, constrangedora; daquelas que você só vê na periferia ou na novela (olha o preconceito meu, MAS não estou habituada a vivenciar isso por aqui). Fiquei totalmente sem opção, principalmente quando ele começou a literalmente esmurrar a porta do meu apartamento, passando de qualquer limite aceitável... Obrigada eficiente polícia de São Paulo, eles chegaram rapidinho, e quando o Caiçara percebeu mais uma vez que eu não estou brincando, saiu por livre e espontânea vontade do prédio (ou ia escoltado mesmo). Péssimo... ainda bem que o I. estava no décimo sono e não presenciou essa cena lastimável.

Dormiu na rua, deu uma de louco, pediu demissão do trabalho, vou embora para Peruíbe, mudou de idéia MAS já era tarde... Óbvio que o chefe não quis nem saber, honestamente, se eu fosse ele faria a mesma coisa, como manter uma pessoa totalmente instável assim como empregado? E o melhor da estória, agora a culpa é minha pois eu coloquei ele para fora e chamei a polícia! Será que não fiz isso devido ao seu comportamento descontrolado e abusivo? Não, claro que não... a culpa é minha, do mundo MAS nunca dele. Eu gosto de colocar as pessoas para fora da minha casa e chamar a polícia por esporte mesmo, é bem bacana! Adoro um barraco, sabe? Me poupe, né?

Quando o indivíduo vai se responsabilizar pelos seus atos e comportamentos?!!! Do jeito que a banda toca, nunca...  Ele só ligou um bilhão de vezes no dia seguinte (devida ter escutado o conselho da super babá que falou que ele iria infernizar até conseguir e o melhor que eu podia fazer era sair de Sampa por uns dias), até que acabei cedendo (MERDA), no fundo fiquei com pena, é bem isso, pena... E voltei lá atrás na minha programação  (mais uma MERDA), regredi e deixei ele voltar por uns dias até achar um lugar para ficar ou voltar para praia MAS enfim, aqui você não fica mais. 

São nessas situações que me questiono, o quanto faço algo que não queria (pois eu NÃO queria recebê-lo aqui de volta depois disso) porque minha codependência ainda esta dormente e surge nestes momentos, ou genuinamente é aquele amor ao próximo e não deixar o cara na rua sem eira nem beira, sempre justificando que ele é o pai do meu filho? Difícil a distinção... Talvez seja os dois meio misturados, mas de uma coisa eu tenho certeza, se ele NÃO fosse o pai do I. eu já teria mandado ele catar coquinho no asfalto. 

Puxa, como é esclarecedor colocar as idéias no papel (ou no blog); acabei de explicar a mim mesma o que ainda me mantêm junta à ele, o fato dele ser pai do I. e eu querer muito que ele tenha um pai... Maluco, mas faz todo o sentido do mundo! E porque eu quero muito que o I. tenha um pai a qualquer custo (talvez porque eu tenho um MARAVILHOSO, e todo mundo deveria ter um igual)? Uh... talvez no fundo eu me sinta culpada por ter escolhido tão errado... Meu pai mesmo, na época sugeriu, de uma forma extremamente racional, que "comprar" um esperma num banco seria melhor se eu quisesse um filho... Pode parecer cruel MAS certamente hoje, as coisas estariam mais tranquilas e decididas. 

E ai me pergunto, ele realmente é um pai para o I.? Bom, não conto com ele financeiramente para NADA, ou seja, se depender dele meu filho não tem nem roupa para vestir, ou seja, no papel de pai provedor, ele esta reprovado. No papel de pai cuidador, aquele que dá banho, comida, leva na escola, tenho que ser justa, e sim, ele esta aprovado (mas a estrutura já esta montada, então é mais simples dar banho sendo que a toalha esta la, o shampoo, a água, levar na escola porque ela já esta paga também etc...). O papel de pai educador.... tenho minhas dúvidas ai, ele é muito inconsistente nas suas posturas (as vezes pode, as vezes não pode e isso confunde muito a cabecinha de uma criança), as vezes é rígido quando não precisa (alias ele esta proibido de levar a mão para ele, ninguém bate no meu filho), não sabe conversar quando necessário mas é carinho com ele, não posso negar. Estou apenas dissecando algumas facetas do que é ser pai, claro que nenhum pai é perfeito (tirando o meu...) da mesma forma que também não sou uma mãe perfeita... Apenas pontuando algumas coisas importantes do universo paternal que possam me ajudar a entender melhor.

Mas acho que a pergunta é, mesmo que ele fosse um pai maravilhoso para o I. seria isso o suficiente para continuarmos juntos? Meio óbvio meus queridos... até quando eu vou continuar tirando baldes e baldes de água desse barco fadado ao naufrágio (e o pior, esse barco nem é meu)? 





5 comentários:

  1. Vivo exatamente do mesmo jeito, o meu filho tem 3 anos.... Nunca dependi financeiramente do pai do meu filho (apesar de ter 13 anos de casados), ele é super carinhoso com o meu filho, mas nunca comprou um pacote de fraldas e tão pouco sabe quanto custa manter o filho em uma escola enquanto eu trabalho. Esses "escândalos" é quase diario aqui em caso (ainda nao tive coragem de chamar a polícia kkkk). Meu pai é maravilhoso e ótimo conselheiro.... era tudo que eu sonhei para o pai do meu filho. Quero muito que o pai do meu filho vá embora. ... só assim poderei mudar o rumo da minha vida. Mas quando eu vejo meu filho se derretendo pelo pai.... me dá uma tristeza e fico da forma que vc está.... tirando águas no balde desse barco furado. Minha sorte que tenho meu papai que me dá força todo o tempo. E agradeço a Deus, todos os dias pela oportunidade de ter meu pai ao neu lado. ... aliás aqui tenho uma família toda que me ama e me protege (pai, mãe e duas irmãs) .... só não entendo porque os meus caminhos tiveram que cruzar exatamente com um dependente químico. Como vc ( e acho que muitas de nós codependentes) tivemos outras relacionamentos melhores do que esse.... como vc, tenho um " amor" mal resolvido. .. e que é ele quem me socorre, junto com minha família nos momentos mais difíceis. .. fiz análise durante algum tempo com uma psicóloga e descobri que esse "amor" esteve nos últimos 13 anos mais presente na minha vida do que o pai do meu filho... Não é um caso entre amantes (não nos relacionamos sexualmente). mas é a parte mais linda e mais perto do amor que já vivi.... Depois da minha família ele é sem dúvida nenhuma O MEU PORTO SEGURO, ou como diz o livro do Nicolas sparck " o melhor de mim".... pena que não mandamos no coração.

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  2. Puxa, que bom ler seu comentário... me senti acolhida e compreendida nos meus delírios e eternas dúvidas. Mas acredito que com o tempo,com nossas pequenas escolhas diárias podemos fazer o melhor... e o melhor nem sempre é o que queremos mas precisamos, principalmente quanto temos um filhinho lindo que merece tudo e um pouco mais. Manter a objetividade mesmo nos momentos de caos...O que realmente importa? O coração ou a razão?! Beijos querida e sempre se sinta abraçada!

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  3. Nega...eu passei por tudo isso...tudo...é muito dificil sim ter um filho com um pai instável emocionalmente...seja ele dependente quimico ou não...no nosso caso é...tb tenho no meu pai um exemplo de pai perfeito...tb já repeti várias vezes inclusive a ele que se não tivessemos filhos provavelmente cada um de nós seguiria um caminho...é complicado...muito complicado tomar a responsabilidade de riscar um pai da vida de um filho...a gente não tem esse direito e também não temos que ficar tirando água de um barco que tá prestes a afundar...eu não sei como seria se o homi estivesse ainda em total desiquilíbrio como antes...o que eu fazia...quando ele estava bem deixava ele se aproximar...quando estava meio surtado deixava claro nem apareça em casa...enfim também me conscientizei de uma coisa...não vou proteger meus filhos do mundo...embora tentemos...esse é o pai deles...eu não posso mudar isso...paciência o que posso fazer é auxiliar na convivência e na compreensão desse relacionamento eles precisam saber e aceitar o pai que tem.....não se culpe por ter escolhido errado ...apenas aceite o fato do pai dele ser meio pancada...e tente construir uma linha bem firme que vc se sinta segura para se proteger e ao seu filho....e não ultrapasse de forma alguma.....e não ligue por ele te culpar...nega...maluquice plus advanced...rs...entra por um ouvido e sai por outro...literalmente...sabe doido...doido a gente não ouve.....parede não entende...não espera equilibrio dele pq ele não tem

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    1. "Muito complicado tomar a responsabilidade de riscar um pai da vida de um filho"... suas palavras ecoaram nos meus ouvidos por uns bons dias. Não, talvez eu nem ninguém tenha esse direito, MAS antes dos direitos sempre os deveres. Pode parecer um jogo de palavras. Não estou pronta para tomar essa responsabilidade de riscar o pai do meu filho do mapa, porém tenho certeza que estarei pronta para chamar essa responsabilidade para mim se necessário for! Mega beijos

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