sábado, 23 de julho de 2016

O velho Manoel


Ola meus queridos(as)

Minha família é pequena mas cheia de estórias, algumas delas ninguém realmente sabe se são fatos ou lendas que se perpetuam através das gerações e se tornaram verdadeiras. Temos duas clássicas, de cada lado da família. Fiquei com vontade de escrever uma delas hoje, do lado paterno português. 

Meu bisavô Manoel (pois é, parece que todo português de Tras-os-montes se chama Manoel, como meu avô Manoel e meu pai Manoel também), cruzou o Atlântico e chegou ao Brasil no começo do século passado, em busca de aventuras e dinheiro deixando sua amada Maria debruçada numa janela no além Tejo esperando seu retorno um dia com promessas de fortuna e casamento. 

Só temos uma foto muito velha dele, desbotada em preto e branco; mas ele era bonito, jovem, com um olhar sonhador. E foi parar em Manaus, em pleno ciclo da borracha. Com sua lábia e conhecimentos, afinal de contas estudou engenharia em Coimbra, construiu um império; o "rei"da borracha (assim meu avô diz que o chamavam), prosperou, ganhou fortunas e perdeu grande parte dela com jogo e mulheres (diz a lenda). Se apaixonou por uma índia/cabocla, sumiu na floresta e anos depois voltou para Portugal, sem um centavo no bolso e casou com Maria, que ainda o esperava.  Nasceu meu avô Manoel na quinta em Tras-os-montes, (sim, esse é o nome da província, alias essa quinta esta na nossa família vai bater uns 100 anos ou mais), e tudo estava lindo e maravilhoso no reino do vinho do Porto e bacalhau por um tempo.  Mas ele, o velho Manoel ainda sonhava com as plantações de seringueiras, os trópicos, a cabocla... e ele voltou ao Brasil e nunca mais se soube dele.

Anos depois, meu avô Manoel (sei, está confuso é muito Manoel nessa estória) veio ao Brasil e aqui resolveu ficar com sua mulher, minha avó Maria (é Maria demais também né?), que não era portuguesa mas espanhola. E fizeram seu lar numa ruazinha em Perdizes, a casa ainda existe, nessa metrópole, que na época tinha bonde e não metro. Nasceram meu pai (mais um Manoel) e meu tio, meio portuguêses, meio espanhóis, meio brasileiros... Por alguns anos meu avô procurou seu pai, viajou inúmeras vezes a Amazônia, o que de mais concerto, entre as várias estórias que ele escutou, é que meu bisavô foi morto numa disputa de terra. 

Por muitos anos ninguém deu muito crédito a essa estória, até um dia um oficial de justiça bater na porta do meu avô informando que 10.000 acres de terra perdida no meio do nada na Amazônia pertencia ao meu avô. Pois é... 

Mais do que isso, apenas sobrou a velha bengala do velho Manoel, com suas inicias cravadas em ouro que meu pai guarda com carinho! 





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