quinta-feira, 11 de setembro de 2014

September 11th


Ola meus queridos(as)

Já se passaram mais de 10 anos mas ainda lembro exatamente o que eu estava fazendo nesta data trágica. Na época eu morava em Honolulu, era casada com o P. e fazia doutorado. Bem cedo, antes das 6 da manhã toca o telefone nos acordando, pensei comigo quem é uma hora destas?! Que saco, deixa tocar... (alguns amigos meus aqui no Brasil NUNCA lembravam das 8 horas de fuso, e durante uns bons anos recebia ligações nos horários mais esdrúxulos; achei que era isso). Mas o telefone continua tocando insistentemente, levantei de ovo virado, atendi com um sonoro HELLO! 

Era minha mãe, nervosa falando coisas sem nexo do tipo, vocês estam sendo atacados, os Estados Unidos está sendo atacado, o que esta acontecendo ai? Vocês estam bem? Oi mãe, bom dia para você também, não estou entendendo absolutamente nada do que você esta falando. Ela pediu que eu ligasse a TV, coloquei na CNN e a primeira imagem que vi foi o segundo avião entrando em cheio numa das torres do World Trade Center... agora quem não estava entendendo mais nada era eu. Depois de acalmar minha mãe, fiquei catatônica, paralizada na frente da TV; nisso o P. levanta pergunta alguma coisa que eu não computei, senta do meu lado no sofá e lá ficamos os dois, anestesiados. Notícias confusas começam a chegar, um outro avião caiu no Pentagono, outro desaparecido (o que os passageiros amotinaram e acabou caindo na Pennsylvania); todos os vôos estam sendo "grounded", os aeroportos fechados... A essa altura do campeonato a ingenuidade acabou, claro que não eram apenas acidentes aéreos e sim um atentado terrorista. 

Meio zumbi, me arrumei e fui para faculdade, os estudantes, os professores com o mesmo sentimento que eu. As aulas foram suspensas, não tinha clima, era tudo muito pesado, muito triste. Quase três mil pessoas morreram, civis, mães, pais, filhos, famílias que simplesmente estavam começando mais um dia de trabalho; entre elas uma amiga minha; grávida de 4 meses que trabalhava num escritório de advocacia numa das torres e não sobreviveu. Lembro quando ela me ligou contando da gravidez, estava radiante, feliz da vida, e planejando uma segunda lua de mel no Hawaii (queria umas dicas). 

Voltei para casa e o desespero bateu, comecei a ligar como uma louca para uma grande amiga minha, que na época morava na Canal St. (meia duzia de quadras do World Trade Center), estive hospedada na casa dela algumas vezes quando ia a New York e eu retribuia sempre a recebendo em casa quando ela visitava as ilhas. Todas as linhas estavam congestionadas, ninguém conseguia ligar para ninguém em NY; quando eu estava quase desistindo finalmente consegui falar com ela, já era noite no Hawaii e de madrugada em NY. Como foi bom ouvir a sua voz, ela estava bem porém muito assustada, acordou com o barulho da primeira explosão, e viu (ao vivo e a cores) o segundo avião batendo na outra torre. Estavam todos sitiados em casa, sem água e luz; e meio incomunicáveis; eu fui a primeira pessoa que consegui falar com ela o dia inteiro, ela me pediu para ligar para a família dela no Brasil o que fiz com o maior prazer depois de desligar. 

Foi uma noite longa, dormi muito mau e acordei como todos os outros americanos, com medo e raiva! E assim acabou a era da ingenuidade, começou a caça as bruxas e nunca nada mais seria igual depois de September 11th... 


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