sábado, 25 de abril de 2015

"Codalândia"


Ola meus queridos(as)

Já não é mais uma recaída, é ativa total. Sei aonde essa estória termina, internação... a compulsão do Caiçara é enorme e ele acordou o gigante monstro dento dele chamado droga. Meu receio é que desta vez ele tenha desistido, se entregado de corpo e alma (ou o que sobrou dela) ao crack. A única coisa que eu poderia fazer, e fiz foi ligar para a sua família na praia informando a situação. 

Claro que estaria mentindo se disesse que não estou preocupada, estou sim, mas nada mudou na minha vida; ao longo dos anos apreendi a não depender dele para absolutamente nada (nem a chave do meu apartamento ele tem). Logo, hoje esta sendo mais um sábado que levamos o I. para brincar no parquinho e depois comer batata frita na sua lanchonete preferida aqui na Vila. E enquanto ele tira sua sonequinha da tarde, resolvi passar por aqui e escrever um pouco.

Claro que estaria mentindo se disesse que não estou triste,  mas no fundo estou triste por ele, talvez ele tenha perdido essa batalha e acabe virando um "nóia" como tantos outros que perambulam pelas ruas das cidades, uns fantasmas, literalmente umas almas penadas... uns mortos vivos aprisionados pelo vício da droga. Desculpe se alguém lendo esta se sentindo nauseado, mas a realidade é essa. Uns anos atrás fiz alguns trabalhos voluntários na cracolândia, e digo, não é a disneylândia! Quando se perde a esperança, quando não se vê mais a luz no fim do túnel é para lá que eles vão.

Da mesma forma que existe a "cracolândia" do adicto, existe a do codependente também; vou batizar de "codalândia". Nesta terra chamada "codalândia" as noites são infindáveis, escuras e frias; nessa terra chamada "codalândia" não existe esperança, luz, carinho... apenas desespero, sofrimento e culpa. Nesta terra chamada "codalândia" reina a insanidade e a dor; todos os dias são cinzentos, chuvosos e nublados. Eu já morei lá a muito tempo atrás, e com muito apóio, muito amor próprio, muito grupo e muita vontade de ver o sol nascer novamente, fiz as minhas malas com o que tinha sobrado de mim (que era quase nada) e me mudei. 

Desde então criei mecanismos, desenvolvi ferramentas que me permitam não voltar mais a morar em "codalândia" independente das escolhas do outro. Apreendi que posso ficar triste, pode doer um pouco, e tudo bem pois sou uma pessoa como qualquer outra; mas gosto onde eu moro hoje e não estou planejando me mudar tão cedo. Só se for para melhor, uma casa na beira da praia em Waimanalo por exemplo! 

5 comentários:

  1. Força. Pense que é só uma fase e que vai passar logo! Bjs

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    1. Honestamente, se é apenas uma fase ou não, neste momento é irrelevante. E mesmo que passe, pois tudo caminha (para frente ou para trás); cheguei! Finalmente cheguei! Obrigada de coração! bis

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  2. Vc comentou em um post que não sabia minha estória. rsrs. Vou resumir um pouco.... tenho 34 anos e sou casada com um (13 anos), temos o A. de 3 anos. No início sabia que ele usava maconha e achava que o meu amor mudaria tudo.... mas com o tempo ele piorou e passou usar drogas mais pesadas. como na maioria dos casos ele vive um ciclo de recuperação que já durou até 2 anos. Mas quando está na ativa coloca minha vida de cabeça para baixo. Sou totalmente independente financeiramente (graças a Deus), tenho uma vida estável e de uma certa forma até confortável..... ele não tem estudos mas arruma bons empregos quando está em recuperação.... daí ele coloca a vida em ordem (ppagas dívidas de banco, cartões, limpa o nome no spc) e quando penso que agora sim, vai participar financeiramente e emocionalmente da família. .... vem a recaida. E quando penso que vou pirar Deus está do meu lado me erguendo ... Quando perguntam se sou feliz? A verdade é que não sei... a única coisa que eu sei é que verdadeiramente acredito na recuperação completa dele (atualmente ele está em recuperação). Minha maior motivação é o meu filhote. Bjs

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  3. sou casada com um adicto e ele tem 34 anos e somos casados há 13 anos. ( escrevi errado no post acima e ficou parecendo que ele tinha 13 anos rsrsrs). Bjs

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    1. Obrigada por (com)partilhar um pouquinho conosco. O seu pequeno e o meu tem a mesma idade, uma das coisas que realmente começaram a me incomodar é o fato dele estar crescendo e começar a entender toda essa dinâmica, e mesmo com toda a blindagem, toda a proteção, todo o cuidado, estar sendo afetado de uma forma prejudicial. Não sei se você frequenta algum grupo de apoio, mas o Nar-Anon foi minha segunda casa durante um bom tempo; e hoje consigo lidar comigo de uma forma mais tranquila. Mega beijos e sinta-se a vontade para "aparecer" quando quiser!

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